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ISSN: 2595-8402

Journal DOI: 10.61411/rsc31879

REVISTA SOCIEDADE CIENTÍFICA, VOLUME 7, NÚMERO 1, ANO 2024
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ARTIGO ORIGINAL

Percepção social da geodiversidade: identidade patrimonial e relações de pertencimento

Claudenice Martins de Freitas1; Rosemy da Silva Nascimento2

 

Como Citar:

DE FREITAS, Claudenice Martins; NASCIMENTO, Rosemy da Silva. Percepção social da geodiversidade: identidade patrimonial e relações de pertencimento. Revista Sociedade Científica, vol.7, n. 1, p.3855-3889, 2024.

https://doi.org/10.61411/rsc202465717

 

DOI: 10.61411/rsc202465717

 

Área do conhecimento: Interdisciplinar.

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Palavras-chaves: Geodiversidade; Geoconservação social; ​​ Percepção abstrata; Pertencimento; Praia de Itaguaçu; Florianópolis.

 

Publicado: 25 de agosto de 2024.

Resumo

Geoconservação representa um conjunto de etapas que visam identificar e gerir o geopatrimônio. Durante esse processo percebe-se a inexistência das comunidades locais em etapas como a seleção e a avaliação. Dá preocupação com essa ausência e o entendimento da relevância dessas comunidades em conservar esse geopatrimônio, emerge o discurso que utiliza como base auxiliar a caracterização da função social atribuída aos objetos geológicos, a percepção abstrata desse patrimônio. Entende-se que o papel social atribuído a esses objetos, por comunidades fora das geociências, precisa ser avaliado e considerado nas estratégias de geoconservação. Assim, questiona-se a existência de reconhecimento e qual o papel social do ponto Mirante da praia de Itaguaçu como patrimônio por moradores locais. Com isso objetivou-se analisar a percepção social e o reconhecimento do ponto mirante da praia de Itaguaçu, ponto ITA, como patrimônio por moradores locais. Como base teórica a pesquisa apoia-se em estudos de geoconservação social, identificação da percepção patrimonial a partir da inclusão das comunidades locais em todas as etapas da geoconservação e os valores atribuídos aos objetos geológico-geomorfológicos através da sua apropriação social. Parte-se de uma pesquisa qualitativa tendo como estratégia de coleta de dados a aplicação direta de formulários mistos e análise de dados através da análise de conteúdo temática e categorial. O corpus distribui-se em 15 participantes, sendo 7 moradores do bairro MB ​​ de Itaguaçu e 8 moradores de outros bairros MOBs de Florianópolis. Os resultados apontam o reconhecimento do ponto ITA como patrimônio, bem como os motivos e valores, e uma ligação de pertencimento pessoal, com o lugar através das relações histórico-afetivas e identitárias para com o ponto e sua paisagem simbólica. Como contribuição esse trabalho mostra a percepção social dos MB e MOBs a cerca do sítio de geodiversidade Afloramentos rochosos da praia de Itaguaçu, ponto ITA, indicando um conhecimento da cultura local e uma curiosidade desses participantes em saber como se formaram as feições que moldam as pedras-bruxas.

 

 

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Social perception of geodiversity: heritage identity and relationships of belonging

Abstract

Geoconservation is a set of steps aimed at identifying and managing geoheritage during this process, local communities are absent from stages such as selection and evaluation. Concerned about this absence and the understanding of the importance of these communities in conserving this geoheritage a discourse emerges that uses the abstract perception of this heritage as an auxiliary basis for characterizing the social role attributed to geological objects. It is understood that the social role attributed to these objects, especially their selection and evaluation by communities outside the geosciences, needs to be assessed and considered in geoconservation strategies. Thus, the existence of recognition and the social role of the Itaguaçu beach viewpoint as a heritage site for local residents are questioned. The objective was to analyze the social perception and recognition of the Itaguaçu beach viewpoint, ITA point, as a heritage site by local residents. As a theoretical basis, the research is based on studies of social geoconservation, identification of the perception of heritage based on the inclusion of local communities in all stages of geoconservation and the values attributed to geological-geomorphological objects through their social appropriation. It is based on qualitative research, with direct application of mixed forms as the data collection strategy and data analysis using thematic and categorical content analysis. The corpus consists of 15 participants, 7 of whom live in the MB neighborhood of Itaguaçu and 8 from other MOB neighborhoods in Florianópolis. The results point to the recognition of the ITA point as a heritage site, as well as the motives and values, and a connection of personal belonging with the place through historical-affective and identity relationships with the point and its symbolic landscape. As a contribution, this work shows the social perception of MB and MOBs around the geodiversity site Rocky outcrops of Itaguaçu beach, point ITA, indicating knowledge of the local culture and the participants' interest in the formation of the features that shape the witch-stones.

Keywords: ​​ Geodiversity; Social geoconservation; Abstract perception; Belonging; Itaguaçu Beach; Florianópolis.

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1. Introdução

Os termos geodiversidade e geoconservação evoluíram em paridade com o de biodiversidade [1] e vêm se estabelecendo e constituindo um quadro de pesquisas que se consolida e se diversifica [2]. A geoconservação configura-se como um conjunto de estratégias para conservação dos elementos das geodiversidade através da sua identificação, proteção e gestão [3]. Representam diretrizes recentes nas ciências da Terra, com pouco mais de 30 anos [4]; [5].

Os objetivos da geoconservação seguem dois campos não excludentes. Um campo de conservação puramente física com base em locais considerados relevantes como resultado dos processos de inventário e valoração científicos [6]; [7] e outro com base nas diretrizes dos geoparques em que existe um processo de integração de todo o patrimônio circundante, e os critérios de valoração, deve incluir as relações entre a cultura e as feições físicas, caso existam [8].

Os primeiros podem ser exemplificados com Sharples [6]; [7] ao considerar (a) proteger/conservar e assegurar a manutenção da geodiversidade, (b) prevenir e minimizar riscos de degradação locais de interesse relevante para a geoconservação, (c) reduzir os impactos adversos em locais considerados importantes para a geoconservação, (d) contribuir para a manutenção da biodiversidade e dos processos ecológicos dependentes da geodiversidade e (e) auxiliar na divulgação e interpretação da geodiversidade para visitantes e usuários locais. Esta base está relacionada à geodiversidade e embora existam relações com a biodiversidade, deve ser daquela porção considerada de interesse relevante e a sua divulgação serve ao conhecimento e importância do local em termos da história evolutiva da Terra, em seu aspecto científico.

