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ISSN: 2595-8402

Journal DOI: 10.61411/rsc31879

REVISTA SOCIEDADE CIENTÍFICA, VOLUME 7, NÚMERO 1, ANO 2024
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ARTIGO ORIGINAL

A Contabilidade como instrumento estratégico para mitigar os efeitos da inflação no setor empresarial brasileiro

Mateus Cardoso do Nascimento1; Miguel Carlos Viana Negreiros2

 

Como Citar:

​​ DO NASCIMENTO; Mateus Cardoso, NEGREIROS; Miguel Carlos Viana. A Contabilidade como instrumento estratégico para mitigar os efeitos da inflação no setor empresarial brasileiro. Revista Sociedade Científica, vol.7, n.1, p.1364-1391, 2024.

https://doi.org/10.61411/rsc202438417

 

DOI:10.61411/rsc202438417

 

Área do conhecimento: Ciências Contábeis

 

Palavras-chaves: Contabilidade , Inflação, Estratégia

 

Publicado: 18 de Março de 2024.

Resumo

Este artigo visa explorar a contabilidade como uma ferramenta estratégica para mitigar os efeitos da inflação no setor empresarial brasileiro. Dada a relevância do tema, este estudo objetiva demonstrar como a contabilidade pode atuar como um instrumento estratégico para minimizar impactos inflacionários nas demonstrações contábeis de empresas nacionais. Quanto a metodologia aplicada utilizou-se uma abordagem quantitativa para análise de dados numéricos, fundamentando-se na revisão documental de relatórios de gestão e auditoria de empresas, acessíveis publicamente. No que tange aos métodos de coleta de dados, para interpretar os mesmos, recorreu-se a técnicas estatísticas e de análise de conteúdo, visando formular estratégias referentes ao impacto da inflação no rendimento do setor empresarial brasileiro. O desenvolvimento do trabalho apresenta como a inflação influencia as demonstrações contábeis e propõe estratégias que as empresas podem adotar para atenuar os efeitos negativos da inflação em seus resultados financeiros. Finalmente, a pesquisa identificou as estratégias efetivas implementadas pelas empresas, distinguindo-as daquelas que não alcançaram sucesso, a fim de estabelecer uma metodologia para lidar com períodos de inflação elevada, empregando práticas contábeis estratégicas.

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1.Introdução

A contabilidade é uma ciência social que desempenha um papel fundamental na gestão do patrimônio das empresas. Seu objetivo principal é fornecer informações relevantes sobre este patrimônio. Essas informações são essenciais para os responsáveis pela empresa tomarem decisões estratégicas e controlarem as ações e planos da organização. No contexto brasileiro, é crucial que o planejamento de controle e tomada de decisão seja realizado de forma responsável, devido a um desafio recorrente enfrentado pelos gerentes e controllers de empresas: a inflação.

​​ A inflação tem um impacto direto nas atividades empresariais, afetando negativamente as demonstrações de resultado das empresas brasileiras. Para minimizar esses impactos, os responsáveis pelas decisões devem desenvolver formas eficazes de estratégias, a fim de mitigar os efeitos da inflação nos resultados da empresa. No entanto, é importante ressaltar que essa tarefa pode ser complexa e exigir uma análise cuidadosa, especialmente levando em consideração o ramo de negócio adotado pela empresa. Diante desse contexto, o objetivo deste artigo é destacar a contabilidade como uma ferramenta fundamental para gerar informações que auxiliem as empresas a desenvolverem medidas de controle interno efetivas, visando reduzir os impactos da inflação nos lucros. Para alcançar esse objetivo, será realizada uma revisão bibliográfica mais abrangente e uma análise detalhada de relatórios de gestão de empreendimentos nacionais, no qual será feita uma relação entre os lucros de empresas de ramos distintos comparados com as variações inflacionárias de um determinado período de tempo.

​​ Com essa abordagem, espera-se obter uma compreensão mais aprofundada dos desafios enfrentados pelas empresas brasileiras em relação à inflação e fornecer insights valiosos sobre como a contabilidade pode ser utilizada como uma estratégia eficaz para mitigar esses impactos, contribuindo assim para o sucesso e sustentabilidade das organizações.

