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Scientific Society Journal  ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​​​ 

ISSN: 2595-8402

Journal DOI: 10.61411/rsc31879

REVISTA SOCIEDADE CIENTÍFICA, VOLUME 7, NÚMERO 1, ANO 2024
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ARTIGO ORIGINAL

Comer emocional e obesidade. Qual papel do Mindful Eating e Comer Intuitivo na mudança desse comportamento alimentar?

Eduarda Santos Carregosa1; Luana Santos Medreiros2; Karolaine de Almeida Lima3; Marcus Vinicius Santos do Nascimento4; Milena Angel Silva Rodrigues5; Brenda Laise Anchieta dos Santos6; Fernanda Silva Franco7; Karina de Brito Santos Souza8; Josiane de França Vieira9; Vivian Lee Franco Barreto10; Karla Kristhiane Batista Barreto11; Steffany Almeida Santos12

 

Como Citar:

CARREGOSA, Eduarda Santos; MEDREIROS, Luana Santos; LIMA, Karolaine de Almeida et al. Comer emocional e obesidade. Qual papel do Mindful eating e comer intuitivo na mudança de comportamento alimentar?. Revista Sociedade Científica, vol.7, n. 1, p.3637-3664, 2024.

​​ https://doi.org/10.61411/rsc202450717

 

DOI: 10.61411/rsc202450717

 

Área do conhecimento: Nutrição.

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Palavras-chaves: Compotamento alimentar. Mindful eating. Comer intuitivo.

 

Publicado: 19 de agosto de 2024.

Resumo

Objetivou-se revisar a relação entre comer emocional e desenvolvimento de sobrepeso e obesidade, bem como o papel do mindful eating e comer intuitivo na mudança desse comportamento alimentar. Para a revisão bibliográfica foi realizada busca de documentos, artigos e livros nas bases de dados PubMed, Science Direct e SciELO e sites oficiais de órgãos públicos, no período de fevereiro a novembro de 2022. Constatou-se que o comer emocional é um comportamento alimentar disfuncional associado ao ganho de peso, maior IMC, sintomas depressivos e curta duração de sono. Programas convencionais de emagrecimento não lidam com o comer emocional. Mindful eating e comer intuitivo mostram-se como estratégias eficazes para atender as necessidades de comedores emocionais.

 

 

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1.Introdução
O sobrepeso e a obesidade são definidos como acúmulo anormal ou excessivo de gordura que pode prejudicar a saúde. Mais de 650 milhões de adultos são afetados pela obesidade, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Essa condição é fator de risco para o desenvolvimento de doenças não transmissíveis (DNTs), como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, hipertensão e acidente vascular cerebral, várias formas de câncer, bem como problemas de saúde mental. Pessoas com obesidade também têm três vezes mais chances de serem hospitalizadas por COVID-19¹.

Há um aumento significativo da prevalência da obesidade em diversas populações do mundo, incluindo o Brasil. A obesidade é uma doença crônica e sua etiologia é complexa e multifatorial, resultando da interação de genes, ambiente, estilos de vida e fatores emocionais². Fatores psicológicos e sociais podem desempenhar um papel no desenvolvimento da obesidade, assim como a obesidade também pode resultar em problemas psicológicos. Junto de fatores genéticos e ambientais, o desequilíbrio emocional tem sido explorado como fator de risco para excesso de peso e obesidade3,4.

As alterações no humor são gatilhos para a desinibição do controle alimentar e esse comportamento está associado positivamente com o ganho de peso, ansiedade e sintomatologia de depressão. Assim, o comer emocional é definido pelo impulso de comer em resposta as emoções, buscando modular ou fugir de uma emoção através dos alimentos5.

Em longo prazo, o tratamento tradicional da obesidade não se mostra eficaz, sendo que entre 95% a 98% dos pacientes recuperam o peso após três a quatro anos das intervenções, além de que, não acontecem mudanças efetivas no estilo de vida. Verifica-se dificuldades na adesão do tratamento, por isso, entender os padrões de comportamentos alimentares é importante para o manejo da obesidade6,7.