​​ A segunda abordagem restringe-se aos territórios de geoparques, e apresenta diretrizes para o envolvimento social das comunidades inseridas nesses territórios, considerando além dos critérios científicos, educativos os fatores culturais no processo do planejamento das estratégias de geoconservação e sua relação como desenvolvimento sustentável local [8]. As estratégias dependem dos processos de inventariação e da sua valoração conforme diretrizes estabelecidas pela Unesco.

Independente da abordagem adotada existe um consenso com relação às etapas de geoconservação e seu objetivo em proteger e/ou conservar as feições patrimoniais ameaçadas por pressões antrópicas e/ou naturais [8]; [7]. Bem como o entendimento de que essas estratégias conservacionistas por si mesmas não constituem garantias de conservação [9].

Sob essa perspectiva, para que haja uma relação de pertencimento [10] que justifique o envolvimento dos moradores locais num processo de conservação e/ou preservação de um patrimônio [11] é preciso um processo histórico para criar vínculos com fatos, mudanças ao longo de um tempo, onde se estabelecesse relações pessoais que despertassem memórias, afetos e apegos com o lugar [12]. Tendo em vista que isso reside no processo de escolha do que será considerado patrimônio [13].

Partindo da visão supracitada, observa-se um avanço no que concerne à categoria patrimônio através da inserção de categorias resultado das ações humanas, uma vez que a cultura passa a ter respaldo [14]; [15]. Ação essa ampliada no Artigo 216 da Constituição Federal de 1988, no qual se passa a valorizar também a imaterialidade das formas de expressões, dos modos de fazer, dos saberes, as diferentes celebrações e aos locais onde a sociedade realiza suas atividades cotidianas e enraízam sua herança cultural [16]. Com isso a categoria patrimônio passou a ser visto por uma dimensão tangível (material) e uma intangível (imaterial) [13] e a ser denominado de patrimônio cultural [16].

Esse “patrimônio” apresenta distintas adjetivações que o coloca nas mais diferentes áreas, por isso podemos ter patrimônio econômico, industrial, genético, arquitetônico, cultural, artístico, etnográficos, ecológico, paisagístico, cênico, utilitários, religiosos, dentre outros [14]; [16]. Sua natureza distinta abrange tanto o coletivo como o individual e está vinculado a um processo histórico, construído no tempo por intermédio ou indicação de alguém ou ente público [17].

As dimensões material e imaterial do patrimônio cultural [16] são conceitualmente entendidas como complementares, uma vez que o significado atribuído à parte material representa sua imaterialidade e é indissociável para a compreensão do caráter do bem perante a sociedade [18].

O patrimônio cultural brasileiro apresenta diferentes adjetivações, como já mencionado anteriormente, e podemos abstrair da Constituição Federal brasileira (CF) [16] e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) [14] as seguintes categorias que representam conjuntos urbanos ou sítios com valores: arqueológico, paisagístico, artístico, histórico [16]; [14], paleontológico, ecológico, científico [16] e etnográfico [14].

A inclusão dos patrimônios intangíveis (imateriais) [16]; [19] passa a fazer parte dos processos de inventários dos quadros patrimoniais brasileiros [20]. Permitindo o início de um processo de socialização das escolhas patrimoniais dando voz às comunidades locais ao lado de especialistas [21]. O que não se percebe com as etapas de geoconservação do patrimônio geológico.

Apesar dos trabalhos cada vez mais detalhados da geodiversidade, elementos abiótico da natureza, e pedidos para que os geossítios, sítios de geodiversidade ou locais de interesse patrimonial sejam protegidos e/ou conservados [22] a relação entre geocientistas e a sociedade no que tange às estratégias de geoconservação aponta um paradoxo. A seleção e a avaliação do geopatrimônio são realizadas sem a participação das comunidades locais [23] [24] [25] [26] [27] [28]. Contudo, ao final do processo, esses especialistas, indicam a necessidade de ações da sociedade geral para a conservação do geopatrimônio por eles selecionado [29].

Sobre esse contexto emerge um discurso de inclusão dos diferentes atores sociais em todas as etapas de geoconservação [30]. Que vem se aprimorando e apontando como ponto basilar da integração entre geocientistas e sociedade geral, a percepção social da natureza [31] [32]. Cerne para o fomento de políticas públicas, constituição de instrumentos legais de conservação da natureza através da sociedade geral [33]; [30].

Sendo assim, o papel social atribuído aos objetos geológicos em especial sua seleção e avaliação por comunidades fora das geociências precisa ser avaliado e considerado nas estratégias de geoconservação [34] [13]. Esse papel social da geoconservação está representado no Sistema de classificação integrado do geopatrimônio de Pena-Reis e Henriques [33] [34] pela sua componente social, a percepção abstrata. Essa, avalia como as comunidades locais percebem o geopatrimônio do seu entorno, gerando devolutivas para sua conservação [30].

O papel social que as comunidades locais atribuem ao geopatrimônio inicia pelo conhecimento dos motivos que levam uma pessoa a visitar um lugar [30] [35]. Uma vez que esses expressam relações pessoais com o local e/ou com outros frequentadores [10] o que pode representar experiências positivas ou negativas [35]. Informações sobre como os moradores locais se relacionam com suas áreas de lazer, podem indicar relações de pertencimento [12]; [37]; [10] [38] base para ações de preservação e/ou conservação para com o lugar [11], [13]; [30].

Conservar ou preservar um patrimônio requer além de um transmissor(a) que haja também um receptor(a). Por isso, Chagas [39] esclarece a noção de transmissão e recepção como conceitos fundamentais á noção de patrimônio. A transmissão é o fato de passar algo diacronicamente de um tempo para outro, de uma geração para outra e a recepção ligada à noção de que precisa existir alguém para receber esse patrimônio. Por isso, ele afirma que:

Não basta transmitir (voluntária ou involuntariamente), é preciso que alguém receba (voluntária ou involuntariamente). Todo e qualquer patrimônio só se constitui quando se estabelecem vínculos entre o transmitir e o receber, sabendo que receber implica o compromisso de uma nova transmissão (p. 4) [39].

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Nesse sentido o papel social da geoconservação não é apenas de estabelecer estratégias para o desenvolvimento local, mas o de garantir que haja pessoas comprometidas na perpetuação da noção abstrata daquele patrimônio [30]. Esses patrimônios precisam “evocar no espectador as forças culturais complexas e dinâmicas das quais ele emergiu e das quais ele é, para o espectador, o representante” [40]. Uma vez que os “bens culturais não têm em si sua própria identidade, mas a identidade que os grupos sociais lhes conferem” [41]. Residindo a necessidade de se compreender as relações sociais sincrônicas e diacrônicas com esse patrimônio [39].