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2.Referencial teórico

2.1Comportamento da inflação brasileira e seus índices inflacionários

Primeiramente, é de suma importância compreender o significado geral do termo inflação, o termo de maior acessibilidade e o utilizado pelo IBGE “Inflação é o nome dado ao aumento dos preços de produtos e serviços” (1, IBGE), também descrito por uma abordagem mais literária, se aprofundado no conhecimento didático ​​ do termo, conforme afirmado por Schalemberg; Schumacher (2, 2005): “O termo inflação não se refere ao aumento do preço de um ou de outro bem, individualmente, mas ao aumento do índice de preços, que é a média ponderada de todos os preços”. Dessa forma, pode-se afirmar que a inflação não se limita ao aumento isolado do preço de um bem específico, setor ou produto, mas sim é reflexo da variação geral dos preços em uma economia. Essa compreensão é fundamental para analisar os efeitos da inflação nas atividades empresariais nacionais.

No Brasil, os altos índices inflacionários têm sido recorrentes ao longo de nossa história. A população brasileira enxerga a inflação como algo prejudicial, uma vez que suas constantes elevações dificultam a vida financeira tanto de pessoas físicas quanto de pessoas jurídicas. Administrar a inflação que assola a economia brasileira não é uma tarefa fácil, como afirma SACHSIDA (3, 2013): “não é fácil escolher uma variável que represente a expectativa de inflação”. No entanto, o autor estabelece duas principais vertentes adotadas no Brasil: “Duas estratégias são comumente empregadas, adota-se a mediana das previsões de inflação presentes no relatório FOCUS do Banco Central do Brasil. O problema com essa estratégia é que essa informação somente está disponível a partir de 2001 e estima-se a expectativa de inflação por alguma metodologia econométrica” (3, SACHSIDA, 2013). No Brasil, tem-se vários órgãos tanto privados como governamentais, que fornecem informações sobre o comportamento inflacionário e suas variações. Dois dos principais são o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e o Bacen (Banco Central do Brasil). Essas instituições desempenham um papel fundamental na coleta, análise e divulgação de dados relacionados à inflação. Por meio de seus relatórios, manuais e informações disponíveis em seus sites, tanto pessoas físicas quanto jurídicas podem acessar dados confiáveis e atualizados sobre a economia nacional. O IBGE é responsável por realizar pesquisas e levantamentos estatísticos, incluindo a medição da inflação por meio do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Esse índice é amplamente utilizado como referência para acompanhar a evolução dos preços no país, este índice terá um enfoque especial neste artigo pois ele será a base de comparação aplicado posteriormente na metodologia. Já o Bacen, como órgão responsável pela política monetária e pela estabilidade financeira, também desempenha um papel importante na análise e divulgação de informações sobre a inflação. Ao utilizar as informações fornecidas pelo IBGE e pelo Bacen, é possível fundamentar análises mais profundas sobre a inflação no Brasil. Esse entendimento é essencial para a formulação de políticas econômicas eficazes e para o desenvolvimento de estratégias que visem a estabilidade e o crescimento sustentável do país. Se tiver mais alguma dúvida ou precisar de mais ajustes, estou à disposição para ajudar.Existem diversos índices de medição da inflação no Brasil, os quais nos auxiliam a compreender suas influências em diversas esferas sociais e econômicas. Esses índices são fornecidos por órgãos importantes, como o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e o BACEN (Banco Central do Brasil).

Ambos disponibilizam em seus sites informações, relatórios e manuais que auxiliam tanto pessoas físicas quanto jurídicas a compreender o cenário econômico do país e o comportamento da inflação. Essas fontes de informação são essenciais para embasar análises e estudos, como o presente trabalho. Ao utilizar os dados fornecidos pelo IBGE e pelo BACEN, é possível obter uma visão mais abrangente e precisa sobre a inflação no país. Além disso, essas instituições também disponibilizam metodologias e indicadores que permitem uma análise mais aprofundada e embasada.

