Compartilhar:

Artigo - PDF

 

Scientific Society Journal  ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​​​ 

ISSN: 2595-8402

Journal DOI: 10.61411/rsc31879

REVISTA SOCIEDADE CIENTÍFICA, VOLUME 7, NÚMERO 1, ANO 2024
.

 

 

ARTIGO ORIGINAL

Impacto da dieta alternativa com vegetais in natura no crescimento e custos da criação de tracajás (Podocnemis unifilis)

Jânderson Rocha Garcez1; Gabriel Felipe Duarte dos Santos2; Magno dos Santos3; Guilherme Martinez Freire4; André Felipe Castilho Marinho5; Camila Andreia Lima Angulo 6, Janaína Roque Gomes7; Jasmine Luisa Cuadros Cavalcante 8; Luna Mejia Pimentel9; Maria da Conceição Viana da Costa10, Maria Vitória da Silva Martins11; Samily Vitória de Souza Zangama12; Victor Gabriel Marques de Brito13; Vitória Cristine Rodrigues dos Santos 14; Walter Pinto Amaral Junior 15

 

Como Citar:

GARCEZ, Jânderson Rocha; dos SANTOS, Gabriel Felipe Duarte; dos SANTOS, Magno et al. Impacto da dieta alternativa com vegetais in natura no crescimento e custos da criação de tracajás (Podocnemis unifilis). Revista Sociedade Científica, vol.7, n. 1, p.3307-3332, 2024.

https://doi.org/10.61411/rsc202460217

 

DOI: 10.61411/rsc202460217

 

Área do conhecimento: Ciências agrárias

.

Sub-área: Recursos pesqueiros e Zootecnia.

 

 

Palavras-chaves: Desempenho zootécnico; Manejo nutricional; Quelônios; Ração.

.

Publicado: 23 de julho de 2024.

 

Resumo

A nutrição de quelônios ainda é pouco estudada. Este estudo teve como objetivo comparar os efeitos da alimentação com ração comercial e com vegetais excedente de um quintal agroflorestal no desempenho produtivo de tracajás (Podocnemis unifilis). Foram alojados 180 animais (224,85 ± 0,84g) em seis caixas de polietileno de 1000 litros. Cada caixa d’água contendo 30 animais foi considerada uma unidade experimental. Foram utilizados dois tratamentos: um com ração comercial (32% proteína bruta), e o outro com 50% ração comercial e 50% frutos/raízes in natura, fornecidos duas vezes ao dia, utilizando-se a taxa de arraçoamento de 2% do peso vivo, por um período de 75 dias. O desenho experimental foi em delineamento inteiramente casualizado, com três repetições. As variáveis físico-químico da água foram avaliadas semanalmente. No final do experimento, foram mensurados a carapaça, plastrão e peso dos animais para acompanhamento do desempenho zootécnico. Foram coletados sangue de três animais de cada unidade experimental para análises hematológicas e glicose. Foram abatidos 3 animais para avaliação de rendimento de carcaça e análise sensorial. Por fim, foi avaliado a viabilidade econômica e custos com alimentação animal. Os dados foram submetidos ao teste t de Student. Quanto ao crescimento, tracajás que foram alimentados apenas com ração comercial obtiveram maior (p<0,05) peso médio final, ganho de peso, ganho de peso diário e taxa de crescimento. Além disso, a dieta proporcionou melhor (p<0,05) conversão alimentar. Após abate, tracajás que foram alimentados apenas com ração comercial obtiveram maior (p<0,05) rendimento de filé, pescoço e fígado. Não houveram diferenças nos parâmetros sanguíneos e na análise sensorial (p>0,05). A alimentação com dieta alternativa com vegetais proporcionou aumento (p<0,05) do custo da alimentação devido à alta conversão alimentar, com isso, a receita líquida e renda mensal foram negativas e podem causar prejuízos ao produtor. Nesse sentido, recomendamos apenas o fornecimento de ração comercial no manejo alimentar durante o crescimento de P. unifilis.

1.Introdução

A possibilidade da criação comercial de quelônios é resultado dos trabalhos de sua proteção e manejo na natureza, tem-se mostrado como investimento promissor não só pelo aspecto econômico, mas também pela relevância que assume na cultura amazônica [1]. Os primeiros criadores de quelônios iniciaram suas atividades a partir do ano 1987 como uma estratégia de conservação ex situ, para tentar suprir a demanda por carne e ovos [2]. Atualmente existem 41 criadores comerciais de quelônios no Brasil, com um plantel superior a 220.000 animais em cativeiro [3, 4]. O Estado do Amazonas se destaca como maior produtor de quelônios do país, com 79% da produção nacional [2, 5]. Na região, é o quinto organismo aquático com maior produção [6, 7, 8], sendo comercializado legalmente cerca de 2.600 animais ao ano [2].

 O tracajá (Podocnemis unifilis) é uma das espécies autorizadas para a criação comercial [5, 9]. Inicialmente, a criação foi normatizada pelo antigo IBDF (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal) por meio da Portaria N°133/1988. Em seguida, foi substituída pelas Portarias N°142/1992 e a N°070/1996 do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), com novas orientações sobre infraestrutura dos criatórios e comercialização dos animais. Em 2006, passou a ser regulamentada pela Instrução Normativa (IN) N°169/2006 do IBAMA, substituindo as portarias anteriores e obrigando os criadores a realizar um Cadastro Técnico Federal (CTF).