Existem diferenças individuais relevantes no aumento ou diminuição da ingestão alimentar em resposta a emoções negativas ou positivas, assim, é necessário usar instrumentos e referências que levem em consideração os efeitos do comer emocional8. Visto que esse comportamento alimentar é considerado como um dos fatores centrais subjacentes à obesidade, é preciso compreendê-lo melhor. Além disso, investigar estratégias adaptativas de regulação emocional pode ser promissor, já que mudar a maneira de regular emoções negativas pode eliminar um significante impulsor do comer emocional9.

Assim, o comer emocional não pode ser ignorado no tratamento para perda de peso, sendo fundamental estudar uma abordagem nutricional complexa que engloba os aspectos psicossociais incluídos na etiologia da obesidade. Dessa forma, o objetivo deste artigo é revisar a relação entre comer emocional e o desenvolvimento de sobrepeso e obesidade, bem como examinar o papel do mindful eating e comer intuitivo na mudança desse comportamento alimentar e as repercussões dessas estratégias na perda de peso.

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2.Metodologia

O trabalho trata-se de uma revisão narrativa. Os trabalhos de revisão narrativa são publicações amplas, com o objetivo de descrever e discutir o desenvolvimento de um assunto estabelecido. Baseiam-se de análise da literatura publicada e análise crítica do autor. Diferentemente das revisões sistemáticas, a revisão narrativa não exige critério de inclusão dos trabalhos. As revisões narrativas são consideradas fundamentais para contribuições no debate de determinadas temáticas, levantando questões e colaborando para atualização do conhecimento10.  

Realizou-se revisão de literatura no período de fevereiro a novembro de 2022, com a busca de documentos, artigos e livros nas bases de dados eletrônicas (PubMed, Science Direct e SciELO) e sites oficiais de órgãos públicos como a Organização Mundial de Saúde. As buscas se basearam na pergunta proposta para a pesquisa: Qual a relação do comer emocional no desenvolvimento da obesidade? A busca incluiu as palavras-chaves Emotional eating, Overweight, Obesity, Mindful Eating, Intuitive Eating e Behavioral Nutrition. Foram incluídos no estudo artigos originais e de revisão, nos idiomas inglês, português ou espanhol e que contemplassem a questão norteadora proposta.

Os resultados foram divididos em seções considerando as temáticas relacionadas à pergunta da revisão. Na primeira seção aparece as principais observações sobre o efeito das emoções no comportamento alimentar. Na segunda seção, apresenta-se como o comer emocional leva ao desenvolvimento da obesidade. Na terceira, identifica-se a relação entre comer emocional e sintomas depressivos e suas repercussões. Na quarta, ressalta-se as principais estratégias nutricionais para lidar com o comer emocional. Na quinta e sexta, mostra as evidências sobre as abordagens comer com atenção plena e comer intuitivamente, respectivamente, no tratamento do comer emocional.

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3.Desenvolvimento e discussão

3.1 Emoções negativas e comportamento alimentar

Uma revisão investigou o comer depois de experimentar emoções negativas, mostrou que há uma variabilidade entre os indivíduos das mudanças conduzidas pela emoção na alimentação, sendo que algumas pessoas tendem a comer mais, outras o mesmo que de costume e outras menos em resposta às emoções. Emoções de alta intensidade (por exemplo, tensão, medo) tendem a diminuir o consumo de alimentos, enquanto que emoções negativas com níveis mais moderados de intensidade (por exemplo, tédio, humor depressivo) podem diminuir ou aumentar a ingestão alimentar de acordo com características individuais11.

Comer emocional, é definido como uma tendência a comer em resposta a emoções negativas ou sofrimento emocional, e tem sido crescentemente apontado como uma importante dimensão psicopatológica que contribui para o excesso da ingestão alimentar12,13.

Comer demais emocionalmente é uma resposta atípica ao estresse e está especificamente relacionada ao aumento da ingestão de alimentos doces e ricos em gordura, sendo um possível fator que explica a relação entre sintomas depressivos e consumo de lanches doces e energéticos. Dessa forma, é sugerido que a alimentação emocional e os sintomas depressivos afetam as escolhas alimentares não saudáveis11,14.