O IPCA é um dos principais índices disponibilizados e estudados no Brasil pelos órgãos de estudos econômicos. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (1, IBGE) define o IPCA como “o índice oficial de inflação do país", sendo utilizado pelo governo federal como referência para as metas de inflação e para as alterações na taxa de juros. De acordo com o IBGE, o objetivo do estudo do IPCA é medir a variação de preços de uma cesta de produtos e serviços consumida pela população. O resultado desse estudo mostra se os preços aumentaram ou diminuíram de um mês para o outro. Essa informação é de extrema importância para toda a administração econômica nacional. Dessa forma, o IPCA desempenha um papel fundamental na análise e no acompanhamento da inflação no Brasil. Sua utilização como índice oficial pelo Governo Federal confere-lhe uma relevância significativa, uma vez que serve como referência para as metas de inflação e para as decisões relacionadas à taxa de juros. Portanto, compreender e estudar o IPCA é essencial para uma análise aprofundada da economia brasileira.

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Figura1. Índice de Preços ao Consumidor-IPCA

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Figura 2. Índice Geral de Preços – IGP-DI

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3.Metodologia

A pesquisa foi realizada com o intuito quantitativo para a análise dos dados apurados, utilizando dados numéricos para embasar as ideias apresentadas. Foi adotada uma abordagem documental, por meio da análise de relatórios de gestão e auditoria disponíveis nos sites oficiais das empresas analisadas, de livre acesso a pesquisadores e investidores. As técnicas de coleta de dados utilizadas foram a leitura e a análise das informações de gestão, auditoria, contábeis e financeiras. Para a análise dos dados, foram empregadas técnicas estatísticas e de conteúdo. A análise estatística teve como objetivo interpretar os dados apresentados, enquanto a análise de conteúdo foi utilizada para formular ideias de estratégias sobre a inflação no rendimento do setor empresarial brasileiro.

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4.Desenvolvimento e discussão

4.1Impactos inflacionários nas demonstrações contábeis de empreendimentos nacionais.

Como já mencionado anteriormente, a inflação possui um impacto direto no exercício financeiro. O CPC 42 trata especificamente de cenários em que ocorrem altas elevações da inflação, esclarecendo que “O dinheiro perde poder aquisitivo de tal forma que a comparação dos valores provenientes das transações e outros eventos que ocorreram em épocas diferentes, mesmo dentro do mesmo período contábil, é enganosa” (6, CPC 42, 2018, item 2). Portanto, empresas que não adotam medidas para apuração econômica da inflação estão violando os princípios contábeis, como o da Atualização Monetária, e também o princípio da continuidade. Isso resulta em informações não confiáveis, levando a decisões equivocadas, em diversas esferas ocorre deficiência de informação, sendo os investimentos a principal área afetada.

Os investimentos são fundamentais para a continuidade da entidade, como também defende Eliseu Martins, que afirma que “A decisão sobre investimentos é a mais importante entre as decisões estratégicas financeiras de uma empresa” (7, Martins, 2022). Nesse sentido, a contabilidade pode ser utilizada como uma ferramenta que permite aos gestores uma visão diferenciada em relação à inflação.

​​ Portanto, apresenta-se a seguir levantamentos que enfocam as variações nos resultados e custos das atividades, comparando-os com os índices inflacionários registrados entre 2019 e 2022. ​​ A abordagem seguinte será mais analítica e estatística, fundamentada em proporcionar decisões embasadas nos relatórios de gestão disponibilizados pelas próprias empresas.

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4.2Análise Gráfica: Demonstração de Resultado x Variação Inflacionária (Indústria)

Tendo como base a coleta dos dados das Demonstrações de Resultado dos exercícios de 2019, 2020, 2021 e 2022, é possível montar gráficos que contemplam o lucro líquido antes da dedução do Imposto de Renda Sobre Pessoa Jurídica (IRPJ) e CSSL (Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido) e os custos para manter suas atividades, de três empresas do ramo industrial presentes no Brasil, são elas: Companhia Siderúrgica Nacional, representada na figura 3; Klabin SA, representada na figura 4; e Marcopolo SA, presente na figura 5.

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Figura 3- Análise Gráfica Resultados da empresa Companhia Siderúrgica Nacional. Fonte: Autoria própria, com dados das Demonstrações Financeiras da empresa (8).

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A figura acima representa que a partir do ano de 2020 houve um aumento nos custos da companhia. No entanto, a partir do ano de 2021, os custos continuaram a subir e os lucros apresentaram uma tendência de queda. Isso indica que os impactos dos custos de 2020 foram refletidos no exercício de 2021, e desde então, os custos têm aumentado constantemente, enquanto os lucros têm diminuído de forma constante.