Atualmente, a criação de animais silvestres em geral é regulamentada pela IN N°07/2015 do IBAMA. Além disso, o Conselho Estadual do Meio Ambiente do Amazonas regulamentou a criação comunitária de quelônios (Resolução CEMAAM N° 25/2017 e N° 26/2017) [9]. Geralmente, P. unifilis é comercializado vivo com peso mínimo de 01 (um) kg. Essa espécie apresenta potencial zootécnico, rusticidade, possui boa adaptabilidade as condições de confinamento e com carne e subprodutos com relevante valor. [2].

Apesar do avanço da quelonicultura na aquicultura nacional, a nutrição desses animais em cativeiro ainda é pouco estudada. Sabe-se que as alimentações desses animais na natureza em grande parte são por frutos, folhas e sementes [10; 11]. Porém, na criação dos quelônios, ainda não existe uma ração específica e os produtores fornecem ração comercial para peixes onívoros como alimento principal [5, 12, 13, 14]. A ração comercial representa entre 61 e 67% do custo operacional da criação durante a fase de crescimento [15]. Sendo que esse custo por ser ainda superior no interior do Estado com elevador valor da ração devido a complexa logística [16].

Outro problema relevante para a região Amazônica é o preço dos ingredientes, devido à ausência de produção local. Isso encarece bastante este insumo para a aquicultura em geral, além destes materiais não apresentarem padrão de qualidade constante [17]. Como uma forma de diminuir gastos, parte dos criadores aproveitam frutas excedentes na propriedade e fornecem como complemento aos animais. Em criações comunitárias de quelônios, estudos sugerem que o fornecimento de frutos consumidos naturalmente por esses quelônios, pode diminuir pela metade o custo com ração [18, 19].

O uso de uma alimentação alternativa e a busca por novos ingredientes tem aumentado devido ao crescimento e a intensificação da aquicultura. Assim, tornam-se necessárias pesquisas em busca de fontes alternativas de boa qualidade, que proporcionem bom desempenho e que apresentem baixo custo [20, 21]. Essa substituição por alimentos alternativos torna-se ainda mais importante quando não interfere no desenvolvimento zootécnico dos animais e diminui o custo da criação [18]. Isso já vem sendo realizado com peixes, onde o uso de ingredientes regionais vem apresentando resultados positivos como possíveis substitutos dos ingredientes tradicionais em rações a base de milho e soja [22].

Porém, o principal problema para maximizar a produção dos quelônios pelos criadores locais é a elaboração de uma dieta barata que inclua todos os nutrientes necessários [23]. Nesse sentido, foram realizados alguns estudos para melhorar o desempenho produtivo dos quelônios em cativeiro [5]. Comunidades ribeirinhas que atuam no manejo e conservação de quelônios fornecem alimentos alternativos como alimentos folhosos, tubérculos e peixes nos berçários. Em geral, os tracajás aceitam uma grande variedade de produtos vegetais na dieta [18, 24, 25]. Um estudo realizado com uma dieta com peixes e folha de bananeira proporcionou maior crescimento e diminuíram o custo da criação de P. unifilis em cativeiro [24]. Outro estudo mais recente, verificou que uma dieta com 50% de ração e 50% de frutos amazônicos podem ser utilizados como ingredientes na dieta de filhotes e juvenis de P. unifilis, apresentando crescimento similar aos alimentados apenas com ração comercial [18].

Com isso, hipotetizamos que vários vegetais podem ser utilizados como alimento alternativo, pois além de diminuir os custos da produção, também são fontes de vitaminas e de outros compostos importantes com capacidades antioxidantes [26]. Nesse sentido, este estudo teve como objetivo utilizar vegetais excedentes em propriedades rurais e nos quintais agroflorestais, e utilizar como alimento alternativo em substituição de parte da ração comercial na alimentação do P. unifilis.

.

2.Metodologia

2.1 Animais, estrutura, estocagem e delineamento experimental

O experimento foi conduzido no Setor de Unidades Educacionais de Produção do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – IFAM, Campus Tabatinga (4°13'49.14"S e 69°54'50.44"O), Brasil. Todos os tracajás (Podocnemis unifilis) utilizados neste estudo nasceram em cativeiro. Um total de 180 animais jovens (224,85 ± 0,84 g), com idade de dois anos, foram estocados em seis caixas de polietileno com volume útil de 1m3. A renovação da água das caixas era completa a cada 48 horas. O experimento teve duração de 75 dias, realizado entre os meses de janeiro e abril de 2024. ​​ Os quelônios foram mantidos sob condições de temperatura e fotoperíodo natural e, as caixas foram abastecidas com água proveniente de poço artesiano.

As caixas foram distribuídas em um delineamento experimental inteiramente casualizado (DIC) com dois tratamentos e três réplicas. Um tratamento foi composto pela alimentação dos quelônios somente com ração comercial (100R) e um segundo tratamento composto pela alimentação de 50% de ração comercial + 50% de vegetais (50R/50V) como frutos e tubérculos in natura, oriundos de um quintal agroflorestal. ​​ Foi considerada como uma unidade experimental uma caixa contendo 30 animais.