Com base na apropriação social do patrimônio [9] e o entendimento sobre a seleção do patrimônio e seu reconhecimento pela comunidade local [30] através da ressonância [39]; [40] parte-se do inventário da geodiversidade do município de Florianópolis realizado por Covello (2018) [42] em que foi selecionado o ponto ​​ Afloramentos rochosos da praia de Itaguaçu e levantado questionamento acerca da existência de um reconhecimento por parte dos moradores locais desse ponto como patrimônio. A pesquisa teve como objetivo analisar a percepção social e o reconhecimento do ponto mirante da praia de Itaguaçu, ponto ITA, como patrimônio por moradores locais.

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2. Descrição e localização da área de estudo – Ponto mirante da praia de Itaguaçu- ponto ITA

O bairro de Itaguaçu, onde se situa o ponto do mirante da praia de Itaguaçu (Figura 1), doravante chamado de ponto ITA, localiza-se na porção continental do município de Florianópolis, no distrito sede Continente [43] e população de 1017 homens e 1097 mulheres num total de 2114 habitantes [44].

 

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Figura 1-Localização do ponto Mirante-Trapiche da praia de Itaguaçu- Ponto ITA

Fonte: Frozza e Freitas (2023)

 

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De acordo com o Plano Diretor de Florianópolis o bairro contempla zona residencial preferencial (ARP), zona residencial mista (ARM), zona mista central (AMC) e área verde de lazer (AVL) conforme lei 739/2023 [45]. O bairro apresenta poucas áreas verdes de lazer (AVL), com destaque para a orla praial com calçadas e trapiches de madeira e o ‘parque urbano’ da praia das Palmeiras, na divisa com o bairro Bom Abrigo a Oeste [44].

O bairro apresenta intensa urbanização, infraestrutura e serviços urbanos como o fornecimento de água pela rede geral de distribuição, serviços de limpeza urbanos coletados pelo serviço público, vias de acesso pavimentado e transporte público [44]; [45].

Culturalmente o bairro de Itaguaçu faz parte da rota gastronômica de Florianópolis e do turismo de visitação incentivado pela cultura bruxólica inspirada e fomentador por Franklin Cascaes seu ilustre morador. A lenda das bruxas disseminada por ele e por Gelci José Coelho (Peninha) faz parte dos atrativos culturais não só de Itaguaçu, mas de toda a Ilha de Florianópolis.

As rochas que formam a base da atração da praia de Itaguaçu geomorfologicamente são matacões de granito Ilha aplainados e chamados de inselbergs de matacões ou tor [47]. Formados em subsuperfície por ação do intemperismo diferencial e controlados pelo nível freático, no caso de Itaguaçu por influência das oscilações do nível do mar ao longo do Quaternário [42]; [47]. Nesse período devido à ação do intemperismo em subsuperfície, a água penetrava ao longo das fraturas, fragilizando uma faixa de rocha adjacente alterando-a para saibro. A ação dos agentes erosivos na rede de fraturas que compõe o granito favoreceu o rebaixamento da superfície provocando a remoção do saibro entre os núcleos rochosos, com isso os matacões são desenterrados e originam os tors [47]. ​​ 

De outra forma a origem dessas rochas empilhadas é explicada por Gelci José Coelho, o Peninha, através da lenda do Baile das Bruxas de Itaguaçu. E o local onde se encontram as pedras-bruxas é conhecido como Salão de Festas das Bruxas de Itaguaçu. Na lenda, as pedras, da praia de Itaguaçu seriam bruxas petrificadas pelo diabo por não o terem convidado para o baile.

A lenda conta que as bruxas queriam fazer uma festa aos moldes da alta sociedade. O local para a festa seria a praia de Itaguaçu, o mais belo cenário da Terra. Todos seriam convidados, os lobisomens, os vampiros, as mulas sem cabeça, os curupiras, os caiporas, os boitatás e outros. As bruxas decidiram não convidar o diabo pelo seu odor de enxofre e pelas atitudes antissociais, pois exigia que as bruxas lhe beijassem o rabo como forma de firmar seu poder. Deu-se a festa e tudo se desenrolava, quando surge o diabo, raivoso por não ter sido convidado. As bruxas tentam fugir, mas o diabo as castiga, transformando-as em pedras grandes, que até hoje flutuam nas águas do mar da praia de Itaguaçu.

Pela junção entre beleza natural, paisagística e cultural, a orla de Coqueiros e as Pedras de Itaguaçu, haviam sido tombadas em 2014 pelo patrimônio histórico e cultural de Florianópolis, mas o decreto foi revogado em 2015 [48].

O ponto do mirante da praia de Itaguaçu foi selecionado pelo caráter público, presença de estrutura para observação, ser paisagístico e de fácil acesso tanto por veículo particular como por transporte público. Seu acesso é pela Rua Desembargador Pedro Silva, sem opção de estacionamento no ponto em frente ao mirante-trapiche, do ponto ITA. É um local em que a acessibilidade para deficientes visuais e/ou cadeirantes é dificultada, uma vez que não apresenta infraestrutura adequada para essas pessoas.

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3.Delineamento metodológico

O Sistema integrado de classificação do patrimônio geológico caracteriza-se como um método que qualifica o conteúdo dos objetos geológicos em um sistema aberto, sem ranqueamento que admite sobreposição de conteúdos para um mesmo objeto geológico [33]. Envolve as componentes, Grau de relevância representando a componente geocientífica e a Percepção abstrata como a componente sociológica do método. Apresenta-se, até o momento, composto pelos conteúdos indicial, iconográfico, simbólico, documental, cênico, conceitual e universal [34].

O conteúdo indicial tem natureza material, escala local e indica um processo geológico e sua representação como registro material; o conteúdo iconográfico, de natureza cognitiva e escala local representa estruturas que mantém uma relação clara entre um evento natural e seus efeitos no registro geológico; o conteúdo simbólico tem natureza social e escala local guardando relação com a cultura e os aspectos paisagísticos, históricos e/ou a geográficos; o conteúdo documental tem natureza representativa e escala regional, demonstra mudanças ocorridas na região, testemunhos de processos e fenômenos geológicos formadores e modeladores da área; o conteúdo cênico tem natureza social, escala regional e uma elevada fruição recreativa e turística; o conteúdo conceitual tem natureza cognitiva, escala global e representa marcos materiais e teóricos para a ciência geológica; por fim o conteúdo universal representaria [33].