Emoções negativas e/ou estresse tem como resposta típica a perda de apetite, com ativação do eixo hipotalâmico-pituitário-adrenal (HPA), com reações fisiológicas que são projetadas para preparar o indivíduo para uma resposta de luta ou fuga, suprimindo os sentimentos de fome e saciedade. Essas adaptações incluem a inibição da motilidade gástrica e a liberação de glicose na corrente sanguínea, suprimindo a fome15

Apesar de existir diferenças entre os indivíduos em resposta a emoções, alguns mecanismos são considerados desencadeantes do comer emocional e consequente aumento da ingestão de alimentos depois do estresse, como a baixa consciência interoceptiva (se refere à percepção dos sinais do corpo, como por exemplo, a fome e saciedade), a alta alexitimia (dificuldade em identificar sentimentos e descrevê-los para outras pessoas) e uma resposta ao estresse atípica do eixo HPA. Outros mecanismos como as práticas parentais inadequadas na alimentação da criança e sentimentos depressivos em interação com uma vulnerabilidade genética podem estar relacionados ao aumento da alimentação emocional na adolescência4.

O efeito do estresse na ingestão alimentar é variável: estudos em universitários mostraram que enquanto 11% relataram comer mais em resposta a emoções negativas, outros 29% relataram reduzir a ingestão de alimentos8. O estresse crônico resulta na desregulação do eixo HPA e leva a alterações nos níveis de hormônios que afetam a homeostase energética e comportamento alimentar16,17. Entretanto, o estresse agudo grave pode ser percebido como ameaça a vida e, dessa forma, suprime o apetite para fins de conservação de energia18, ao passo que o estresse leve ou moderado pode aumentar a ingestão de comida19.

 

 

 

 

Figura 1 – Como as emoções influenciam na alimentação.

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Um estudo com mulheres universitárias demonstrou que aquelas com pontuação alta de comer emocional, apresentam um funcionamento reduzido do eixo HPA, com uma resposta ao estresse de cortisol diminuída, aumentando a ingestão de alimentos após o estresse em comparação com aquelas que apresentaram a típica resposta ao estresse de cortisol elevado. Essa baixa resposta de cortisol é relacionada a experiências adversas no início da vida, neste seguimento, comer emocional seria uma consequência do funcionamento reduzido do eixo HPA, o que explicaria porque comedores emocionais usam a comida como ‘automedicação’ para amenizar os efeitos das emoções negativas20. Mulheres que sofreram estresse crônico mostraram pontuações mais altas em uma escala de comer emocional, com uma atividade do eixo HPA reduzida quando comparado a mulheres sem esse estresse crônico21

O eixo HPA pode responder ao estresse de forma atípica com hipoativação desse eixo e aumento do apetite. Nesta perspectiva, comedores emocionais não têm a típica inibição de fome após estresse, entretanto, têm sentimentos maiores de fome após o estresse15,22. Pesquisas demonstraram níveis maiores de grelina em resposta ao estresse em participantes mulheres saudáveis, entretanto, níveis de grelina caíram após o consumo de alimentos apenas em comedoras não emocionais. De forma diferente, os níveis de grelina em comedoras emocionais, continuam aumentados após o consumo de alimentos. Dessa maneira, a persistência de grelina na fase pós-prandial parece contribuir para uma alimentação irregular em indivíduos suscetíveis e pode ser um fator de risco para o comportamento alimentar desregulado23,24

Os indivíduos podem comer emocionalmente como uma tentativa de suprimir emoções negativas e lidar com o estresse. Porém, o comer emocional também demonstrou associação positiva com estratégias pobres de regulação emocional, como supressão de emoções ou estratégias de enfrentamento mal adaptativas como, por exemplo, a confiança no enfrentamento orientado para a emoção e a evitação do estresse por distração25,26.