.

2.2 Manejo alimentar experimental

A composição da ração comercial utilizada durante o experimento foi de 320 g kg-1 de proteína bruta, 60 g kg-1 de matéria fibrosa, 46 g kg-1 de extrato etéreo e 110 g kg-1 de umidade, com pellets de 4-6 mm, indicada para peixes onívoros (MultiPeixe Multifós®). A composição nutricional dos vegetais que foram utilizados no tratamento (50R/50V) com alimentação alternativa estão descritos na Tabela 1. Diariamente, foram coletados vegetais in natura para pesagem e fornecimento aos animais. Os tracajás foram alimentados duas vezes ao dia (9 e 16 horas) na proporção de 2% do peso vivo dia-1. Os animais foram pesados quinzenalmente para ajuste da alimentação.

.

Tabela 1 - Composição centesimal dos vegetais fornecidos na alimentação alternativa dos tracajás (P. unifilis) no tratamento com 50% ração comercial + 50 % vegetais in natura (50R/50V) com frutas e tubérculos.

Alimento in natura

Fornecimento (%)

Proteína

(g)

Lipídios (g)

Fibras (g)

Cinzas (g)

Umidade (g)

Energia

(Kcal)

Referências

Bacuri (Platonia insignis)

11,33

1,90

2,01

7,04

1,00

79,77

105,00

[27]

Cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal)

11,33

0,50

0,90

1,30

0,60

90,50

33,70

[28]

Goiaba (Psidium guajava)

28,90

0,75

0,50

2,39

0,66

90,11

39,60

[29]

Macaxeira (Manihot esculenta Crantz)

25,76

1,30

0,20

0,30

2,00

68,20

160,00

[30]

Pupunha (Bactris gasipaes Kunth)

7,21

3,94

8,22

4,11

1,91

55,23

390,56

[31]

Banana (Musa acuminata)

15,46

1,13

0,49

1,50

0,74

66,00

127,41

[32]

Valores correspondem em 100 gramas de amostra

.

2.3 Monitoramento da qualidade da água

Foram estimadas a concentração de oxigênio dissolvido e temperatura da água utilizando Oxímetro digital YSI® ProDO. A condutividade elétrica e o potencial Hidrogeniônico (pH) foram mensuradas utilizando o multiparâmetro digital AZ® Modelo 86031. Também foram quantificadas a amônia total (NH3), o nitrito (NO2-) e dureza total (CaCo3) utilizando kits colorimétricos Labcon Test®. Esse monitoramento foi realizado a cada 7 dias, sempre as 8 horas.

.

2.4 Desempenho zootécnico

Foi realizada uma biometria final com medições de comprimento e largura da carapaça, comprimento e largura do plastrão, altura e peso utilizando um paquímetro digital (Digimess® 200 mm) e uma balança digital (Welmix®, precisão 1 g). A partir das variáveis mensuradas no início e final do experimento e da quantificação do consumo alimentar, foram calculados o peso médio final, comprimento e largura média final, ganho de peso, ganho de peso diário, conversão alimentar aparente, taxa de crescimento e sobrevivência [5, 33].

.

2.5 Coleta e análise do sangue

Após cinco dias contados a partir da biometria final, três animais (em jejum de 24 h) de cada unidade experimental foram selecionados aleatoriamente e submetidas à coleta de sangue por meio de punção da veia femoral, precedida de limpeza e antissepsia com álcool iodado [34], utilizando seringas de 1 mL e agulha 0,45 x 13,00 mm. Uma alíquota de 0,5 mL do sangue fresco foi destinada para contagem de eritrócitos, leucócitos, trombócitos e análise de glicose utilizando kit ClucoQuick G30a®.

A contagem de eritrócitos foi realizada em Câmara Hematimétrica de Neubauer, com o sangue diluído em proporção 1:200 em solução salina a 0,65% [35]. Foram preparadas extensões sanguíneas para mensuração do leucograma e trombograma. As extensões sanguíneas, foram coradas utilizando panótico rápido (Laborclin®) e secas a 25º C [35]. Após a coloração, foram realizadas capturas de imagens das extensões coradas em uma câmera (Xiaomi 12 50 MP®) acoplada a um microscópio (Nikon Eclipse E200®), na objetiva de 100x com óleo de imersão. As capturas de imagem foram analisadas no software ImageJ 1.48v®. De cada animal, foram contabilizadas pelo menos 1.000 células, e posteriormente, determinada a contagem diferencial de leucócitos. As células avaliadas foram identificadas e contabilizadas como: linfócitos, monócitos, heterófilos, basófilos, eosinófilos, azurófilos, leucócitos imaturos e trombócitos [36, 37].

.

