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Scientific Society Journal
ISSN: 2595-8402
Journal DOI: 10.61411/rsc31879
REVISTA SOCIEDADE CIENTÍFICA, VOLUME 7, NÚMERO 1, ANO 2024
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ARTIGO ORIGINAL
Análise da atividade antifúngica in vitro dos óleos essenciais ozonizados e não ozonizados de Eugenia Caryophyllus, Melaleuca Alterniofolia e Pelargonium Graveolens
Bruno Leonardo Almeida Viana1; Herbert Lima Batista2; Ana Flávia Machado de Carvalho3
Como Citar:
VIANA, Bruno Leonardo Almeida; BATISTA; Herbert Lima, DE CARVALHO, Ana Flávia Machado. Análise da atividade antifúngica in vitro dos óleos essenciais ozonizados e não ozonizados de Eugenia Caryophyllus, Melaleuca Alterniofolia e Pelargonium Graveolens Revista Sociedade Científica, vol.7, n.1, p.1447-1479, 2024.
https://doi.org/10.61411/rsc202439317
Área do conhecimento: Biotecnologia
Palavras-chaves: Atividade antifúngica; Análise química; Óleos essenciais; Ozonização.
Publicado: 19 de março de 2024
Resumo
Este estudo teve como objetivo analisar a eficácia da atividade antifúngica dos óleos essenciais ozonizados e não ozonizados extraídos de Eugenia caryophyllus, Melaleuca alternifolia e Pelargonium graveolens frente a diferentes cepas de fungos patogênicos. A metodologia empregada incluiu o método de difusão em Ágar para determinar o potencial antifúngico dos óleos essenciais. Tratou-se de uma pesquisa experimental, comparativa e com delineamento casual. A investigação da atividade antifúngica desses óleos essenciais foi conduzida no laboratório de bioprocessos do Instituto Federal do Tocantins, campus Araguaína-TO. Os óleos foram armazenados e refrigerados até o uso e deixados em temperatura ambiente por 30 minutos antes dos procedimentos. Os resultados mostraram diferenças na ozonização dos óleos, com o óleo de cravo botão apresentando a maior atividade inibitória. Esses achados têm implicações importantes para o uso de óleos essenciais como agentes antifúngicos.
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In vitro analysis of the antifungal activity of ozonized and non-ozonized essential oils from Eugenia Caryophyllus, Melaleuca Alternifolia, and Pelargonium Graveolens.
Abstract
This study aimed to analyze the effectiveness of the antifungal activity of ozonized and non-ozonized essential oils extracted from Eugenia caryophyllus, Melaleuca alternifolia, and Pelargonium graveolens against different strains of pathogenic fungi. The methodology employed included the Agar diffusion method to determine the antifungal
potential of the essential oils. It was an experimental, comparative study with a casual design. The investigation of the antifungal activity of these essential oils was conducted in the bioprocess laboratory of the Federal Institute of Tocantins, Araguaína campus. The oils were stored and refrigerated until use and left at room temperature for 30 minutes before procedures. The results showed differences in the ozoneization of the oils, with clove bud oil exhibiting the highest inhibitory activity. These findings have important implications for the use of essential oils as antifungal agents.
Keywords: Antifungal activity; Chemical analysis; Essential oils; Ozoneization.
1. Introdução
As plantas medicinais e aromáticas integram grande parte da flora natural e são consideradas um importante recurso em várias áreas, como na indústria farmacêutica, de aromas e fragrâncias, perfumaria e cosmética. Tal fato acarretou um crescimento do emprego de medicamentos à base desses fitoterápicos para o tratamento de inúmeros problemas da saúde humana1.
A planta do cravo-da-índia é comumente cultivada no Brasil e em diversas nações tropicais. No território brasileiro, seu cultivo é predominante no sul da Bahia, onde é regularmente explorada para a extração de óleo essencial, proveniente dos botões florais, folhas e outras partes da planta2. A espécie alternifolia, conhecida como árvore do chá, geralmente floresce em regiões pantanosas e próximas a rios, provém do gênero Melaleuca, pertencente à família Myrtaceae3.
Outra planta medicinal aromática, originária da África do Sul e Austrália, é o gerânio. Seu aroma remete à fragrância da rosa, embora existam outras espécies que imitem diferentes odores. Além de serem cultivados em jardins por razões estéticas, os gerânios têm diversas propriedades medicinais, como ação bactericida, antiespasmódica, antisséptica, adstringente, cicatrizante, diurética, hemostática e tônica para a pele. No passado, era utilizado como remédio para feridas, úlceras e cuidados dermatológicos4.
O uso de compostos com atividade antifúngica deu início a uma nova fase no combate às patologias, reduzindo a taxa de mortalidade e morbidade, porém o consumo acentuado dessas substâncias gerou um elevado grau de resistência aos medicamentos e, consequentemente, a ausência de soluções para combater a patogenicidade dos microrganismos, o que ocasionou uma busca por novas alternativas de tratamento5.