Tentando explicar a tendência biológica e funcionalmente irracional de comer demais em situações emocionais, algumas teorias investigam sobre o mecanismo psicológico por trás desse fenômeno. Essas teorias compartilham pressupostos de que, antes que o excesso alimentar ocorra, os indivíduos experimentam um afeto negativo que não conseguem regular de forma adequada, levando-os a utilizar uma estratégia a qual têm acesso, comer excessivamente, que se mostra uma habilidade mal adaptativa27-29

Estas teorias têm implicações importantes, visto que, supõem que o problema não está associado necessariamente à experiência de emoções negativas em si, mas a falta de estratégias adaptativas de regulação emocional para regularizar emoções desfavoráveis. Estudos encontraram que as estratégias usadas para normalizar emoções negativas são responsáveis por mudanças no comportamento alimentar. Foi observado que a regulação emocional desadaptativa é responsável pelo aumento da ingestão de alimentos reconfortantes e não as emoções por si só afetam a alimentação. Essa ideia de que a emoção em si pode não ser a responsável por comer excessivamente pode argumentar porque a tendência a comer demais após a experiência de emoções negativas não foi consistentemente encontrada em indivíduos eutróficos9.

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3.2Comer emocional e desenvolvimento da obesidade

Comer emocional mostrou relação com a ingestão de alimentos doces e com alta densidade energética, porém não mostrou relação com o consumo de frutas e vegetais. Isso pode explicar os achados em que participantes de um estudo que relataram aumento da alimentação em resposta a emoções/situações negativas apresentaram mais sobrepeso ou obesidade8,14. Além disso, comer excessivamente está mais fortemente relacionado ao ganho de peso em pessoas com elevados graus de alimentação emocional30.  

O desequilíbrio emocional tem sido relacionado a um Índice de Massa Corporal (IMC) elevado e comportamentos alimentares desadaptativos. Achados de um estudo encontraram que o controle inadequado dos impulsos e as tentativas de autorregulação das emoções por meio da alimentação podem piorar os comportamentos alimentares inadequados até que a obesidade grave seja atingida. De outra maneira, um IMC elevado e todas as consequências sociais e pessoais que ele envolve podem produzir um desequilíbrio emocional associado a tentativas de autorregulação31

Além do comer emocional levar a padrões de ingestão de alimentos menos  saudáveis e posterior ganho de peso, o consumo de alimentos palatáveis demonstrou  melhorar de imediato o estado de humor negativo induzido experimentalmente, mas o  efeito tende a ser de curto prazo e é facilmente seguido por outras emoções desfavoráveis como sentimento de culpa, especialmente em pessoas que fazem dieta32,33. Dessa forma, consumir alimentos não saudáveis para regular emoções negativas podem contribuir para o aumento contínuo no ganho de peso ao longo do tempo34. Ainda, um estudo investigou o efeito do estresse no apetite e hábitos alimentares em mulheres universitárias, e descobriu que o estresse aumenta o apetite e desestimula a preferência por alimentos saudáveis, essa combinação pode levar a escolhas ruins de estilo de vida35.

Estudos prospectivos encontraram que adultos (somente mulheres ou ambos os sexos) com maior alimentação emocional no início do estudo tendem a ganhar mais peso ao longo do tempo36-41.

De maneira semelhante, outro estudo descobriu que a alimentação emocional estava ligada ao aumento do IMC ao longo de um ano. Esse estudo também encontrou que níveis aumentados de atividade física ajudaram a diminuir o impacto negativo da alimentação emocional no IMC, de tal maneira que, maiores níveis de alimentação emocional e exercícios foram associados a um IMC mais baixo do que níveis mais elevados de alimentação emocional e menores níveis de exercícios. Ainda, maiores níveis de alimentação emocional foram associados a maior consumo de alimentos ricos em açúcar e gordura mesmo em indivíduos altamente ativos42.

Em estudos transversais, a alimentação emocional auto relatada se associou com um maior IMC, circunferência da cintura e percentual de gordura corporal14,43,44. Nesse contexto, o comer emocional leva a ingestão de alimentos menos saudáveis e posterior ganho de peso. Assim sendo, indivíduos suscetíveis a comerem emocionalmente podem se beneficiarem de intervenções que ensinam habilidades de regulação emocional.

A depressão representa um tipo de emoção ou humor negativo que pode ser capaz de estimular a ingestão alimentar em comedores emocionais, e estudos apontaram que pessoas com sintomas depressivos elevados demonstram níveis mais altos de alimentação emocional14,45,46. Conforme Paans et al.46, os sintomas vegetativos característicos da depressão atípica, como aumento do apetite e ganho de peso, associam-se positivamente mais forte com a alimentação emocional do que outros sintomas depressivos individuais. Ainda, a alimentação emocional se mostra como um marcador de depressão atípica, porque compartilha com esse subtipo de depressão a característica atípica de aumento do apetite em resposta a emoções negativas. 