2.6 Coleta dos órgãos e rendimento de carcaça

Após a coleta de sangue, os animais foram lavados com água clorada e insensibilizados em água com gelo (0 a 2°C) por um período de 15 minutos. Após pendura, os animais foram abatidos e sangrados através da secção parcial da porção anterior do pescoço. A dissecação foi iniciada com retirada do plastrão com auxílio de esmerilhadora elétrica Philco® com disco para uso em metal. Os animais foram eviscerados e em seguida as vísceras, intestino, estômago, fígado e rins foram pesados. Foi realizada uma lavagem e fracionamento dos músculos, estrutura óssea e membros anteriores e posteriores, cauda, cabeça e pescoço.

Amostras do músculo foram congeladas para posterior análise sensorial. Os cortes foram pesados para avaliação do rendimento de carcaça [5]. Para efeito deste trabalho, considera-se carcaça o conjunto formado pela musculatura, ossos dos membros, vértebras coccígeas e cervicais. Todos os procedimentos de abate seguiram a metodologia, requisitos higiênico-sanitários e tecnológicos descritos para quelônios [38].

.

2.7 Análise sensorial do músculo

A análise sensorial foi realizada por um painel de dez juízes treinados, como descrito na metodologia para Avaliações Sensoriais Gerais de Comidas, da ISO 13301 [39]. O treinamento ocorreu com avaliadores que habitualmente consomem quelônios. O filé, que é o musculo encontrado sob as vértebras fusionadas da carapaça, foram separados para esta análise. Foi estabelecido como filé padrão, o músculo de animais não experimentais, oriundos de uma criação comercial e submetido a depuração de 24 h antes do abate em água limpa e constante renovação. Os juízes avaliaram se o músculo filé dos quelônios alimentados apenas com ração comercial e quelônios alimentados com ração e vegetais in natura se diferem do padrão estabelecido. Para isso, amostras de 2 cm3 do filé sem adição de temperos foram embrulhados em papel encerado e submetidos a cocção em micro-ondas por 90 segundos.

As amostras foram servidas em recipientes descartáveis. Os atributos avaliados foram aroma, cor, sabor e textura. Os avaliadores receberam um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e também um questionário com uma escala hedônica com as notas 1 (nenhuma diferença do padrão), 2 (pouca diferença do padrão), 3 (regular diferença do padrão) e 4 (extrema diferença do padrão), com espaço para observações.

.

2.8 Viabilidade econômica

A análise econômica realizada foi adaptada de estudos com piscicultura [40, 41], com a finalidade de determinar os custos e a receita da produção com base na alimentação fornecida. A mão de obra foi baseada no salário mínimo para o ano de 2024. A receita bruta foi baseada no preço de venda do tracajá de vida livre (R$ 70,00 kg-1), comercializado ilegalmente na região, levando em consideração a sobrevivência e a separação de 10% do lote a ser destinado obrigatoriamente como reprodutores. O custo da alimentação foi baseado no consumo total para atingir 1(um) kg do animal vivo de acordo com a conversão alimentar apresentada. Ainda, o preço da ração comercial na região durante o experimento foi de R$ 4,20 kg-1 e o custo dos vegetais oferecidos na alimentação alternativa foram calculados baseado na comercialização em feiras locais.

Com base nesses resultados, foi calculado a Receita Bruta (RB) (RB = preço de comercialização x número de animais x peso do animal) e Receita Líquida Parcial (RPL) (RPL = RB – (custo de filhotes + mão de obra + custo da alimentação). Para efeitos de análises, os valores foram extrapolados para uma área de 1 (um) hectare de lâmina d’água na densidade 0,4 animais m-2, com clico de criação de 36 meses. Os valores utilizados nos cálculos foram atualizados ao praticado no ano de 2024 no município de Tabatinga, Estado do Amazonas.

.

2.9 Análise estatística

Os resultados foram expressos como média ± erro padrão. Os dados em porcentagem foram transformados em arc seno √(x/100). Os dados foram testados quanto normalidade e homogeneidade dos erros, pelo teste de Shapiro-Wilk e Levene, pré-requisitos necessários para a análise do teste T de Student. Todas as análises estatísticas foram realizadas considerando a significância de 5%. O processamento e análise de dados foram realizados pelo software Statistica 7.1® (Statsoft Inc., Tulsa, OK, USA, 2007).

 

3.Resultados

 As dietas oferecidas aos tracajás influenciaram as variáveis físico-química da água (Tabela 2). A água das unidades experimentais em que os tracajás foram alimentados apenas com ração comercial, apresentaram maiores valores de pH, de dureza total e de condutividade elétrica em relação a água com animais alimentados com ração e vegetais in natura (p<0,05).

Tabela 2 - Variáveis físico-química da água dos experimentos com dietas com 100R e 50R/50V na alimentação de tracajá (P. unifilis).

Variáveis

100R

50R/50V

p-valor

pH

7,03 ± 0,01a

6,95 ± 0,01b

0,0055

Temp. (°C)

26,52 ± 0,30

26,88 ± 0,06

0,2711

OD (mg L-1)

1,03 ± 0,05

0,98 ± 0,34

0,5804

Amônia (mg L-1)

5,93 ± 0,14

5,71 ± 0,40

0,6220

Nitrito (mg L-1)

0,00 ± 0,00

0,00 ± 0,00

-

DH (mg L-1 CaCO3)

118,33 ± 1,67a

66,67 ± 9,28b

0,0419

CE (μS cm-1)

182,64 ± 3,21a

134,38 ± 3,14b

0,0011

Os valores são expressos como média ± erro padrão. Temp.: Temperatura; OD: oxigênio dissolvido na água; DH: Dureza total; CE: Condutividade elétrica. Letras diferentes na mesma linha indicam diferenças nas médias devido aos tratamentos, de acordo com o teste T de Student (p < 0,05).