No tocante à atividade fúngica, verifica-se que nem todos os fungos causam problemas à saúde, uma vez que existem alguns que são importantes para a vida do ser humano, como por exemplo, os usados na fermentação para a produção de alimentos e de bebidas, aqueles utilizados na fabricação da penicilina e os cogumelos comestíveis, dentre outros1. Por sua vez, os fungos prejudiciais à saúde devem ser combatidos através de aditivos conservantes antifúngicos que são substâncias usadas com o objetivo de prevenir ou eliminar o desenvolvimento desses microrganismos. Os antifúngicos atuam diretamente na membrana plasmática das células fúngicas, modificando-as e ocasionando sua redução, o que leva à cura do paciente6.
Os óleos essenciais possuem uma vasta gama de compostos voláteis e são conhecidos pelas suas propriedades medicinais, empregadas como agentes antibacterianos, analgésicos, sedativos e anti-inflamatórios, sendo estes uma proposta de terapêutica7. Desse modo, os óleos essenciais são moléculas lipofílicas pequenas e apolares que se caracterizam por sua volatilidade, o que possibilita sua extração através da destilação a vapor e também por outros métodos, tais como a difusão de hidrogenação e pressão 8,1.
Atualmente, algumas das drogas sintéticas disponíveis no mercado não conseguem inibir muitos micróbios patogênicos. Ademais, o uso desses produtos químicos para controlar esses microrganismos é limitado devido a seus efeitos carcinogênicos, toxicidade aguda e potencial de risco ambiental. Nesse sentido, a exploração dos óleos essenciais para controlar este problema é de grande utilidade para combater as enfermidades infecciosas4. Logo, há uma crescente demanda por produtos vegetais de alta qualidade e que não contenham resíduos químicos, levando as pessoas a procurarem produtos com baixa toxidade para o ser humano e que não causem prejuízo ao planeta9.
A ozonoterapia emerge como uma alternativa promissora no tratamento de diversas doenças, oferecendo vantagens distintas em relação aos fármacos convencionais encontrados em farmácias antifúngicas10. Dessa forma, como objetivo geral, o trabalho em questão analisou a eficácia da atividade antifúngica dos óleos essenciais ozonizados e não ozonizados extraídos de Eugenia caryophyllus, Melaleuca alternifolia e Pelargonium graveolens frente à diferentes cepas de fungos patogênicos, utilizando o método de difusão em Ágar, a fim de determinar seus potenciais como agentes.
Portanto, o interesse em pesquisar os efeitos e desenvolver os óleos essenciais ozonizados como agentes antifúngicos é de extrema importância como proposta de tratamento, na tentativa de atender as demandas da saúde pública e ambiental, sendo esta uma alternativa viável e segura para combater enfermidades infecciosas, promovendo simultaneamente a preservação da saúde humana e do meio ambiente. O presente estudo se propõe a analisar de forma abrangente a eficácia dos óleos essenciais ozonizados e não ozonizados de Eugenia caryophyllus, Melaleuca alterniofolia e Pelargonium graveolens. Por meio de uma investigação meticulosa, buscou-se não apenas contribuir para o desenvolvimento de terapias antifúngicas mais eficazes, mas também para o avanço do conhecimento científico em prol da saúde pública e da conservação ambiental.
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2. Metodologia
Trata-se de uma pesquisa experimental e comparativa, cujo delineamento foi mera casualidade. Foi realizada no Laboratório de Bioprocessos do Instituto Federal do Tocantins (IFTO), Campus Araguaína–TO. O efeito da atividade antifúngica dos óleos essenciais de Eugenia caryophyllus, Melaleuca alterniofolia e Pelargonium graveolens foi avaliado pelo método de microdiluição em caldo em placas contendo poços, como descrito pelo M27- A2 (2002) para leveduras. A concentração inibitória mínima (CIM) é determinada após 24 horas. O antifúngico Fluconazol foi utilizado como controle positivo.
Os óleos essenciais foram adquiridos na FERQUIMA Indústria e Comércio Ltda., empresa especializada na venda desses itens, conforme a tabela abaixo, com lotes de procedência conhecida e laudos técnicos, com especificidades que comprovam suas características físico-químicas dentro do padrão de aceitabilidade para os óleos, segundo a literatura e legislação. Os óleos, após aquisição, permaneceram sob refrigeração até o momento do uso, sendo colocados em temperatura ambiente laboratorial cerca de 30 minutos antes de se iniciarem os procedimentos de análises químicas e antifúngica.
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2.1 Ozonização dos óleos
Os óleos essenciais de Eugenia caryophyllus, Melaleuca alterniofolia e Pelargonium graveolens receberam a ozonização por meio de difusão do O3, administrado de forma direta no óleo conforme descrito a seguir.