Encontrou-se que o comer emocional tem sido associado como um mediador entre sintomas depressivos e ganho de peso, além de se apresentar como uma variável mediadora entre depressão e IMC em homens e mulheres jovens47,48. Entretanto, outros achados mostram que a alimentação emocional é considerada uma mediadora entre sintomas depressivos e ganho de peso corporal futuro em mulheres, porém, não em homens38. Isso pode ser explicado porque mulheres com sintomas depressivos têm maior probabilidade de apresentar sintomas atípicos, com aumento do apetite/peso, enquanto os homens apresentam diminuição do apetite em associação com sintomas depressivos49. Diferenças na atividade do circuito neural sugerem que homens e mulheres apresentam diferentes mecanismos para lidar com o estresse. Os homens mostraram maior ativação do córtex pré-frontal durante o estresse emocional, enquanto as mulheres tiveram maior ativação da amígdala, ínsula e putâmen50-53. Uma meta-análise examinou estudos longitudinais e encontrou que pessoas obesas tiveram um risco 55% maior de desenvolver depressão ao longo do tempo, ao passo que pessoas deprimidas tiveram um risco 58% maior de se tornarem obesas, mostrando uma associação entre depressão e obesidade. Dessa maneira, fica evidente que a obesidade pode levar ao desenvolvimento da depressão, ao passo que a depressão pode levar ao desenvolvimento da obesidade54. A alimentação emocional é sugerida como uma variável que desempenha papel na associação bidirecional depressão-obesidade55. Ainda, o comer emocional predisse um IMC mais alto independentemente da depressão38

Um estudo de coorte com finlandeses de 25 a 74 anos mostrou que a alimentação emocional é uma mediadora da associação entre efeitos da depressão e aumento do IMC e da circunferência da cintura ao longo de 7 anos. Esse mesmo estudo descobriu que a alimentação emocional se relaciona a um maior IMC e circunferência da cintura em pessoas que dormem menos de 7 horas, mas não em pessoas que dormem 9 horas ou mais56. Isso traz implicações importantes em relação ao impacto do sono no ganho de peso. O sono insuficiente e estresse estão interligados, sendo o sono um marcador de estresse percebido quanto uma fonte de estresse em si. Além disso, o sono insuficiente prejudica a regulação emocional por meio de processos comportamentais, cognitivos e neurobiológicos. Ainda, o sono insuficiente associa-se com maior ingestão total de energia e de gordura57-59.  

Van Strien e Koenders60 investigaram a interação entre alimentação emocional e duração de sono na mudança de peso, e descobriram que mulheres com uma combinação de curta duração de sono e alta alimentação emocional ganharam mais peso. Estes achados sugerem uma associação entre estes fatores e o ganho de peso subsequente, sendo um provável desencadeante da má saúde psicológica e de estresse crônico. 

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3.3 Estratégias para lidar com o comer emocional

A falta de ajuste entre o tratamento e os indivíduos pode ser a razão pela qual a maioria dos programas de perda de peso não obtêm resultados permanentes. Comer em excesso tem razões diferentes para pessoas distintas. Cada comportamento alimentar tem sua própria causa e cada um requer seu próprio tipo de tratamento.  Quando as terapêuticas estão associadas ao tipo individual de comportamento alimentar, pode-se esperar que a perda de peso obtida seja mais permanente4. Neste contexto, novas estratégias têm surgido para abordar comportamentos alimentares disfuncionais, com ênfase em mindfulness, mindful eating e comer intuitivo. 

Mindfulness ou “atenção plena” é definido como a capacidade desejada de buscar atenção ao momento presente, sem julgamentos ou críticas, com uma atitude de abertura e curiosidade. É caracterizado como um estado de consciência, por isso, pode ser desenvolvido e treinado, por meio de práticas formais e informais61,62

No âmbito alimentar, o mindfulness é aplicado como mindful eating ou “comer com atenção plena”, e é definido como atenção sem julgamento ou crítica às sensações físicas e emocionais que ocorrem dentro de um contexto relacionado à comida63. Mindful eating sugere que os indivíduos façam escolhas alimentares de maneira consciente, atentando-se aos sinais físicos de fome e saciedade64.  