.

Animais que foram alimentados com ração comercial apresentaram maior peso médio final, largura da carapaça, relação entre comprimento e largura da carapaça, ganho de peso, ganho de peso diário e taxa de crescimento específico (p<0,05). Além disso, apresentou melhor conversão alimentar e maior índice hepatossomático (p<0,05). Não houve diferença nos demais parâmetros analisados (p>0,05) (Tabela 3).

.

Tabela 3 - Parâmetros de crescimento, morfológicos e índices corporais de tracajá (P. unifilis) alimentados com dietas contendo 100R e 50R/50V.

Parâmetros

100R

50R/50V

p-valor

PMF (g)

255,25 ± 2,34a

236,84 ± 0,46b

0,0192

CC (mm)

121,44 ± 0,77

119,82 ± 0,18

0,2205

LC (mm)

94,44 ± 0,77

94,69 ±0,57

0,7946

CP (mm)

115,17 ± 2,61

114,33 ±1,20

0,7367

LP (mm)

52,00 ± 0,86a

49,00 ±0,73b

0,0372

CC/LC

1,29 ± 0,00a

1,27 ± 0,00b

0,0361

ALT (mm)

53,17 ± 0,95

51,17 ±0,40

0,0756

GP (g)

818,87 ± 112,43a

361,93 ±24,61b

0,0498

GPD (g)

0,37 ± 0,05a

0,16 ±0,01b

0,0481

CAA

7,94 ± 1,00a

18,12 ±1,17b

0,0215

SOB (%)

97,78 ± 2,22

100,00 ±0,00

0,4226

TCE (% dia-1)

0,17 ± 0,01a

0,07 ±0,00b

0,0315

IHS (%)

3,89 ± 0,11a

3,53 ± 0,13b

0,0023

IVS (%)

18,22 ± 1,15

18,81 ± 0,84

0,6121

IST (%)

5,86 ± 0,72

6,26 ± 0,38

0,4877

Os valores são expressos como média ± erro padrão. PMF: Peso médio final; CC: Comprimento da carapaça; LC: Largura da carapaça; CP: Comprimento do plastrão; LP: Largura do plastrão; ALT: Altura; GP: Ganho de peso; GPD: Ganho de peso diário; CAA: Conversão alimentar aparente; SOB: Sobrevivência; TCE: Taxa de crescimento específico; IHS: Índice hepatossomático; IVS: Índice viscerossomático; IST: Índice estomacal. Letras diferentes na mesma linha indicam diferenças nas médias devido aos tratamentos, de acordo com o teste T de Student (p < 0,05).

.

Figura 1 - Acompanhamento quinzenal do peso médio dos tracajás (P. unifilis) alimentados com dietas contendo 100% de ração comercial e 50% ração comercial + 50% vegetais.

.

As dietas oferecidas aos tracajás não influenciaram (p>0,05) os parâmetros sanguíneos analisados (tabela 4).

.

Tabela 4 - Parâmetros sanguíneos de tracajás (P. unifilis) alimentados com dietas contendo 100R e 50R/50V.

Parâmetros

100R

50R/50V

p-valor

VSG (ml kg-1)

48,40 ± 2,96

41,52 ± 3,89

0,1161

Glic (mg dl-1)

30,25 ± 1,31

32,00 ± 8,60

0,6376

Eri (x106 µl-1)

0,147 ± 0,031

0,133 ± 0,022

0,7796

Leuc (x103 µl-1)

4,36 ± 1,24

3,74 ± 0,93

0,7202

Linfo (x103 µl-1)

3,54 ± 1,32

2,31 ± 0,80

0,5009

Mono (x103 µl-1)

0,07 ± 0,05

0,15 ± 0,10

0,5819

Hete (x103 µl-1)

0,35 ± 0,19

0,52 ± 0,19

0,6142

Azur (x103 µl-1)

0,06 ± 0,04

0,08 ± 0,06

0,8011

Baso (x103 µl-1)

0,14 ± 0,07

0,09 ± 0,05

0,4217

Eosi (x103 µl-1)

0,09 ± 0,07

0,20 ± 0,11

0,4877

CI (x103 µl-1)

0,10 ± 0,06

0,38 ± 0,16

0,2135

Tromb (x103 µl-1)

1,25 ± 0,47

1,74 ± 0,75

0,6367

Os valores são expressos como média ± erro padrão. VSG: Volume do sangue kg-1 animal; Glic: Glicose; Eri: Eritrócitos; Leuc: Leucócitos totais; Linf: Linfócitos; Mono: Monócitos; Hete: Heterócitos; Azur: Azurófilos; Baso: Basófilos; Eosi: Eosinófilos; CI: Leucócitos imaturos; Tromb: Trombócitos.

.

