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Scientific Society Journal  ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​​​ 

ISSN: 2595-8402

Journal DOI: 10.61411/rsc31879

REVISTA SOCIEDADE CIENTÍFICA, VOLUME 7, NÚMERO 1, ANO 2024
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ARTIGO ORIGINAL

Efeitos e implicações de opióides para dor musculoesquelética: uma revisão literária

Giovana Wanderley da Silva1; Júlia Emanuely dos Santos Ramos2; Nayane Jineide de Barros Almeida3; Yago Matheus Martins de Lima4

 

Como Citar:

SILVA, Giovana Wanderley; RAMOS, Júlia Emanuely dos Santos; ALMEIDA, Nayane Jineide de Barros; DE LIMA, Yago Matheus Martins. Efeitos e implicações de opioides para dor musculoesquelética: uma revisão literária. Revista Sociedade Científica, vol.7, n. 1, p.3347-3362, 2024.

https://doi.org/10.61411/rsc202453117

 

DOI: 10.61411/rsc202453117

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Área do conhecimento: Ciências da Saúde.

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Sub-área: Fisioterapia, Enfermagem, Farmácia

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Palavras-chaves: Opioides; Dor musculoesquelético; Efeitos; Complicações.

 

Publicado: 29 de julho de 2024.

Resumo

A epidemia de opioides, particularmente nos Estados Unidos, destacou os riscos associados ao uso indiscriminado desses medicamentos, com um aumento alarmante de overdoses e mortes relacionadas aos opioides. Diante dessas preocupações, os profissionais de saúde estão cada vez mais buscando abordagens alternativas e multidisciplinares para o manejo da dor musculoesquelética, visando reduzir a dependência de opioides e mitigar os riscos associados ao seu uso. O levantamento dos materiais foi realizado na plataforma Scientific Electronic Library Odnline (SciELO), os descritores (DECS) utilizados para busca dos dados foram: Opioides; Dor musculoesquelético; Efeitos; Complicações. Foram encontrados 756 estudos, sendo excluídos 738 desses foram escolhidos 74 estudos para leitura sendo 56 excluídos por serem monografias, teses, dissertações e artigos duplicados restando assim 37 artigos completos desses foram retirados 18 por não abordarem diretamente a temática, resultado em um total de 19 estudos que atenderam aos principios exigidos pela lista de verificação de referências integrativas Os estudos destacaram que a crise dos opioides têm impactado significativamente a sociedade e a economia, com altos custos relacionados ao tratamento de dependência, reabilitação e cuidados de saúde associados ao abuso de opioides.

 

 

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1.Introdução

A dor musculoesquelética é uma condição amplamente prevalente que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, resultante de uma variedade de causas, como lesões, inflamação, degeneração articular e tensão muscular. Para muitos pacientes que sofrem com essa dor debilitante, os opioides tornaram-se uma opção comum de tratamento devido à sua eficácia em aliviar a dor aguda e crônica. [1]

No entanto, o uso de opioides para o tratamento da dor musculoesquelética não está isento de preocupações e considerações importantes. O uso prolongado desses medicamentos pode levar ao desenvolvimento de tolerância, dependência e potencialmente ao abuso. Além disso, os opioides estão associados a uma série de efeitos colaterais, incluindo sonolência, constipação, náusea e, em casos mais graves, depressão respiratória e overdose. ​​ [2]

Diante dessas considerações, é crucial que os profissionais de saúde avaliem cuidadosamente os riscos e benefícios do uso de opioides para cada paciente com dor musculoesquelética. Uma abordagem multidisciplinar que inclua terapias não farmacológicas, como fisioterapia, terapia ocupacional, exercícios, técnicas de relaxamento e modificação do estilo de vida, pode ser essencial para complementar ou substituir o uso de opioides, proporcionando alívio da dor de forma mais segura e sustentável. [3]

O uso de opioides para o tratamento da dor musculoesquelética é uma prática comum, dada a sua eficácia no alívio da dor aguda e crônica. No entanto, esse tipo de tratamento não está isento de efeitos adversos e implicações significativas para a saúde pública. Os opioides, que incluem medicamentos como a morfina, a oxicodona e a codeína, atuam no sistema nervoso central, ligando-se aos receptores opioides para reduzir a percepção da dor. Embora ofereçam alívio imediato, seu uso prolongado pode levar ao desenvolvimento de tolerância, dependência e potencialmente ao abuso. [4]