O comer intuitivo ou alimentação intuitiva geralmente é usado de forma intercambiável com o mindful eating, principalmente pelo fato de que ambos recomendam o comer guiado pelos sinais fisiológicos de fome e saciedade65. Comer intuitivo enfatiza confiar no corpo, ter uma relação positiva com a comida e honrar o eu interno em vez de recomendações externas. Essa abordagem sugere que o indivíduo mantenha uma sintonia com a comida, a mente e o corpo66. Comer intuitivo foi originalmente definido por dois nutricionistas em 1995 que descreveram dez princípios. Três pilares abrangem esses princípios, como: permissão incondicional para comer; comer por razões físicas, e não emocionais; e confiança nos sinais internos de fome e saciedade para determinar o que, quando e quanto comer. Porém, comer intuitivo não envolve meditação67.  

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3.4 Comer com atenção plena “mindful eating”

Intervenções baseadas em mindfulness têm efeitos benéficos em situações alimentares problemáticas, como a alimentação emocional. É sugerido que a prática da atenção plena ajuda as pessoas a se conectarem com seu pensamento e consciência internos, como a sensação de fome, tornando-as menos sensíveis a estímulos externos ou emocionais para comer68,69.

Os métodos para ensinar e exercitar as amplas habilidades de mindfulness podem variar. As sessões que abordam o mindfulness podem envolver psicoeducação, práticas de auto aceitação, exercícios experienciais, estratégias de regulação emocional, meditação, yoga ou treinamento de conscientização. Praticar abordagens baseadas em mindfulness melhora a autoconsciência, autorregulação e enfrentamento adaptativo de emoções negativas70-72.

Aprender a não julgar mentalmente e focalizar a consciência nas emoções,  pode auxiliar os comedores emocionais a aceitar e tolerar suas experiências internas  ao invés de comer para inibi-las73. A atenção plena aumenta a capacidade de relaxar  frente a eventos e emoções negativas, o que foi demonstrado na redução da  impulsividade, a qual associa-se a comer em excesso sem pensar. Assim, a atenção plena reduz a percepção errônea de emoções como fome, dessa maneira, impede o aumento da alimentação em resposta a estímulos não físicos75

A revisão realizada por O’Reilly et al.75 investigou a eficácia de terapias baseadas em mindfulness em comportamentos alimentares relacionados à obesidade, e 63% dos estudos revisados reduziram a alimentação emocional. Semelhantemente, a revisão conduzida por Katterman et al.76 analisou a prática de mindfulness com meditação para a perda de peso e tratamento de comportamentos alimentares disfuncionais. Eles relataram que o mindfulness proporcionou redução da alimentação emocional, porém, não teve o mesmo resultado para perda de peso consistente. A perda de peso foi maior nas intervenções que combinavam mindfulness com componentes comportamentais para diminuir peso, como nutrição e exercícios, estabelecimento de metas e resolução de problemas.

Uma intervenção baseada em mindfulness criada para indivíduos com obesidade durante 6 semanas, encontrou que essa é uma abordagem promissora para alimentação consciente, perda de peso e para iniciar mudanças positivas na saúde.  Entretanto, não houve grupo controle e o período de intervenção foi curto, impossibilitando saber se as mudanças seriam mantidas por um período maior de tempo64.

Um estudo conduzido por Schnepper et al.77 examinou os efeitos de uma intervenção curta para perda de peso, por meio da combinação de técnicas de treinamentos baseados em mindfulness com treinamento de mastigação prolongada.  Os resultados após a conclusão da intervenção mostraram diminuição do IMC e a perda de peso foi mantida durante 4 semanas de acompanhamento. Além disso, indivíduos que participaram da intervenção relataram comer menos em resposta à alimentação emocional.

