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ISSN: 2595-8402

Journal DOI: 10.61411/rsc31879

REVISTA SOCIEDADE CIENTÍFICA, VOLUME 7, NÚMERO 1, ANO 2024
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ARTIGO CURTO ORIGINAL

A complexidade da infecção HPV e as lesões do colo uterino: interações com multifatores

Ana Clara Simon1, Daniela Kist Busnardo2

 

Como Citar:

SIMON, Ana Clara; BUSNARDO, Daniela Kist. A complexidade da infecção HPV e as lesões do colo uterino: interações com fatores nutricionais. Revista Sociedade Científica, vol.7, n. 1, p.3977-3982, 2024.

https://doi.org/10.61411/rsc202469617

 

DOI: 10.61411/rsc202469617

 

Área do conhecimento: Medicina.

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Palavras-chaves: teoria da complexidade; HPV; alimentação saudável.

 

Publicado: 31 de agosto de 2024.

Resumo

A saúde pública como campo de conhecimento e de prática social tem sido confrontada, ao longo de sua já longa história, com enormes desafios. O câncer do colo do útero é o segundo câncer mais comum entre as mulheres em todo o mundo. Trata-se de uma revisão bibliográfica elaborada com base em buscas realizadas em junho de 2020 através de bases de dados. Efetuou-se a busca por artigos que tratavam da teoria da complexidade do autor Edgar Morin e temas relacionados a relação entre o papiloma vírus humano (HPV) e a alimentação. Assim sendo, a infecção HPV não é causa suficiente para o câncer cervical, estudos mostram que somente uma pequena fração das mulheres infectadas desenvolvem a doença. O câncer cervical necessita de cofatores na sua etiologia para interagir e evoluir incluindo os fatores nutricionais.

 

 

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1. Introdução

O câncer do colo do útero é o segundo câncer mais comum entre as mulheres. A infecção pelo tipo de papilomavírus humano oncogênico (HPV) é considerada uma causa necessária no desenvolvimento do câncer cervical e os cofatores são o tabagismo, uso de contraceptivos orais a longo prazo e alta paridade [8].

Durante mais de um século e meio estudiosos procuravam sem sucesso o agente causador do câncer de colo uterino, doença reconhecidamente ligada à atividade sexual. Foi somente no final dos anos 70 que pesquisas caracterizaram o Papilomavírus (HPV) como essencial na gênese nesta neoplasia [5].

Não há estudos publicados explorando o possível papel da dieta e do estado nutricional no risco de aquisição da infecção pelo HPV e poucos no risco de persistência do HPV. No que diz respeito ao câncer do colo do útero e dieta, as pesquisas epidemiológicas iniciais sobre dieta e câncer do colo do útero focaram principalmente as doenças invasivas [4].

Os componentes da dieta podem estar envolvidos na etiologia dessa doença, uma vez que persistem diferenças socioeconômicas no risco após o ajuste de fatores conhecidos que sugere que a inadequação alimentar resultante da pobreza pode ajudar a explicar as altas taxas de incidência nos países em desenvolvimento [8].

Um problema que vem se destacando na sociedade atualmente é essa questão da alimentação com o HPV em mulheres atendidas pelo SUS como perspectiva de análise, também não há modelos únicos que podem ser empregados para analise dessa problemática, um modelo analítico que vem se consolidando em reação a um modelo tradicional é uma perspectiva da complexidade. O objetivo deste artigo é analisar esse tema através da perspectiva da complexidade e correlacionar os diversos fatores envolvidos na etiologia da doença.

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2.Desenvolvimento e discussão

O presente artigo fez uma revisão bibliográfica tentando elucidar uma questão importante de saúde pública das mulheres pelo olhar da teoria da complexidade do autor Edgar Morin, buscando multifatores associados ao câncer de colo de útero. Assim há relação entre a infecção estabelecida pelo HPV e o desenvolvimento ou não do câncer de colo uterino e suas lesões precursoras devido aos cofatores associados no caso especifico a dieta alimentar. A contribuição da dieta para o desenvolvimento do risco de câncer varia de 20 a 60% dos casos de câncer ao redor do mundo [9].

As desigualdades em saúde entre pessoas pobres e ricas são acentuadas. Tais desigualdades ocorrem tanto nos níveis de saúde e nutrição (morbidade, descapacidades e mortalidade), como também no acesso aos serviços sociais e de saúde [2].

O câncer é uma doença crônica produzida por alterações genéticas e epigenéticas que afetam a proliferação, senescência e morte das células; a causa direta é desconhecida, entretanto, existem vários fatores de risco. No caso do câncer cervical, o papilomavírus humano (HPV) tem sido apontado como um dos principais fatores [6].

No caso do câncer de colo uterino, está bem estabelecido que além da infecção pelo vírus do HPV há a necessidade de manutenção e progressão das lesões precursoras em evoluírem para o câncer. Alguns cofatores influenciam o risco desta progressão incluindo; fatores imunológicos e estilo de vida incluindo, fumo, dieta, uso prolongado de contraceptivos hormonais, paridade, confecção com outras doenças sexualmente transmissíveis e vacinação contra o HPV [9].

Além disso devemos dar significativa importância aos outros dois cofatores que tiveram a seguinte importância: a relação direta ente a evolução da infecção HPV para lesões precursoras e câncer do colo uterino com o uso de álcool e tabaco [8].

O sistema de educação tradicional desenvolve um processo de formação do conhecimento que impõe à complexidade das relações uma redução aos elementos mais simples, a separação do que se encontra articulado e a unificação do que é múltiplo, gerando contradições e desordem ao pensamento [1].