O Grau de relevância envolve os conhecimentos geocientíficos desenvolvidos em meios acadêmicos, órgãos governamentais e privados. Conhecimento que se distribui nas distintas áreas das geociências envolvidas com a temática da geodiversidade. [34]. Os conteúdos iconográfico, documental e conceitual podem ser considerados representativos dessa componente [33].

A componente social do método, a Percepção abstrata, embasa-se em dados sociológicos extraídos de formulários, questionários e entrevistas aplicados a frequentadores, moradores locais, empresários e representantes governamentais [30]. Inclui ainda busca documental de conteúdo histórico local contado em jornais, revistas, cartas, uso como toponímias, uso em cédulas oficiais e cartão postal, usos que configuram uma relação histórica com o lugar [31].

Os usos do lugar por moradores locais podem indicar o tipo de relação que desenvolveram ao longo do tempo [36]. Relações essas tomadas como base para pensar propostas de conservação e/ou preservação [30], uma vez que o papel social de um lugar depende dos sentidos e significados atribuídos ao lugar e seus atributos [9].

A análise da percepção abstrata pode ser aplicada a diversos contextos, dentre eles o de detectar necessidades de melhorias sob o foco dos moradores locais, proposta de gestão compartilhada do patrimônio e o fomento para desenvolver a economia local sob o foco do turismo [30][31]. A presente pesquisa centrou-se na componente sociológica do sistema integrado especificamente sobre a percepção dos moradores locais e o papel social por eles atribuído ao ponto mirante da praia de Itaguaçu.

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3.1 Descrição dos procedimentos de coleta e análise de dados

Essa pesquisa se apresenta como qualitativa [49] na qual se investiga a experiência subjetiva dos participantes em seu contexto cotidiano de visitas ao local. Teve como instrumento de coleta de dados a aplicação direta de formulários mistos [50] no mirante da praia de Itaguaçu. E como técnica de análise de dados a análise de conteúdo temática e categorial segundo Bardin (2016) [51] de acordo com as etapas da figura 1 e organizados em tabelas e gráficos.

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Etapas da análise de conteudo Bardin 2016.png

Figura 2- Etapas básicas da análise de conteúdo de Bardin (2016)

Fonte: Adaptado de Bardin (2016) e BioSapientia (2022). Diagramação: Autora (2024)

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As categorias de análise foram estabelecidas de acordo com as diretrizes de Bardin (2016) [51] considerando como unidade de contexto (UC) a resposta completa da pergunta e unidade de registro (UR) a unidade significativa da UC. O processo de categorização envolve a seleção das UR, o agrupamento das UR por semelhanças, o estabelecimento de ajustes semânticos das UR, a composição dos eixos temáticos e por fim a construção das categorias de análise, como demonstrado no quadro 1para as perguntas 4 (P4), 6 (P6) e 10(P10). Pelo quadro 1 é possível identificar as similaridades da UR e suas aproximações semânticas, que irão compor as categorias.

Utilizando como exemplo de categorização a P4 percebemos que foram extraídas as partes significativas que remetem a paisagem natural tais como: beleza natural, o mar, as pedras, lugar bonito, a natureza e a paisagem. Por ajuste semântico essas características formam os eixos temáticos Beleza natural (beleza natural, lugar bonito) e Paisagem natural (pedras, mar, natureza, paisagem). A junção dos eixos temáticos (Beleza natural e Paisagem natural) forma a categoria de análise Observar a paisagem natural. As demais questões seguem esse procedimento de seleção, ajuste e categorização. As categorias de análise e sua descrição para cada pergunta estão exemplificadas na sessão de resultados e discussão.

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Quadro 1- Exemplo do movimento de ajuste semântico e categorização dos dados – ponto ITA

Pergunta

UC

(resposta

completa)

UR

(parte significativa da UC)

Ajuste

Semântico

Eixo

​​ temático

Categoria de análise

Pergunta 4 (Motivo da visita)

Beleza natural. Tranquilo. Lugar aberto

Beleza natural

Beleza natural

Beleza natural

Observar a paisagem natural

O mar, as pedras. É mágico. É o lugar mais bonito de Florianópolis.

O mar, as pedras [...] lugar mais bonito [...]

Lugar bonito

Paz. A natureza, a paisagem.

A natureza, A paisagem.

Paisagem

natural

Paisagem natural

 

Pergunta 6

​​ (valores

​​ atribuídos)

Beleza de plenitude. Recanto natural. Valor máximo de aproveitar a beleza do Planeta.

Beleza de plenitude. Recanto natural.

Beleza natural

Estético (belo)

Estético - paisagístico

Beleza e a história das pedras

Beleza

Beleza. E bom para ficar até o final da consulta.

Beleza

Pergunta 10 (patrimônios e justificativas)

Praias (42) [...] Ecossistemas.

Praia, ecossistemas

Elementos

​​ abióticos

 

Natureza

Sítios

naturais

Praia de Itaguaçu, Praia das Palmeiras, Pedras

Praia de Itaguaçu

Praia das Palmeiras

Pedras

Fonte: Formulários; Produção Autora (2024)

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A etapa de pré-análise envolveu a sistematização dos dados brutos para a definição do corpus (amostra) a partir da visão geral dos dados e definir aqueles que seriam analisados, por inclusão ou exclusão. Para a composição do corpus foram excluídos os visitantes e turistas, por não fazerem parte dos objetivos da pesquisa. O corpus foi composto por participantes que responderam os formulários no ponto do mirante da praia de Itaguaçu sendo moradores do bairro (MB) e moradores de outros bairros (MOB).

A etapa de leitura flutuante identifica elementos iniciais que irão compor as análises, uma ponte para leitura em profundidade, e verificar se as respostas são pertinentes e podem ser usadas nas análises. Na referenciação dos dados se estabelecem códigos para auxiliar na identificação dos participantes. Foi estabelecido o seguinte código: ITA MBM2 RP1: ITA (referência ao ponto Itaguaçu), MB (Morador do Bairro de Itaguaçu), M(Gênero masculino), 2 (segundo participante catalogado); ITA MOBF4 RP1: ​​ ITA (referência ao ponto Itaguaçu), MOB (Morador de Outro Bairro de Florianópolis), M(Gênero feminino), 4 (quarta participante catalogada); RP1 (Resposta a Pergunta 1). Não houveram outros tipos de gênero, por isso trouxemos apenas o masculino e o feminino.

A etapa de codificação representa o levantamento das UC e UR que comporão a análise. A UR representa a unidade significativa, informação principal, da UC. As UR para essa pesquisa foi o “tema”. Já a etapa de categorização representa o agrupamento de UR sob as quais se estabeleceu significação para nomear os resultados por ajustes semânticos.