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Figura 4 - Análise Gráfica Resultados da empresa Klabin SA. Fonte: Autoria própria, com dados das Demonstrações Financeiras da empresa (9)

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De forma semelhante, ocorreu com a Kablin, em que os custos começaram a aumentar em 2019, e o impacto foi sentido no exercício seguinte, levando a empresa a enfrentar um período de prejuízo. No entanto, a empresa conseguiu impulsionar seus lucros e controlar os custos. Com base no relatório de gestão, terá atenção, no próximo tópico, como a Kablin conseguiu reverter essa situação em um cenário de alta inflação, diferentemente da Companhia Siderúrgica Nacional e da Marcopolo.

A Marcopolo, em particular, é um caso intermediário, como pode ser observado na figura 5. Apesar do considerável aumento nos custos, a empresa conseguiu manter sua lucratividade quase constante.

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Figura 5 - Análise Gráfica Resultados da empresa Marcopolo SA. Fonte: Autoria própria, com dados das Demonstrações Financeiras da empresa (10)

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Neste respectivo cenário industrial braseilo com base nestas três gigantes do ramo, surge a questão: Como é possível manter o aumento dos lucros em um cenário inflacionário no setor industrial e evitar prejuízos? Essa questão será abordada com base no relatório de gestão das empresas no próximo tópico desta pesquisa.

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4.3A escolha Estratégica dos planos de ação estratégicos para mitigar os efeitos Inflacionários (Indústria)

Neste tópico, elenca-se as estratégias adotadas pelas empresas e serão realizados, com base nos relatórios de gestão e auditoria, análises comparativas entre a inflação e seus resultados, a fim de verificar quais estratégias se mostraram efetivas ou não. Por fim, buscar solucionar as problemáticas previamente estabelecidas para o setor industrial.

Encaminha-se neste primeiro momento destrinchar a empresa Marcopolo SA, durante o ano de 2019, houve um investimento na estrutura fabril da empresa, visando preparação para eventuais crises previstas para os anos subsequentes. Nesse contexto, a administração optou pela venda de investimentos no mercado indiano, uma ação que, embora tenha evitado prejuízos imediatos, caracterizou-se como uma solução paliativa de curto prazo. Em 2020, com os investimentos na ampliação fabril já efetuados, os custos e despesas operacionais aumentaram, coincidindo com a escalada dos índices inflacionários. Isso levou a empresa a intensificar a produção para manter sua lucratividade, diversificando o mix de vendas. Tal cenário impôs a necessidade de contenção de gastos, incluindo o desligamento de funcionários. Os impactos da inflação no patrimônio líquido da empresa foram relativamente controlados em 2020. No entanto, em 2021, o cenário foi adverso, com um impacto inflacionário negativo no patrimônio líquido superior a 13 milhões, evidenciando a insustentabilidade das estratégias adotadas nos anos anteriores e resultando na deterioração do mix de produção. Em 2022, último ano da análise, a empresa adotou uma nova estratégia de alavancagem operacional, maximizando a produção focando em especifico produto não mais em vários tipos de produtos como anteriormente, assim diluindo custos e despesas nos produtos. Apesar de um impacto inflacionário nos resultados superior a 24 milhões, essa estratégia permitiu manter estável o nível de lucros da empresa e preservar suas atividades.

Ao longo do ano de 2019, a empresa Klabin implementou estratégias alinhadas ao CPC 06 (R2) - Arrendamentos, antecipando que as variações inflacionárias não provocaram distorções significativas. Adicionalmente, a empresa optou por investir em seus parques industriais por meio de empréstimos, de modo a preservar seu capital de giro. Essa abordagem possibilitou a evolução das matrizes produtivas e a venda de produtos como forma de mitigar os efeitos da inflação. No entanto, em 2020, a empresa enfrentou um aumento nos índices de inflação que superaram as projeções do plano estratégico, resultando em penalidades significativas devido aos financiamentos em moedas estrangeiras e aos custos de matérias-primas que excederem o IPCA registrado pela companhia. Diante desses desafios, a empresa reconheceu que suas estratégias iniciais eram insuficientes. Em 2021, já consciente do aumento nos preços das commodities e do crescimento dos custos das principais matérias-primas impulsionado pela alta inflação, a Kablin adotou a estratégia de elevar a produção e ajustar seus preços de venda para patamares ligeiramente inferiores à taxa inflacionária. Essa tática resultou em um incremento de 10% na receita líquida, retirando a empresa da zona de prejuízo. Em 2022, mantendo a mesma estratégia, a empresa conseguiu preservar sua margem de lucratividade, embora o percentual do Custo dos Produtos Vendidos (CPV) continuasse a crescer em um ritmo superior ao dos lucros, reduzindo a lucratividade. Isso levou a empresa a implementar cortes de gastos para os próximos exercícios financeiros.