As dietas oferecidas aos tracajás influenciaram o rendimento fracionado após abate (Tabela 5). Os animais que foram alimentados somente com ração comercial apresentaram maiores porcentagem do plastrão, cabeça + pescoço, músculo do filé e fígado (p<0,05) em relação aos animais alimentados com dieta alternativa. Não houveram diferenças nos demais parâmetros analisados (p>0,05) (Tabela 3). As dietas oferecidas aos tracajás não influenciaram (p>0,05) o aroma, cor, sabor e textura do músculo de acordo com os avaliadores (Tabela 6).

.

Tabela 5 - Fracionamento e rendimento da carcaça de tracajá (P. unifilis) alimentados com dietas contendo 100R e 50R/50V.

Rendimento (%)

100R

50R/50V

p-valor

Carapaça

29,34 ± 0,99

28,29 ± 0,45

0,3021

Plastrão

12,58 ± 0,49a

11,06 ± 0,27b

0,0092

Sangue

3,90 ± 0,31

3,40 ± 0,39

0,4367

Cab+pesc

5,99 ± 0,14a

5,05 ± 0,24b

0,0031

QDE

6,87 ± 0,52

6,37 ± 0,14

0,4426

QDD

6,88 ± 0,34

6,56 ± 0,23

0,4048

QTE

5,33 ± 0,34

5,66 ± 0,49

0,6201

QTD

5,38 ± 0,41

5,41 ± 0,42

0,9696

Filé

5,27 ± 0,18a

4,33 ± 0,37b

0,0441

Cauda

1,04 ± 0,17

1,35 ± 0,14

0,1508

Vísceras

20,12 ± 1,68

19,22 ± 0,93

0,5843

Intestino

5,40 ± 0,54

5,59 ± 0,44

0,7936

Estômago

6,51 ± 0,93

6,40 ± 0,41

0,8809

Fígado

4,27 ± 0,17a

3,60 ± 0,14b

0,0014

Rins

0,47 ± 0,04

0,48 ± 0,05

0,9658

Rend. Carcaça

30,77 ± 0,59

29,67 ± 1,13

0,5911

Rend. Partes comestíveis

60,78 ± 2,74

57,33 ± 0,91

0,2732

Os valores são expressos como média ± erro padrão. Cab+pesc: Cabeça + pescoço; QDE: Quarto dianteiro esquerdo; QDD: Quarto dianteiro direito; QTE: Quarto traseiro esquerdo; QTD: Quarto traseiro direito. Rend.: Rendimento. Letras diferentes na mesma linha indicam diferenças nas médias devido aos tratamentos, de acordo com o teste T de Student (p < 0,05).

.

Tabela 6 - Análise sensorial do músculo de tracajá (P. unifilis) alimentados com dietas contendo 100R e 50R/50V.

Atributos

100R

50R/50V

p-valor

Aroma

2,20 ± 0,25

2,10 ± 0,31

0,8227

Cor

1,70 ± 0,15

1,60 ± 0,16

0,7263

Sabor

1,70 ± 0,26

1,80 ± 0,25

0,7976

Textura

1,40 ± 0,31

1,70 ± 0,26

0,1934

Os valores são expressos como média ± erro padrão.

.

As dietas oferecidas aos tracajás influenciaram a viabilidade econômica da criação (Tabela 7). O custo com alimentação para produzir 1 kg de animal vivo é menor (p<0,05) no tratamento com animais alimentados apenas com ração comercial. Além disso, o tratamento 100R apresentou melhor receita liquida e maior lucro mensal (p<0,05).

.

Tabela 7 - Análise econômica da criação de tracajás (P. unifilis) alimentados com dietas contendo 100R e 50R/50V.

Variáveis

100R

50R/50V

p-valor

Mão de obra (R$)

50.832,00

50.832,00

-

Custo filhotes (R$)

2.800,00

2.800,00

-

Alimentação (R$) x103

132,20 ± 15,97b

304,34 ± 19,69a

0,0214

CA (R$ kg-1 animal)

33,34 ± 4,20b

51,63 ± 3,34a

0,0444

RB (R$) x103

250,14 ± 1,86

252,00 ± 0,01

0,4226

RLP (R$) x103

64,31±17,32a

-105,97 ± 19,69b

0,0216

Lucro (R$ mês-1) x103

1,79 ± 0,48a

-2,94 ± 0,55b

0,0216

Os valores são expressos como média ± erro padrão. CA: Custo da alimentação kg-1 de animal vivo. RB: Receita bruta; RL: Receita líquida parcial; ​​ Letras diferentes na mesma linha indicam diferenças nas médias devido aos tratamentos, de acordo com o teste T de Student (p < 0,05).

.

A análise de viabilidade econômica indica que animais submetidos ao tratamento 100R começam a oferecer lucro com o preço de venda a partir de R$ 52,01, enquanto que para animais submetidos ao tratamento 50R/50V oferecem lucro apenas com valores superiores a R$ 99,44 (Figura 2).

.

Figura 2 - Preço mínimo de comercialização dos tracajás (P. unifilis) para obtenção de lucro a partir das alimentações com dietas contendo 100R e 50R/50V.

.