O contexto da pesquisa envolveu 23 participantes que responderam um formulário misto com 20 perguntas. Do total dos participantes foram selecionados os moradores do bairro de Itaguaçu (MB) e os moradores de outros bairros de Florianópolis (MOBs) para compor o corpus dos participantes. Os demais participantes visitantes e turistas, não foram incluídos uma vez que o escopo da pesquisa estava voltado para os moradores de Florianópolis.

O corpus da pesquisa está representado por 15 participantes distribuídos em 7 moradores do bairro de Itaguaçu (MB) e 8 moradores de outros bairros de Florianópolis (MOB). Os formulários foram aplicados no período de uma semana no mirante trapiche da praia de Itaguaçu, no período das 16:00 ás 20:00. Os participantes responderam os formulários nos anos de 2022 e 2023 a saber: 15/03/22 3 participantes; 17/03/22 3 participantes; 20/03/22 1 participante; 06/02/23 3 participantes; 08/02/23 1 participante; 10/02/23 1 participante; 24/02/23 3 participantes. Foram aplicados no período das 16:00 às 18:00 horas no inverno e das 16:00 às 20:00 no verão.

Vale ressalva que devido à obrigatoriedade em assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) a adesão foi reduzida, havendo desistência quando esse procedimento era avisado.

Para essa pesquisa foram exploradas as perguntas 4 (O que o motiva vir a esse lugar?), 6 (Esse lugar tem algum valor/significado para o senhor(a)?)) e 10 (Considera algum local de Florianópolis como patrimônio?). Essas perguntas remetem ao descobrimento sobre os motivos para visitação, os valores atribuídos ao local e se eles consideravam algum local de Florianópolis como patrimônio. Com essa última pergunta aberta, havia a intenção de verificar se eles espontaneamente escolheriam o local como patrimônio, evitando induzir os participantes a escolherem o ponto ITA. ​​ Aliado a isso, ter um quadro geral da visão dos patrimônios de Florianópolis sob a visão desses participantes.

Essa pesquisa é parte integrante da tese de doutoramento aprovada no conselho de ética da Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC para sua execução com parecer número 5.270.883.

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4. Análise e ​​ e discussão dos resultados

Os formulários aplicados no mirante-trapiche da praia de Itaguaçu foram respondidos por 15 participantes, 7 moradores do bairro de Itaguaçú (MB) e 8 moradores de outros bairros de Florianópolis (MOBs). Desses verifica-se que 4 são de bairros próximos à praia de Itaguaçu como os bairros Bom Abrigo(1), Abraão(1) e Coqueiros(2) e Capoeiras(1), todos do distrito Sede-Continente. Os demais participantes distribuem-se nos distritos do Campeche (2) e do Distrito do Ribeirão da Ilha (1) situados na porção Sul da Ilha de Florianópolis. Foram 4 participantes do gênero masculino e 3 do gênero feminino para os MB e 5 do gênero feminino e 3 do gênero masculino para os MOBs.

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Quadro 2- Descrição das categorias de frequências para MB

Categoria

Descrição da categoria

Sempre morou

Participantes que moram no local desde seu nascimento

Menos de 5 anos

Moradores que moram no local a menos de 5 anos

Entre 5 e 10 anos

Moradores que moram no local no período entre 5 e 10 anos

Mais de 10 anos

Moradores que moram no local a mais de 10 anos e não nascidos em Florianópolis.

Fonte: Formulários: Autora (2024)

 

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O tempo de moradia, quadro 2, foi aplicado somente para MB e demonstrou que 3 participantes sempre moraram no bairro, 3 moram de 5 a 10 anos e 1 mora a menos de 5 anos. Não houve menção para moradia a mais de 10 anos. Todos frequentam o local diariamente.

Os motivos que levam os participantes ao local distribuem-se de forma igualitária em 10 respostas de um total de 20 motivos conforme as 5 categorias descritas no quadro 3 e compiladas nos gráficos 1 e 2.

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Quadro 3​​ - Descrição e UR que compõem as categorias e subcategorias para os motivos da visita (P4) – Ponto ITA

 

Categoria

Descrição das categorias

1

Observar a paisagem

Categorias que remetem à paisagem natural ou mista através de palavras que as designam literalmente ou que remetem a esse entendimento. Com UR que remetem à paisagem, elementos abióticos ou qualidade estética, como: beleza, beleza natural, a vista, a paisagem, lugar sem si, o mar, as pedras, o lugar aberto, natureza.

2

Conexões com a natureza

Remete às sensações pessoais individuais, ao estado de espírito e a uma emoção ou qualidade atribuída ao lugar. Envolve UR de cunho introspectivo como: tranquilo, calmaria, paz, troca de energia, mágico, reflexão, registro de memórias (fotos), bem- estar, descanso, serenidade, acalmar a mente, sossego, pouca gente, acolhimento.

3

Ser morador, família e amigos

Remete às resposta dos participantes que foram ao local por indicação de familiares, amigos, por conhecer o lugar e também por já ser morador do bairro ou outro bairro.

4

Acesso e rota de passagem

Inclui UR que remonta ao uso do lugar como meio para chegar a outro lugar, como ponto de apoio temporário tais como: esperar, passagem para casa, está na rota, é meu caminho.

5

Trabalho e serviços locais

Inclui UR que remetem a estar no lugar por ser local de trabalho, próximo dele ou para resolver negócios particulares, feira de artesanato, culinária, lojinhas, café, sorveteria.

Fonte: Formulário; Autora (2024)

Os MB, conforme gráfico 1, ​​ visitam o lugar para Observar a Paisagem com 50,0%(5), Trabalho e Serviços Locais com 30,0%(3) e com 10,0%(1) tem-se Conexão Com a Natureza e Ser Morador, Familiar e Amigos cada. Sem representação para a categoria Acesso e Rota de Passagem. Já os motivos para MOBs, gráfico 2, distribuem-se entre Conexões Com a Natureza com 50,0%(5), Observar a Paisagem com 20,0% (2), Acesso e Rota de Passagem também com 20,0%(2), Trabalho e Serviços Locais com 10,0%(1) e sem representação para ser Morador, Familia e Amigos. Dados compilados de acordo com os gráficos 1 e 2.