Além disso, os opioides estão associados a uma série de efeitos colaterais, incluindo sonolência, constipação, náusea e, em casos mais graves, depressão respiratória e overdose. A dependência desses medicamentos pode ter implicações devastadoras para a saúde do paciente, levando a uma espiral de uso compulsivo e comprometendo a qualidade de vida. [5]

A indicação dos opioides para o tratamento da dor musculoesquelética também tem implicações mais amplas para a saúde pública. A epidemia de opioides, particularmente nos Estados Unidos, destacou os riscos associados ao uso indiscriminado desses medicamentos, com um aumento alarmante de overdoses e mortes relacionadas aos opioides. [6]

Diante dessas preocupações, os profissionais de saúde estão cada vez mais buscando abordagens alternativas e multidisciplinares para o manejo da dor musculoesquelética, visando reduzir a dependência de opioides e mitigar os riscos associados ao seu uso. [4]

"Apesar da eficácia dos opioides no alívio da dor musculoesquelética, até que ponto seu uso é justificado diante dos sérios efeitos adversos e implicações para a saúde pública?"

Esta questão nos leva a refletir sobre os riscos e benefícios do uso de opioides no tratamento da dor musculoesquelética. Embora esses medicamentos possam proporcionar alívio imediato, seu uso prolongado pode levar ao desenvolvimento de dependência, tolerância e potencial abuso. [5]

A atual crise de opioides, com um aumento alarmante de overdoses e mortes relacionadas a esses medicamentos, surge a necessidade de questionar se os opioides são a melhor opção de tratamento para a dor musculoesquelética.

Explorando as alternativas terapêuticas para o manejo da dor musculoesquelética, como terapias físicas, acupuntura, mindfulness e outras abordagens não farmacológicas. Essas opções podem oferecer alívio da dor de forma mais segura e sustentável, reduzindo assim a dependência de opioides e mitigando os riscos associados ao seu uso. ​​ [6]

Embora os opioides possam oferecer alívio eficaz da dor musculoesquelética, seu uso deve ser cuidadosamente avaliado e monitorado devido aos graves efeitos adversos e implicações para a saúde pública. É essencial explorar opções terapêuticas alternativas e implementar medidas de controle de prescrição para garantir um tratamento seguro e abrangente da dor. ​​ [7]

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2.Metodologia

A metodologia utilizada foi o estudo de revisão integrativa de literatura sendo a técnica de pesquisa bibliográfica. A metodologia integrativa realiza a busca de dados para que possa contribuir em responder a problemática central de um projeto, de forma que seleciona e avalia diferentes materiais, sempre optando por aqueles com maior relação com o tema em estudo, o método admite também síntese de vários estudos publicados e possibilita conclusões gerais a respeito de uma área particular em estudo. [8]

Para a composição deste estudo, foram revisados artigos publicados no período de 2012 a 2024, sendo possível selecionar os materiais com maior credibilidade e relação com o tema proposto. O levantamento dos materiais foi realizado na plataforma Scientific Electronic Library Online (SciELO), os descritores (DECS) utilizados para busca dos dados foram: Opioides; Dor musculoesquelético; Efeitos; Complicações. Os critérios de inclusão dos artigos foram: O ano de publicação entre 2012 a 2024, escritos no idioma português e inglês que tivesse relação com o tema em estudo e tipo de estudos já os critérios de exclusão dos artigos fora monografias, teses, dissertações, publicações, artigos de revisão e artigos que não abordam a temática proposta. A seguir encontrasse o prisma (Figura 1) com os critérios de inclusão e exclusão:

Figura1- Prisma Flow Diagram (2009).

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3.Resultado e discussão

Foram encontrados 756 estudos, sendo excluídos 738 desses foram escolhidos 74 estudos para leitura sendo 56 excluídos por serem monografias, teses, dissertações e artigos duplicados restando assim 37 artigos completos desses foram retirados 18 por não abordarem diretamente a temática, resultado em um total de 19 estudos que atenderam aos principios exigidos pela lista de verificação de referências integrativas (PRISMA), conforme Figura 1.

Na tabela a seguir encontrasse os estudos mais relevantes que contribuíram para o desenvolvimento do trabalho em questão a tabela se apresenta da seguinte forma: autor, título, base de dados e síntese de dados.

