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Scientific Society Journal
ISSN: 2595-8402
Journal DOI: 10.61411/rsc31879
REVISTA SOCIEDADE CIENTÍFICA, VOLUME 7, NÚMERO 1, ANO 2024
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ARTIGO ORIGINAL
Aplicação do índice de sustentabilidade de bacias hidrográficas na sub-bacia hidrográfica do Rio Piranhas-Assú – Brasil
Danilo Duarte Costa e Silva1
Como Citar:
E SILVA, Danilo Duarte Costa. Aplicação do Índice de Sustentabilidade de Bacias Hidrográficas na sub-bacia hidrográfica do Rio Piranhas-Assú – Brasil. Revista Sociedade Científica, vol.7, n. 1, p.2556-2568, 2024.
https://doi.org/10.61411/rsc202444817
Área do conhecimento: Ciências Ambientais.
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Palavras-chaves: Gestão de recursos hídricos; indicadores de sustentabilidade; desenvolvimento sustentável.
Publicado:10 de junho de 2024
Resumo
A necessidade de uso sustentável dos recursos hídricos no semiárido do Brasil tem se ampliado de tal modo que ele tem sido considerado por alguns como o mais problemático do mundo. Diante deste fato torna-se cada vez mais necessária a análise da sustentabilidade hídrica. O presente artigo apresenta a aplicação do índice de sustentabilidade de bacias hidrográficas (Watershed Sustainability Index - WSI) na bacia hidrográfica localizada no semiárido brasileiro, no período de 2007 a 2011. A metodologia se mostrou eficaz na análise e os resultados classificados no escore de 0.62 apresentaram a realidade de uma média sustentabilidade. Gerando um relevante subsídio para gestão uma vez que indica a necessidade de intervenção nas sub-bacias do estado do Rio Grande do Norte.
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1. Introdução
No cenário contemporâneo, um dos desafios mais significativos em relação à sustentabilidade dos recursos hídricos é a falta de planejamento adequado, resultando em cenários cada vez mais preocupantes ([4],[21], [3], [15]). De acordo com [4], há uma necessidade premente de planejamento que leve em conta uma abordagem holística, abordando os diversos aspectos interdisciplinares do problema, a fim de promover efetivamente o desenvolvimento sustentável. Nesse contexto, a relação entre recursos hídricos e sustentabilidade tem sido amplamente debatida por diversos autores ([8], [16], [13], [14], [17], [18], [20]), ultrapassando, por vezes, as fronteiras disciplinares em busca de uma compreensão abrangente.
A água não é apenas essencial para sustentar a vida, mas também desempenha um papel fundamental no apoio aos ecossistemas, no desenvolvimento econômico, no bem-estar da comunidade e nos valores culturais [8]. Para buscar uma compreensão mais aprofundada da sustentabilidade em termos de recursos hídricos, vários autores têm elaborado definições voltadas para a sustentabilidade hídrica, abordando uma ampla gama de aspectos ([14], [9], [13]).
A sustentabilidade hídrica foi conceituada por [9] como "o uso da água para sustentar e fortalecer a sociedade humana em um futuro indefinido, sem prejudicar a integridade do ciclo hidrológico ou do sistema ecológico que depende dele". Por sua vez, [20] define sustentabilidade hídrica como "o fornecimento contínuo e consistente das demandas da sociedade por meio de uma oferta hídrica garantida, em quantidade e qualidade". Outra descrição para sustentabilidade hídrica é feita por [14], como sendo "a capacidade de prover e gerenciar a água em termos de quantidade e qualidade, atendendo às necessidades humanas e ambientais atuais, sem comprometer a capacidade das futuras gerações de fazer o mesmo". A sustentabilidade hídrica também pode ser definida como "o planejamento e design dos recursos hídricos para contribuir totalmente com os objetivos da sociedade agora e no futuro, enquanto mantém a sua integridade ecológica, ambiental e hidrológica" [13].
Na tentativa de medir a sustentabilidade hídrica, [5] desenvolveram o índice de sustentabilidade de bacias hidrográficas (WSI), uma vez que havia uma falta de indicadores que abordassem especificamente a sustentabilidade dos recursos hídricos. Embora esse índice tenha sido aplicado com sucesso em algumas bacias hidrográficas ao redor do mundo, ainda há uma escassez de aplicação do índice na análise de bacias localizadas em ambientes semiáridos.
No Brasil, observa-se que as bacias localizadas no semiárido são ainda mais afetadas pelos problemas de gestão, uma vez que o semiárido brasileiro é considerado por alguns como o mais problemático do mundo [6]. Este artigo propõe a aplicação do índice de sustentabilidade de bacias hidrográficas (WSI) [5] na bacia hidrográfica do Rio Piranhas-Assu, localizada entre os estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte, no semiárido brasileiro, durante o período de 2007 a 2011.
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2. Metodologia
2.1 Bacia hidrográfica do Piranhas-Açu
O rio Piranhas-Açu nasce na Serra de Piancó no estado da Paraíba e desemboca próximo à cidade de Macau no Rio Grande do Norte. Como a maioria absoluta dos rios do semiárido nordestino, à exceção do rio São Francisco e do Parnaíba é um rio intermitente em condições naturais. A perenidade de seu fluxo é assegurada por dois reservatórios de regularização construídos pelo DNOCS: O Coremas – Mãe d’Água, na Paraíba, com capacidade de 1,360 bilhões de m³ e vazão regularizada (Q 95%) de 9,5 m³/s e a barragem Armando Ribeiro Gonçalves (ARG), no Rio Grande do Norte, com 2,400 bilhões de m³ e vazão regularizada de 17,8m³/s (Q 90%) (ANA, 2016).