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Os MB e MOBs visitam o ponto ITA majoritariamente pela paisagem natural e pela relação de bem-estar e afetividade que essa lhes proporciona [35]; [52]. O lugar é visto como um ambiente tranquilo o que remete a segurança, componente essencial para a sensação de bem-estar [36]. Ademais as UR tranquilidade, paz e calmaria juntas foram mencionadas 5 vezes em parceria com elementos naturais ou a natureza. Como se pode perceber nas falas de ITA MBF20 RP4 e ITA MBM10 RP4 a seguir:

 

“O mar, as pedras. É mágico. É o lugar mais bonito de Florianópolis.” (ITA MBF20 RP4); Paz. Troca de energia. Tudo. (ITA MBM10 RP4); Beleza natural. Tranquilo. Lugar aberto (ITA MOBF5 RP4); Paz. A natureza, a paisagem (ITA MOBF 15 RP4).

 

Esse comportamento de destaque para a paisagem natural também acompanha a UR “trabalho”. Nas falas de ITA MBMF14 RP4 e ITA MBM23 RP4 temos, “Trabalho e o lugar em si” e “Beleza natural. Trabalho” respectivamente. Vale um destaque para a categoria Ser morador, familiar e amigos que apesar de ter apenas um representante, chama a atenção o motivo que leva o participante ITA MBM2 RP4 ao lugar que é o fato dele ter “nascido” ali, o que nos remete a dois pilares do sentimento de pertencimento, o lugar e as relações pessoas com esse lugar [12].

Os motivos elencados tanto por MB e MOB demonstraram relações pessoais com o local [36] o que representa experiências positivas [10]. Por isso, essas indicam sentimentos de pertencimento, base para ações de preservação e/ou conservação para com esse lugar [11] através dos afetos construídos e manifestos em suas falas.

Outro fator diz respeito às histórias interconectadas entre presente, passado e futuro, em termos de memórias passadas e construções de outras novas por parte das gerações que as frequentam no momento presente [10]. ​​ Um legado a ser deixado para as novas gerações que pode estabelecer ressonância e continuidade com o legado recebido [39]. Podemos atestar esse fenômeno através dos valores Cultural-simbólicos atribuídos nas falas a seguir:

.Planejamento. Escolhas de vida. Morava antes e voltei após comprar um apartamento aqui (ITA MBF 14 RP6); Reaproximação e paz de espírito para a família (ITA MBM23 RP6); Escolhi. Me sinto em casa. É um privilégio (ITA MBF16 RP6).

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Nas falas supracitadas, têm-se participantes que moram no bairro de Itaguaçu a menos de 10 anos, e tiveram experiências positivas ao visitarem o local, a ponto de mudar de Estado ou de bairro para estar no bairro de Itaguaçu [11]. Foi possível abstrair das suas falas expressões como “Escolhas de vida”, “Reaproximação”, “paz de espírito para a família” e “é um privilégio” que demonstram relações de apego para com o lugar selecionado como moradia [37].

Os motivos e os valores que levam à visitação de um lugar de certa forma estão interligados. Os valores ou significados atribuídos ao ponto ITA distribuíram-se em quatro categorias conforme gráficos 3 e 4 e o quadro 4. Nesse, tem-se a descrição de cada categoria para os valores ou significados estabelecidos na P6.

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Quadro 4​​ – Categorias de valores e signficados para a P6 – Ponto ITA

Categoria/Valor

Descrição da categoria

Subcategoria

Descrição da subcategoria

1

Cultural-

Simbólico

Expressa uma relação cultural. São valores /significados atribuídos pelas sociedades ao ambiente físico expresso através da existência de uma ligação entre o local e o ser humano e o seu desenvolvimento local, social e religioso.

Histórico-afetivo

Relações que envolvem as histórias e os sentimentos associados a memórias, histórias familiares, momentos marcantes bem como a escolha do lugar para moradia.

Bem-estar

UR que remetem á sensação de bem-estar expressa nas respostas como: relação que me faz bem, meu bem-estar.

Espiritual/ religioso

Relações de afeto ou suprassensoriais com o lugar tais como: paz, espiritualidade, troca de energia, energia boa, paz e espiritualidade sentida no lugar.

Simbólico

Remete UR que faz ligação a ​​ história do lugar em termos de lendas, folclores, cultural local: Ex.: as bruxas,

2

Estético-Paisagístico

Que remete ao visual de uma paisagem vista como um local para apreciação comunitária e/ou pessoal, função recreativa e contemplativa. Guarda importância por sua beleza natural com uma paisagem de relevância local. Inclui UR como; a vista, beleza, recanto natural, bonito.

3

Conservação e preservação

Remetem à valores de conservação, preservação ou gestão do local, como: preservação, conservação, cuidado, manter.

4

Lugar de Trabalho

Remete ao uso do lugar por motivo de trabalho

Fonte: Adaptado de: Henriques e Pena-Reis (2006, 2009) [[33]; [34], Pereira (2010) [1], Brilha (2005) [23], Gray (2004)[51] e CF (1988)[16]. Produção da Autora (2024)

 

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Observa-se pelo gráfico 3 que os valores atribuídos pelos MB distribuem-se em três das quatro categorias estabelecidas de um total de 8 respostas. A categoria Cultural-Simbólico representa 87,5% (7) das respostas, elencadas nas seguintes subcategorias: Histórico-Afetivo com 62,5% (5) e Simbólico com 25,0%(2) e sem representação temos as subcategorias Espiritual/Religioso e Bem-Estar; a categoria Estético–Paisagístico com 12,5% (1). Também não houve respostas para as categorias Lugar de Trabalho e Conservação-Preservação para MB.

Quanto aos MOBs estes se distribuem nas quatro categorias estabelecidas representando também 8 respostas. A categoria Cultural-Simbólico representa 25,0% distribuída nas subcategorias Espiritual-Religioso e Bem-Estar com 12,5% cada. Não houve seleções para as subcategorias Simbólico e Histórico-Afetivo. As categorias Estético-Paisagístico com 37,5%(3), Conservação-Preservação com 25,0%(2), e Lugar de Trabalho com 12,5% (1). Dados compilados conforme gráfico 4.

Os valores atribuídos pelos participantes guardam relação entre atributos naturais representados pela paisagem, o mar e as “pedras” marcas da praia de Itaguaçu e também com a cultura bruxólica, símbolo da praia. A junção entre as formações rochosas e sua simbologia cultural é demonstrada nas falas a seguir:

..

Beleza e a história das pedras (ITA MBF20 RP6); Relação que me faz bem. Relação com o mar que me faz bem (ITA MOBF17 RP6); Ascensão espiritual. Transmite algo que toca. As irmãzinhas (ITA MOBF15 RP6).