 

Tabela 1

Autor

Título

Base de dados

Síntese de Dados

Costa, Allan Guilherme Santana; Rates, Maria Luíza Souza; Azevedo. ​​ Vera Maria Silveira, 2021

 

 

Risco de abuso de opioides em ambulatório de dor crônica não oncológica.

SCIELO

Abordar o risco de abuso de opioides em pacientes com dor crônica não oncológica requer um equilíbrio cuidadoso entre o alívio eficaz da dor e a prevenção de comportamentos de abuso e dependência. Isso exige uma abordagem interdisciplinar e individualizada, com foco em práticas de prescrição segura e vigilância contínua.

 

Nascimento, Daiana Ciléa Honorato; Sakata, Rioko Kimiko. 2021

Dependência de opioide em pacientes com dor crônica.

 

/SCIELO

Nesse estudo encontra-se os cuidados que devem ser tomados para que não haja a dependência de opioides em pacientes com dor crônica é uma questão que exige um manejo cuidadoso e abrangente. A combinação de estratégias preventivas, monitoramento contínuo e tratamentos integrados pode ajudar a minimizar os riscos e apoiar os pacientes na obtenção de alívio da dor de forma segura e eficaz.

 

Piovezan, Marcelo; Souza, Breno Magalhães; e-Silva, Camila de Andrade; e-Assis, Catarina Casango; Bonin, João Pedro Pessiqueli; Capobianco, João Gabriel Pancetti.

Uso e prescrição de opioides no Brasil: revisão integrativa

 

SCIELO

Foi sintetizado que o uso e a prescrição de opioides no Brasil são cuidadosamente regulamentados e envolvem uma série de desafios e considerações que visam equilibrar o manejo eficaz da dor com a minimização dos riscos de abuso e dependência. Abordagens integradas e uma educação contínua para profissionais de saúde e pacientes são essenciais para melhorar os resultados clínicos e a segurança dos pacientes.

 

 

 

 

 

Battaglin, Maria Eduarda da Rosa. 2020

Opióides: tolerância e dependência - uma revisão bibliográfica

 

SCIELO

A tolerância e a dependência aos opioides são complicações comuns e desafiadoras no tratamento da dor. O manejo eficaz requer uma abordagem equilibrada e multidisciplinar, combinando a avaliação cuidadosa, estratégias de tratamento integradas e a educação contínua de profissionais e pacientes. A conscientização e o cumprimento das diretrizes clínicas são cruciais para minimizar os riscos associados ao uso de opioides.

 

Doval, Danielle; Martins, Maiara da Silva; Araujo, Francisco Xavier. 2022

O efeito da educação na dor e funcionalidade em pacientes com disfunções musculoesqueléticas do membro superior: uma revisão sistemática.

SCIELO

A educação em saúde é uma intervenção essencial para o manejo da dor e a melhoria da funcionalidade em pacientes com disfunções musculoesqueléticas do membro superior. Fornece aos pacientes o conhecimento e as habilidades necessárias para gerenciar sua condição de forma eficaz, promovendo a autogestão, reduzindo a dor e melhorando a qualidade de vida. A implementação de programas educacionais deve ser uma parte integral do tratamento dessas condições, com foco em informações claras, práticas de autocuidado e suporte psicossocial

Mota, Paulo Henrique dos Santos, Lima, Thais Alves; Berach, Flavia Rupolo; Schmitt, Ana Carolina Basso. 2020

Impacto da dor musculoesquelética na incapacidade funcional.

SCIELO

A dor musculoesquelética tem um impacto profundo na incapacidade funcional, afetando todas as áreas da vida de uma pessoa. A gestão eficaz dessa dor requer uma abordagem abrangente e interdisciplinar, focada na redução da dor, melhoria da funcionalidade e manutenção da qualidade de vida. Educar os pacientes e implementar estratégias de autogestão são componentes essenciais para minimizar a incapacidade associada à dor musculoesquelética.

Carvalho, Marisa Labara Andrade; Barros, Gabriella; Freitas, Gabriel Rodrigues Martins; Freitas, Raynan Veras. 2024

Dependência de Opioides

SCIELO

A prevenção, o tratamento adequado e a educação são essenciais para enfrentar essa crise de saúde pública. O foco deve estar em reduzir o uso indevido de opioides, oferecer tratamentos eficazes para aqueles que estão dependentes e apoiar a recuperação a longo prazo.