Com base nos relatórios de gestão e auditoria apresentados pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), observa-se a ausência de um plano estratégico de longo prazo bem delineado. A empresa tem gerido o aumento de seus insumos utilizando índices de inflação, como evidenciado nos anos de 2019 e 2020. Investimentos foram realizados para internalizar a maioria de seus custos, visando reduzir a dependência de fornecedores de energia elétrica, por exemplo. Contudo, durante os anos de 2021 e 2022, a CSN limitou-se a repetir processos paliativos, seguindo os procedimentos legais estabelecidos, sem ir além. Os relatórios de gestão não elucidam de maneira clara as variações inflacionárias e seus impactos no Custo dos Produtos Vendidos (CPV), e, consequentemente, nos lucros da empresa. Portanto, a falta de ações decisivas também merece ser analisada para que se possa comparar com os planos de ação anteriormente mencionados.

Retrocedendo à questão de como é possível sustentar o crescimento do lucro em um ambiente de inflação no setor industrial e evitar prejuízos, baseio-me nas pesquisas apresentadas para tecer as seguintes considerações. As estratégias mais eficientes para atenuar os impactos inflacionários, conforme minha análise, foram as implementadas pela empresa Klabin e, posteriormente, no término do período avaliado, pela Marcopolo. Tais estratégias envolveram a alavancagem operacional e a maximização da produção, além do ajuste dos preços de venda para um nível marginalmente inferior à inflação detectada. A parte da inflação não repassada aos preços foi neutralizada pela diluição dos custos operacionais. Esse conjunto de ações permitiu que as empresas experimentassem uma fase de recuperação ou de estabilidade durante os períodos inflacionários. No entanto, como foi possível observar nos dois primeiros anos de análise da Marcopolo e ao longo de todos os exercícios financeiros da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), estratégias meramente paliativas e de curto prazo, bem como a internalização de custos, revelaram-se ineficazes diante de cenários de inflação elevada e volátil, característica marcante da economia brasileira, onde as projeções econômicas futuras são repletas de incertezas.

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4.4Análise Gráfica: Demonstração de Resultado x Variação Inflacionária (Comércio)

Seguindo a mesma metodologia, realizando a coleta dos dados financeiros dos exercícios de 2019, 2020, 2021 e 2022, foi possível também criar gráficos que contemplam o lucro líquido antes da dedução do Imposto de Renda Sobre Pessoa Jurídica (IRPJ) e CSSL (Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido) e o custo de suas vendas (CMV). Esses gráficos nos permitem analisar a evolução do desempenho financeiro dessas empresas ao longo do tempo, identificando tendências e padrões. Vale ressaltar que o mercado de comércio é mais volátil e impactante no Brasil, o que torna sua exploração em pesquisas futuras de grande relevância. Nesse contexto, foram levantados os gráficos de desempenho de três gigantes do comércio: Raia Drogasil S.A., representada pela figura 6; Lojas Quero-Quero S.A., representada pela figura 7; e Grupo Mateus, representada pela figura 8.

Conforme ilustrado na Figura 6, observa-se uma estabilidade com um leve crescimento nos lucros da empresa. No entanto, o aspecto mais notável é o aumento contínuo dos custos das mercadorias vendidas. A empresa conseguiu manter sua margem de lucratividade, porém, não demonstrou eficácia no controle de custos. Uma situação similar é percebida na Figura 7, referente às Lojas Quero-Quero. Diferentemente da Raia Drogasil, a tendência de suas finanças inclinou-se mais para o prejuízo. Contudo, o padrão de elevação constante dos custos de mercadorias vendidas, ao longo dos quatro exercícios analisados, mostra-se quase idêntico ao observado na empresa anteriormente mencionada.

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