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Os valores atribuídos remetem ao valor Estético e sua natureza paisagística, aqui denominado Estético-paisagístico, da geodiversidade [52]. Através da ligação entre a paisagem e o ser humano expresso por valores espirituais, de bem-estar e contemplação, bem como o uso para a pesca e recreação. Corresponde à união entre paisagem natural e percepções sensoriais afetivas e históricas com o lugar [37]; [41]; [52].

Quanto aos valores expressos em Covello [42] guardam representações e expressões da cultura e geologia como visto nas falas de ITA MOBF15 RP6 e ITA MBF20 RP6, nomeadamente “história das pedras” e “[...] as irmãzinhas”. Temos alusão ás rochas graníticas pelo termo “pedras”, e à cultura vinculada a elas com as “irmãzinhas” como referência às bruxas imageticamente representadas nas rochas graníticas.

De uma forma geral os participantes do ponto ITA apresentam uma ligação de identidade com o lugar, tendo em vista que os mesmos demonstraram ligação histórico-afetiva com o mesmo [12]. Dá mesma forma o termo beleza citado antes do termo paisagem, traduz-se em indicativo de que a ligação estabelecida guarda dependência da condição de sua “beleza natural”, ou seu valor estético e paisagístico [52].

 

Motivos e valores atestam relações simbólicas e afetivas para com o lugar, mas ainda não remete à sua condição como patrimônio. Nesse sentido observa-se que os patrimônios selecionados na P10 entre MB e MOB representaram um total de 43 patrimônios, individualizados em 16 para MB e 27 para MOBs distribuídos em cinco categorias: Marcos Histórico-Arquitetônico, Conjuntos Urbanos-Localidades, Patrimônio Imaterial, Patrimônio Pessoal e Sítios Naturais. Descritas de acordo com o quadro 5, individualizados nos gráficos 5 e 6 para MB e MOB respectivamente e exemplificados no mosaico que compõe a figura 3.

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Quadro 5​​ - Descrição das categorias e subcategorias para P10 – Ponto ITA

 

Categorias

Descrição das categorias

1

Sítios naturais

Retrata o patrimônio natural, biótico e abiótico de Florianópolis. Por ​​ exemplo: as praias, o verde, as montanhas, os morros, os rios, as lagoas.

2

Patrimônio pessoal

Representa o patrimônio de natureza pessoa do participante, como por exemplo, sua casa ou qualquer outro por ele designado como seu patrimônio adquirido, ou sua posse.

3

Patrimônio imaterial

Exprime o patrimônio cultural imaterial do povo de Florianópolis, suas formas de fazer, criar e viver; a criação científica, artística e tecnológica, as formas de expressão; os locais de culto e festas.

4

Conjuntos urbanos - localidades

Representa conjuntos urbanos e localidades com características históricas do povoamento de Florianópolis e de seus cidadãos no que concerne à cultura oriunda da ancestralidade. Também inclui menções dos participantes a bairros e distritos que lhes trazem referências pessoais, familiares e dos seus afetos singulares. Incluir UR como: Ribeirão da Ilha, Santo Antonio de Lisboa, Canasvieiras, Coqueiros por exemplo.

5

Marcos histórico – arquitetônico

Representam marcos cultural da cidade de Florianópolis. Inclui referências ao processo de urbanização, aberturas de acessos e ao crescimento econômico da cidade e da sociedade expressa em seus monumentos arquitetônicos, construídos e referências para a população. Inclui a ponte Hercílio Luz, Praça XV de Novembro, Centro Histórico, Museu Cruz e Souza por exemplo.

Fonte: Formulário; Autora (2024)

 

 

Foi possível abstrair do gráfico 5 que os MB selecionaram as categorias Sítios naturais com 43,8% (7), Patrimônio Pessoal com 6,3%(1), Conjuntos Urbanos-Localidades com 25,0% (4) e Marcos Histórico-Arquitetônico também com 25,%(4). Sem ocorrências para Patrimônio Imaterial. Já os MOBs, de acordo com o gráfico 6, contam com 40,7% (11) para Sítios naturais, Patrimônio Imaterial com 7,4%(2), Conjuntos Urbanos-Localidades representa 14,8%(4) e Patrimônio Imaterial com 4,7%(2) e sem representação para a categoria Patrimônio Pessoal.

As justificativas para que os participantes selecionassem os patrimônios elencados na P10 distribuem-se conforme a categoria, sendo que alguns patrimônios não foram justificados. Por isso, as justificativas residem apenas sobre aqueles patrimônios justificados. Dito isso, o caráter histórico e identitário incidiu sobre Marcos Histórico-Arquitetônico, Patrimônio Imaterial, Patrimônio Pessoal e os Conjuntos Urbanos-Localidades. Sobre esse último uma única resposta para beleza natural e paisagística para a localidade do Pântano do Sul.

 

Praia de Itaguaçu (5).png

 

Figura 3- ​​ (1) -Sítio cultural Praia de Itaguaçu- Ponto ITA (A-Escultura das bruxinhas; B-Pedra da bruxa; C-Trapiche praia das Palmeiras); (2)Sitios naturais:D- Praia da Armação e ao fundo Ponta das Campanhs; E – Ilha Ratones Grande e Ratones Pequeno (ao fundo);F – Vista da Lagoa da Conceição ao fundo; (3) Marcos Histórico-Arquitetônicos: G – Mercado Público de Florianópolis, H – Ponte Hercílio Luz, I – Catedral Metropolitana de Florianópolis; (4) Patrimônio Imaterial – J – Renda de Bilro; Fotos – Autora (2024).

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Os patrimônios Sítios naturais foram selecionados pelo seu valor ecológico, beleza natural da paisagem e pela relação entre a história do povo local e o sitio selecionado como as praias, a Ilha toda, a ilha de Ratones que representam uma identidade do povo local e do patrimônio natural de Florianópolis.

O Sítio cultural praia de Itaguaçu foi selecionado por 5 participantes, 4 MB e 1 MOB, pela sua ligação com a cultura local, através das formas de expressão disseminadas na lenda das bruxas e por sua beleza natural paisagística. Representam 11,6% (5) do total das seleções com repetições, das quais 9,3%(4) são MB e 2,3%(1) foram MOBs.

A visão do ponto ITA como patrimônio, tanto para MB quanto para MOB, demonstrou que 1/3 dos participantes selecionaram a praia de Itaguaçu como patrimônio, confirmando sua inclusão por Covello [42] em seu levantamento. Os motivos para a escolha desse lugar como patrimônio apontam uma relação de pertencimento, devido à cultura bruxólica e a beleza do lugar, considerados como aquele que se escolheu para morar [10]; [12].