4.Discussão

A alimentação dos tracajás (P. unifilis) somente com ração comercial apresentou melhor desempenho produtivo no geral e isso resultou em índices econômicos positivos para a atividade. Esse crescimento pode ser explicado pelo atendimento da exigência proteica da espécie em cativeiro que é 280-320 g kg-1 [2], semelhante ao fornecido neste estudo. Por outro lado, o tratamento com dietas alternativas incluindo os vegetais in natura possuía uma alimentação composta basicamente por água (alta umidade) e baixo teor de proteína, e isso diminuiu cerca de 1/3 a quantidade proteína fornecida diariamente aos animais.

A proteína na alimentação animal é um dos componentes mais importantes, sendo indispensável para o seu desenvolvimento. A proteína é composta por aminoácidos responsáveis por diversas funções, entre elas, a regulação do metabolismo promovendo o crescimento, reprodução, fortalecimento dos ossos e energia [14]. Por isto, os animais alimentados apenas com ração comercial apresentaram maior ganho de peso diário e melhor conversão alimentar em relação aos animais que tiveram alimentação alternativa com vegetais em sua dieta.

Esse fato também pode estar ligado à digestibilidade das proteínas, em função de que filhotes de quelônios fazem melhor digestão com alimento com ingredientes animais [42]. Nesse caso, a ração comercial fornecida apresenta farinha de carne em sua composição como fonte de proteína animal, o que pode ter ajudado na digestibilidade. Além disto, há diferença no perfil de aminoácidos essenciais nas proteínas das diferentes fontes alimentares [5]. Por outro lado, o teor de fibras presentes na alimentação com vegetais in natura pode reduzir a digestibilidade dos nutrientes dos alimentos consumidos pelos tracajás [43].

Apesar da alimentação com maior teor de fibra em sua composição, em geral, são mais baratos para manter animais na engorda [5, 44], porém pode elevar a conversão alimentar. No entanto, tracajás na fase adulta, apresentam um caráter mais onívoro [5], sugerindo que essas exigências podem mudar em outras fases de vida do P. unifilis.

O músculo conhecido como filé e também os situados no pescoço apresentaram melhor rendimento nos animais alimentados apenas com ração comercial. Isso também pode ser explicado pelo aumento da massa muscular que ocorre devido ao aumento na quantidade de proteína atendida pela exigência animal. A síntese de proteínas é potencializada como resultado da fusão dos núcleos, provenientes das células satélites, às fibras musculares já formadas [45].

Além disso, a ração é importante para formação óssea do casco do animal, já que a ração é fonte de minerais necessários em sua composição como cálcio e fósforo [46], isto pode explicar o aumento do tamanho do plastrão. Por isso, alguns autores recomendam uma ração para peixe (fase crescimento) como base alimentar para quelônios, e isto proporciona um bom desempenho aos animais, talvez por conter os níveis nutricionais aproximados dos valores necessários, dando ao animal os ingredientes essenciais para um bom crescimento [2, 5, 9, 47].

A fonte e qualidade da alimentação refletem diretamente na saúde hepática dos animais. A quelonicultura em geral ainda é deficiente em conhecimento sobre biologia das espécies e consequentemente com manejo nutricional duvidoso [48]. O aumento do índice hepatossomático (IHS) nos animais que foram alimentados apenas com ração comercial pode estar relacionado com a energia bruta de 3.600 kcal kg-1 fornecida, mesmo sendo inferior ao recomendado para espécie que é de 4.500 kcal kg-1 [23]. Ingredientes calóricos refletem o aumento do tamanho dos hepatócitos dos animais. Possivelmente, os quelônios estão armazenando lipídios e glicogênio no fígado para regulação do metabolismo e estoque energético, além disso, suprir a demanda inicial do metabolismo glicolítico anaeróbico nos tecidos do cérebro e músculo.

Assim, isso indica que P. unifilis também pode usar deste mecanismo na natureza para sustentação em períodos de seca, além do período reprodutivo [5]. Apesar de alguns autores estudarem sobre o atendimento da exigência nutricional dos quelônios [5, 12, 14, 33, 44, 49], nenhum estudo com índice hepatossomático durante o crescimento de Podocnemis spp. foram encontrados indexados nos periódicos, tornando este trabalho pioneiro nesta vertente.

O sucesso de uma atividade aquícola está diretamente relacionado com as condições físicas e químicas da água [50]. Mesmo proporcionando o melhor desempenho zootécnico e mantendo a saúde dos animais, a qualidade da água de um sistema de quelonicultura merece atenção e cuidado. Algumas variáveis como oxigênio dissolvido, amônia total e condutividade elétrica foram além dos limites ideais para criação de quelônios [9]. Apesar dos quelônios possuírem respiração aérea pulmonar, uma baixa concentração de oxigênio dissolvido na água pode ser indicativa de eutrofização. Isso pode ser resultado da alimentação animal, onde parte das proteínas não digeridas é eliminada, e o nitrogênio contido nestes resíduos pode ser excretado como nitrogênio orgânico na forma de fezes ou como amônia. Isto acumulado juntamente com baixa renovação da água tem ocasionado alterações físico-química da água.