Intervenções de tratamento que combinaram componentes de redução de estresse baseadas em mindfulness, teoria cognitiva e treinamento de consciência alimentar, foram associadas à melhora da atenção plena e da capacidade de resposta às sensações corporais, redução da ansiedade e da alimentação emocional. Essa intervenção não reduziu a gordura abdominal, entretanto, observou que a atenção plena pode melhorar a capacidade de lidar e reduzir a dependência de alimentos de conforto78. Segundo Corsica et al.79, combinar estratégias de tratamento baseadas em mindfulness e terapia cognitivo-comportamental pode ser eficaz. Os autores observaram que a intervenção combinada resulta em menor estresse percebido e produz perda de peso a curto prazo.  

A consciência sem julgamento das sensações físicas e emocionais durante a alimentação se mostra eficaz para reduzir comportamentos negativos associados ao sobrepeso e obesidade. Dentre os princípios básicos que constituem a alimentação consciente, vale destacar o tamanho das porções das refeições reduzido, o reconhecimento de fome e saciedade, comer devagar, eliminar distrações e saborear a comida. Se tratando do comer emocional, praticar esses princípios oferece bons resultados80

De acordo com os resultados, observa-se que o tratamento seguindo técnicas de comer com atenção plena pode auxiliar comedores emocionais com problemas de peso, sem estigmatizar a perda de peso como muitos programas convencionais de emagrecimento.

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3.5 Comer intuitivo

Dentre os benefícios do comer intuitivo, destaca-se o poder de auxiliar os indivíduos a formar a partir dele, uma relação mais saudável e menos divergente com a comida, em vez de controlar mentalmente a ingestão alimentar por meio de dietas restritivas81

Comer intuitivo tem sido negativamente relacionado com práticas não saudáveis de controle de peso, depressão, comparações, práticas de dietas e vergonha corporal82-84. Estudos quantitativos que avaliaram o comer intuitivo revelaram importantes correlações com tolerância e mais flexibilidade com a alimentação e imagem corporal, bem-estar psicológico e espiritual, autoestima, autoaceitação, autocompaixão, apreciação e aceitação corporal85-87.

A revisão de Schaefer e Magnuson88 examinou intervenções baseadas no comer intuitivo. Os autores relatam redução de peso em seis estudos, manutenção de peso em oito estudos e resultados mistos em dois estudos. Além disso, concluíram que programas de alimentação intuitiva diminuem a depressão e a ansiedade, aumentam a autoestima e melhoram a imagem corporal.  

Em contrapartida, a revisão de Van Dyke e Drinkwater89 referiu que as estratégias utilizando somente a alimentação intuitiva não entregaram resultados estatisticamente significativos, sendo que, os índices de perda de peso foram muito baixos ou tampouco foram observados, porém, ajuda na manutenção dos resultados de outras estratégias utilizadas, principalmente a longo prazo, e a melhorar a saúde mental. 

Um estudo piloto com mulheres combinou duas abordagens, a alimentação intuitiva com a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) e relatou melhoria na alimentação intuitiva, comportamento alimentar, flexibilidade psicológica e saúde mental geral, além da manutenção do peso. Foi exposto que diminuições no IMC foram associadas a aumentos na alimentação por razões físicas em vez de emocionais. Também mostrou evolução na flexibilidade psicológica associada a aumentos nos escores totais de alimentação intuitiva. Ainda, maiores progressos na flexibilidade psicológica associaram-se ao comer por razões físicas em vez de emocionais e a alimentar-se dependendo dos sinais de fome e saciedade. E uma maior redução da inflexibilidade psicológica associou-se com diminuição do IMC90

Denny et al.82 encontraram que a alimentação intuitiva está associada a um IMC mais baixo em adultos jovens. Descobriram também que indivíduos que relataram confiar mais em seu corpo para dizer o quanto comer tinham menos comportamentos alimentares desordenados, ressaltando a importância de avaliar a capacidade dos indivíduos de comer intuitivamente, assim como seus motivadores emocionais e ambientais para alimentar-se. Para tal, enfatiza a relevância em melhorar tratamentos para obesidade que se concentram em restrição alimentar. Dessa forma, o sucesso do tratamento é mais abrangente quando focaliza em melhorar o ambiente alimentar e incentiva a compreensão e a confiança na própria fome física e nos sinais de saciedade.  Porém, esse estudo só analisou dois aspectos da alimentação intuitiva, fornecendo uma representação limitada. 