Depreende-se das análises entre a P10 e suas justificativas que os participantes demonstram um conhecimento a cerca do patrimônio histórico de Florianópolis.  ​​ ​​ ​​​​ Pode-se atestar essa afirmação através de exemplos como o Centro histórico de Florianópolis, a Praça XV de Novembro, Ponte Hercílio Luz e a Catedral Metropolitana de Florianópolis bem como pelas justificativas que remetem á historia urbana de Florianópolis.

Torna-se possível observar, a partir dos locais selecionados uma sucessão dos acontecimentos históricos que compõem a história e identidade de Florianópolis. Exemplificados nas falas dos participantes: ITA MBF14 RP11 ao afirmar que a Ponte Hercílio Luz é uma “Identidade de Florianópolis”; ITA MBM23 RP11 sobre o Centro Histórico de Florianópolis atesta que “Dá pra ver tudo que aconteceu ali”. Esses patrimônios configuram como exemplos legitimados na literatura e nos órgãos de defesa e salvaguarda do patrimônio nas esferas federal, estadual e municipal representados respectivamente por Iphan, Fundação Catarinense de Cultura (FCC) e Secretaria do Patrimônio Histórico, Artístico e Natural (Sephan) de Florianópolis.

Outro fato que atesta a condição da historicidade local está no reflexo de ser a categoria com maior representatividade das seleções. Incluindo patrimônios naturais considerados por sua história e não por sua condição paisagística ou por seu valor intrínseco de suporte para a vida [23]; [52]. Como exemplos têm a Lagoa da Conceição, praia das Palmeiras, o bairro Coqueiros e o bairro Canasvieiras.

O participante que escolheu como patrimônio o continente, ITA MBM 2 RP10, por analogias teria escolhido o Bairro de Itaguaçu como patrimônio. Mas, como não o mencionou em sua resposta, não foi catalogado como tal. Fato percebido quando da resposta aos formulários e ao percorrer o local com ele, que o mesmo se referia aos bairros, Itaguaçu, Bom Abrigo e Coqueiros, onde o mesmo costuma transitar desde criança.

No tocante às justificativas para o patrimônio imaterial apresentam-se através das lendas das bruxas da praia de Itaguaçu, na história do povo local e na forma de fazer a renda de bilro pelas rendeiras de Florianópolis. Configura uma herança dos antepassados com símbolos que carregam significados para a vida das pessoas. Uma vez que os “bens culturais não têm em si sua própria identidade, mas a identidade que os grupos sociais lhes conferem” [40]; [41].

Entende-se que a base para a seleção do que será patrimônio parte da sua imaterialidade, suportado pela materialidade do bem, nesse sentido a escolha da praia de Itaguaçu com suas pedras-bruxas aliada à justificativa de "gosto da sua beleza natural", poderia ser tanto um patrimônio imaterial quanto material. Nesse caso concordando com Scifone [9]; [53] que são indissociáveis, a componente material da imaterial, tendo em vista que isso descaracterizaria o que tornou o local um patrimônio.

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5. Considerações finais

O objetivo deste trabalho foi analisar a percepção social e o reconhecimento do ponto mirante da praia de Itaguaçu, ponto ITA, como patrimônio por moradores locais. Os resultados apontam um reconhecimento por parte dos MB e MOBs do ponto ITA como patrimônio expresso nos motivos, valores e seu reconhecimento como patrimônio do bairro e de Florianópolis. ​​ Os motivos alinham observação da paisagem às conexões estabelecidas entre observador e essa paisagem observada. Já os valores centraram-se nas relações cultural-simbólicas expressa nas relações histórico-afetivas e a sensação de bem-estar que a paisagem das pedras-bruxas dispersas nas águas da baia desperta em seus observadores. Por fim o reconhecimento do ponto ITA como patrimônio, bem como os motivos e valores, percebe-se uma ligação de pertencimento pessoal, com o lugar através das relações histórico-afetivas e identitárias para com o ponto ITA e sua paisagem simbólica.

Os resultados apontam uma relação entre sítios naturais e marcos histórico-arquitetônicos em termos de patrimônio de Florianópolis. A seleção dos sítios naturais denota relevância dos elementos da geodiversidade que marcam a identidade de Florianópolis. Quando comparamos esses com o conhecimento da natureza histórica e identitária dos marcos histórico-arquitetônicos percebe-se uma necessidade de ir além da componente natural e demonstrar a patrimonialidade passível em cada um dos sítios naturais, através da história evolutiva desses patrimônios para as comunidades locais.

Como contribuição esse trabalho mostra a percepção social dos MB e MOBs a cerca do sítio de geodiversidade Afloramentos rochosos da praia de Itaguaçu indicando um conhecimento da cultura local e um interesse desses participantes em saber como se formaram as feições geológico-geomorfológicas que moldaram e moldam as pedras-bruxas. Interesse que denota uma manutenção da qualidade patrimonial do ponto estabelecida no inventário de geodiversidade de Florianópolis e a sua seleção.

Como principal limitação deste trabalho tem-se a impossibilidade de retorno em pesquisa posterior com esses participantes e estabelecer comparativos entre os resultados desse trabalho e outros futuros, uma vez que não houve coleta de dados pessoas, além da assinatura obrigatória do TCLE.

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6. Indicação de trabalhos futuros

Como indicação de trabalhos futuros seria necessário um retorno a campo para a compreensão a cerca do conhecimento dos conceitos das geociências que envolvesse o patrimônio geológico-geomorfológico da área. Uma vez que não foi o foco dessa pesquisa. Outro ponto que poderia ser abordado seria uma pergunta única direcionada sobre a condição de ser ou não o local um patrimônio, para uma comparação com a pesquisa ora realizada. E por fim de forma mais abrangente realizar um levantamento sistemático participativo do patrimônio local, envolvendo geocientistas e as comunidades locais.

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7. Declaração de direitos

A(s) autora(s) declara(m) ser detentoras dos direitos autorais da presente obra, que o artigo não foi publicado anteriormente e que não está sendo considerado por outra(o) Revista/Journal. Declara(m) que as imagens e textos publicados são de responsabilidade do(s) autor(s), e não possuem direitos autorais reservados à terceiros. Textos e/ou imagens de terceiros são devidamente citados ou devidamente autorizados com concessão de direitos para publicação quando necessário. Declara(m) respeitar os direitos de terceiros e de Instituições públicas e privadas. Declara(m) não cometer plágio ou auto plágio e não ter considerado/gerado conteúdos falsos e que a obra é original e de responsabilidade dos autores.

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Universidade Federal de Santa Catarina

2

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