Além disso, minerais existentes na ração como cálcio e magnésio, podem contribuir para elevar a dureza e condutividade da água por meio da lixiviação da ração ou também pela excreção. Com isso, altos valores de condutividade podem indicar altas taxas de decomposição de matéria orgânica e isso é um parâmetro para quantidade de nutrientes disponíveis. Ainda, ajuda a detectar fontes poluidoras no sistema e é uma maneira de avaliar a disponibilidade de nutrientes nos ecossistemas aquáticos [51]. Além disso, a dieta experimental alterou o pH da água, talvez a acidez dos frutos pode desregular o pH da água do sistema de criação. Por isso, a criação de quelônios é considerada como atividade potencialmente poluidora no CTF do IBAMA [47].

Quanto ao consumo de quelônios, ainda há um estigma quanto a compra de animais de cativeiro, onde popularmente consumidores alegam que a carne apresenta sabor de ração ou “sabor de argila”, conhecido como off-flavor, que é mais comum em peixes [52]. Este estudo vem desmistificar consumidores que preferem animais que se alimentam de vegetais in natura, conhecida como “alimentação natural”. Neste sentido, verificamos que a fonte de alimentação não alterou o aroma, cor, sabor, e textura da carne com diferentes fontes de alimentação. Ainda, os avaliadores não perceberam se estavam analisando músculo de animais alimentados apenas com ração ou com alimentação alternativa com vegetais in natura.

Por fim, a alimentação de P. unifilis apenas com ração comercial indica maior retorno financeiro ao produtor. Apesar dos vegetais realmente diminuírem o custo do quilo da alimentação, por outro lado a conversão alimentar foi menor para o tratamento 50R/50V. Isso encareceu bastante o custo para o animal chegar a 1 (um) quilograma de peso vivo e aumentará o tempo do clico da criação que geralmente é de 36 meses. Por isso o uso de alimentação alternativa pode ocasionar prejuízo ao criador, fazendo que o preço mínimo para comercialização seja quase o dobro da criação alimentada apenas com ração comercial. Nesse contexto, por todos as variáveis analisadas neste estudo, a alimentação de tracajás apenas com a ração comercial é melhor economicamente do que alimentar animais com a dieta alternativa.

..

5.Conclusão

Alimentar P. unifilis apenas com ração comercial durante a fase de crescimento proporcionou melhor desempenho zootécnico, maior rendimento de músculo e maior viabilidade econômica.

.

6.Declaração de direitos

O(s)/A(s) autor(s)/autora(s) declara(m) ser detentores dos direitos autorais da presente obra, que o artigo não foi publicado anteriormente e que não está sendo considerado por outra(o) Revista/Journal. Declara(m) que as imagens e textos publicados são de responsabilidade do(s) autor(s), e não possuem direitos autorais reservados à terceiros. Textos e/ou imagens de terceiros são devidamente citados ou devidamente autorizados com concessão de direitos para publicação quando necessário. Declara(m) respeitar os direitos de terceiros e de Instituições públicas e privadas. Declara(m) não cometer plágio ou auto plágio e não ter considerado/gerado conteúdos falsos e que a obra é original e de responsabilidade dos autores.

.

7.Referências

  • Luz, V. L. F., Stringhini, J. H., Bataus, Y. S. D. L., Paula, W. A. D., Novais, M. N., & Reis, I. J. D. Morfometria do trato digestório da tartaruga-da-Amazônia (Podocnemis expansa) criada em sistema comercial. Revista Brasileira de Zootecnia32, 10-18. 2003.  https://doi.org/10.1590/S1516-35982003000100002

  • Andrade, P. C. M.; Garcez, J. R.; Lima, A. C.; Duarte, J. A.M.; Anízio, T. L. F.; Rodrigues, W. S.; Oliveira, A. B. de; Alves, H. R. B. Panorama da Quelonicultura no Brasil – Uma estratégia para conservação das espécies e geração de renda. Aquaculture Brasil, Santa Catarina, v 22, p34-40, 2021.

  • Trajano, M.C. E Carneiro, L.P. Diagnóstico da Criação Comercial de Animais Silvestres no Brasil. Ibama, Brasília, 2019. 56p.

  • IBAMA. Projeto quelônios da Amazônia - 10 anos. Brasília: Ibama, 2019. Disponível em: http://www.serviços.ibama.gov.br.

  • Andrade, P. C. M. Criação e manejo de quelônios no Amazonas. Manaus: Provárzea/Ibama, 2008. 528 p.

  • Peixe BR (2019). Associação Brasileira de Piscicultura. Anuário Peixe BR da Piscicultura de 2018.

  • IBGE. Censo agropecuário aquícola. Brasília: IBGE, 2021. Disponível em: http: https://panoramadaaquicultura.com.br/ibge-divulga-os-numeros-da-producao-aquicola-em-2021/.

  • IPAAM. Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas. 2021. Disponível em: http://www.ipaam.am.gov.br

  • Oliveira, A. B. de; Garcez, J. R.; Andrade, P. M. C. Guia Técnico NUPA Norte Aquicultura: Boas práticas na criação de quelônios amazônicos. 1. ed. Manaus: IFAM/PROEXT, v. 1. 2021. 24p.