Cole et al.91 avaliaram a eficácia de um programa para promover comportamentos alimentares intuitivos. Os autores encontraram melhoras no comportamento alimentar intuitivo, melhor capacidade de aderir aos sinais de fome e saciedade para quando e quanto comer, e menos influências ambientais e sociais para comer. Além disso, as mulheres que participaram do estudo mostraram comer menos em resposta a gatilhos emocionais. Apesar da perda de peso não ter sido o objetivo do programa, uma modesta perda de peso foi alcançada. Porém, a curta duração da intervenção limita a capacidade de identificar se a perda de peso seria mantida ao longo do tempo.  

Segundo Camilleri et al. (2017), comer intuitivo pode afetar as escolhas alimentares. Comer intuitivamente foi associado inversamente à frequência de comer lanches na ausência de fome. Destaca-se que a reconexão com os sinais de fome e saciedade proporciona uma melhor relação dos indivíduos com a comida.  

De acordo com Bacon et al.93 apesar dos métodos tradicionais de dieta e metas de emagrecimento entregarem maior perda de peso do que o comer intuitivo, também apresentam maior tendência de reganho após determinado período.  Diferentemente, abordagens baseadas no comer intuitivo incentivam a aceitação do peso e a confiar nos sinais corporais para apoiar comportamentos positivos de saúde e ajudar a regular o peso. O grupo que teve como estratégia a dieta, recuperou todo peso perdido após 2 anos de acompanhamento. Isto reforça o que a literatura expressa sobre o insucesso da manutenção dos resultados de perda de peso em programas convencionais de emagrecimento. 

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4.Considerações finais

Comer em excesso tem razões diferentes para cada indivíduo, sendo influenciado por emoções distintas e por dificuldades de regulação emocional. Grande parte dos indivíduos com sobrepeso ou obesidade alimentam-se em resposta a emoções negativas e o comer emocional associa-se negativamente com a perda de peso e manutenção desta perda.  

Programas convencionais de emagrecimento falham em direcionar o tratamento para o comportamento alimentar característico do indivíduo, sendo ineficazes para comedores emocionais. Abordagens comportamentais como o mindful eating e comer intuitivo se mostram benéficos para mudar a maneira como os comedores emocionais lidam com suas emoções sem utilizar a comida. Essas estratégias são eficazes para diminuir a alimentação emocional e manter a perda de peso, principalmente se combinadas com outras estratégias e terapias comportamentais. A literatura também sugere que intervenções que melhorem o sono, comportamentos depressivos e atividade física podem favorecer padrões alimentares mais saudáveis em comedores emocionais.  

Mindful eating e comer intuitivo apresentam resultados promissores em comportamentos alimentares disfuncionais e no bem-estar emocional. Os resultados para a perda de peso são controversos na literatura, porém, não é o objetivo dessas estratégias. Assim, são necessários mais estudos que investiguem se o mindful eating e comer intuitivo são eficazes na perda de peso a longo prazo.

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5.Declaração de direitos

O(s)/A(s) autor(s)/autora(s) declara(m) ser detentores dos direitos autorais da presente obra, que o artigo não foi publicado anteriormente e que não está sendo considerado por outra(o) Revista/Journal. Declara(m) que as imagens e textos publicados são de responsabilidade do(s) autor(s), e não possuem direitos autorais reservados à terceiros. Textos e/ou imagens de terceiros são devidamente citados ou devidamente autorizados com concessão de direitos para publicação quando necessário. Declara(m) respeitar os direitos de terceiros e de Instituições públicas e privadas. Declara(m) não cometer plágio ou auto plágio e não ter considerado/gerado conteúdos falsos e que a obra é original e de responsabilidade dos autores.

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    6.Referências

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Universidade Tiradentes, Aracaju, Brasil.

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Universidade Tiradentes, Aracaju, Brasil.

7

Universidade Tiradentes, Aracaju, Brasil.

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Universidade Tiradentes, Aracaju, Brasil.

9

Universidade Federal de Sergipe, São Cristovão, Brasil.

10

Universidade Tiradentes, Aracaju, Brasil.

11

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12

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