O fato é que o especialista, usufruindo de seu saber fragmentado, desempenha bem as suas funções em setores compartimentados. No entanto, em situações complexas, como a saúde, ocorre a incapacidade de compreender as interações e a causalidade circular, pois tende a conceber tais fenômenos de forma mecanicista e em causalidade linear. Esse conhecimento fragmentado faz com que o especialista perca a capacidade de conceber o global e o cidadão perca o direito ao conhecimento [1].

A teoria e a ciência da complexidade são um dos principais representantes desse movimento de questionamento das pretensões universalistas, que carregam, nos dizeres, os limites do conhecimento. Tal teoria, afirma o caráter espaço-temporal localizado dos fenômenos da natureza e a importância das particularidades e das diferenças na configuração dos "universais" [3].

Concordando com a teoria da complexidade de Edgar Morin [7] podemos perceber que não podemos ver uma realidade mutilada, em que um agente infeccioso (no caso o vírus HPV) seria o único responsável por uma enfermidade. A realidade é complexa, múltipla, onde diversos outros fatores (como nutricional, fumo, álcool, idade, quantidade de parceiros sexuais, vacinação, entre outros, sendo conhecidos ou desconhecidos influenciam.

É o confronto entre o pensamento simplificado unoversus e o pensamento complexo, múltiplo. Substituindo assim o pensamento que isola e separa, por um pensamento que une e distingue um pensamento holístico [7].

A consciência da complexidade nos faz compreender que não podemos escapar jamais da incerteza e jamais poderemos ter um saber total. Segundo Morin, a totalidade não é a verdade.

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3.Considerações finais

A teoria da complexidade traz, basicamente, o ceticismo em relação a qualquer pretensão meta-narrativa, constituída e direcionada a uma verdade absoluta. Se extrapolarmos isso para o conhecimento ocidental em geral, diz respeito ao ceticismo às pretensões do conhecimento rigoroso, das superioridades culturais, morais e éticas entre as sociedades humanas em comparação umas com as outras [3].

Assim podemos perceber como um pensamento mutilado em que a infecção viral seria o único fator causador da enfermidade é errôneo pois a realidade é complexa, múltipla, holística e que jamais poderemos ter um saber total já que a totalidade não é a verdade.

Há a possibilidade através dessa análise sobre a teoria da complexidade no que envolve o assunto da relação do câncer de colo de útero à alimentação, identificarmos vários fatores que influenciam o desenvolvimento da enfermidade até então pouco discutidos, se entendermos essa questão através de todos os fatores envolvidos podemos aperfeiçoar a prevenção e o tratamento do câncer de colo de útero. Assim tentar garantir uma melhor qualidade de vida as mulheres e um atendimento mais adequado e humanizado.

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4.Declaração de direitos ​​ 

 O(s)/A(s) autor(s)/autora(s) declara(m) ser detentores dos direitos autorais da presente obra, que o artigo não foi publicado anteriormente e que não está sendo considerado por outra(o) Revista/Journal. Declara(m) que as imagens e textos publicados são de responsabilidade do(s) autor(s), e não possuem direitos autorais reservados à terceiros. Textos e/ou imagens de terceiros são devidamente citados ou devidamente autorizados com concessão de direitos para publicação quando necessário. Declara(m) respeitar os direitos de terceiros e de Instituições públicas e privadas. Declara(m) não cometer plágio ou auto plágio e não ter considerado/gerado conteúdos falsos e que a obra é original e de responsabilidade dos autores.

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5.Referências

  • Baeta, Sanny Rhemann; MELO, Walter. O apoio matricial e suas relações com a teoria da complexidade. Ciênc. saúde coletiva,  Rio de Janeiro ,  v. 25, n. 6, p. 2289-2295,  June  2020.

  • Buss, P.M. Globalização, pobreza e saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v.12, n.6, p. 1575-1589, 2007.

  • Dutra-Gomes, Rodrigo; Vitte, Antônio Carlos. Geografia, complexidade e construções epistemológicas na América LatinaCuad. Geogr. Rev. Colomb. Geogr. , Bogotá, v. 29, n. 1, pág. 3-15, junho de 2020. 

  • Garcia-Closas, Reina, Castellsague, Xavier, Bosh, Xavier, Gonzalez, Carlos A. The role of diet and nutrition in cervical carcinogenesis: A review of recente evidence. Int. J. Cancer:117, 629-637, 2005.

  • Hernandez, Brenda. Mcduffie, Katharine. Wilkens, Lynne R., kamemoto, Lori. Goodman, Marc T., Diet and premalihnant lesions of the cérvix:evidence of a protective role for folate, riboflavina, thiamin, and vitamin B12. Cancer causes and control 14: 859-870, 2003.

  • Jaimes, Emigdio et al . Estado nutricional en pacientes con cáncer cervico-uterino al ingreso hospitalario. Rev. chil. nutr.,  Santiago ,  v. 46, n. 1, p. 10,  feb. 2019.

  • Morin, Edgar. Introdução ao Pensamento Complexo. Porto Alegre: Ed. Sulina, 120 p. Capítulo 1. A inteligência cega. 2005.

  • Tomita, Luciana Y., Filho, Adhemar L., Costa, Maria C., Andreoli, Maria A. A., Villa, Luisa L., Franco, Eduardo L., Cardoso, Marli A. Diet and sérum micronutrientes in relation to cervical neoplasia and câncer among low-income Brazilian women, International Journal of Cancer: 126, 703-714, 2010.

  • Koshiyama, Masafumi. The effects of the dietary and nutriente intake on gynecologic cancers. Healthcare 2019.

     

1

Universidade Alto Vale do Rio do Peixe

2

Universidade Alto Vale do Rio do Peixe


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