 

 

 

 

Os estudos clínicos têm consistentemente demonstrado a eficácia dos opioides no alívio da dor musculoesquelética. Diversos ensaios clínicos randomizados e revisões sistemáticas têm confirmado que os opioides podem proporcionar um alívio significativo da dor em pacientes com condições musculoesqueléticas, como dor lombar crônica, osteoartrite e lesões musculares agudas.

2.1Eficácia dos Opioides no Alívio da Dor Musculoesquelética

Os opioides, como a morfina, a oxicodona e a tramadol, podem oferecer um rápido e potente efeito analgésico, ajudando os pacientes a gerenciar a dor e melhorar sua função física. Muitos pacientes relatam uma melhora significativa na qualidade de vida após o início do tratamento com opioides, especialmente quando a dor é severa e interfere nas atividades diárias. [9]

No entanto, é importante ressaltar que a eficácia dos opioides pode variar entre os pacientes e depende de uma série de fatores, incluindo a causa e a gravidade da dor, a resposta individual à medicação e a presença de condições médicas coexistentes. Além disso, a eficácia dos opioides pode diminuir ao longo do tempo devido ao desenvolvimento de tolerância. [10]

Embora os opioides possam ser uma ferramenta valiosa no tratamento da dor musculoesquelética, é fundamental equilibrar os benefícios do alívio da dor com os riscos potenciais associados ao uso desses medicamentos, como dependência, efeitos colaterais adversos e potencial para abuso. Portanto, uma abordagem individualizada e cuidadosa na prescrição de opioides, com monitoramento regular e consideração de opções terapêuticas alternativas, é essencial para garantir um tratamento seguro e eficaz da dor musculoesquelética.

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2.2Mecanismo de Ação dos Opioides

Os opioides, como a morfina, a oxicodona e a codeína, exercem seus efeitos analgésicos ligando-se aos receptores opioides localizados no sistema nervoso central e em outras partes do corpo. Esses receptores são divididos principalmente em três tipos: mu, delta e kappa. [11]

A ativação dos receptores mu e delta pelos opioides resulta na redução da percepção da dor ao longo das vias neurais envolvidas no processamento da dor. Os receptores mu são particularmente associados ao efeito analgésico dos opioides, enquanto os receptores delta também desempenham um papel na modulação da dor e da resposta emocional à dor.

Os opioides também ativam o sistema opioide endógeno do corpo, que consiste em neurotransmissores de opioides naturais, como as endorfinas e as encefalinas. Esses neurotransmissores desempenham um papel importante na regulação da dor e no controle da resposta ao estresse e à dor. [12]

Portanto, ao ligarem-se aos receptores opioides e ativarem o sistema opioide endógeno, os opioides reduzem a transmissão dos sinais de dor ao longo do sistema nervoso central, resultando em um alívio da dor para o paciente. No entanto, é importante ter em mente os riscos associados ao uso desses medicamentos, como a dependência e os efeitos colaterais adversos, ao considerar sua prescrição para o tratamento da dor musculoesquelética.

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2.3Riscos de Tolerância e Dependência

A tolerância aos opioides é um fenômeno comum que pode ocorrer com o uso prolongado desses medicamentos no tratamento da dor musculoesquelética. Isso significa que, ao longo do tempo, o corpo se adapta à presença do opioide e sua eficácia analgésica diminui, exigindo doses mais altas para alcançar o mesmo alívio da dor inicial. ​​ [13]

Essa necessidade de aumentar as doses para manter o mesmo efeito analgésico pode levar a um ciclo perigoso de escalada de doses, aumentando assim o risco de efeitos colaterais adversos, dependência e overdose. ​​ [13]

A dependência física e psicológica também pode se desenvolver com o uso crônico de opioides. A dependência física ocorre quando o corpo se acostuma com a presença do opioide e sofre sintomas de abstinência quando o medicamento é descontinuado abruptamente. Esses sintomas de abstinência podem incluir dores musculares, agitação, ansiedade, insônia, náuseas e vômitos, entre outros. ​​ 

Por outro lado, a dependência psicológica envolve a necessidade emocional ou psicológica de usar opioides para aliviar a dor ou lidar com o estresse, ansiedade ou outros problemas emocionais. Isso pode tornar difícil para os pacientes interromperem o uso dos opioides, mesmo que eles reconheçam os efeitos adversos associados ao seu uso. ​​ [14

Sendo essencial que os profissionais de saúde estejam cientes desses riscos ao prescreverem opioides para o tratamento da dor musculoesquelética e que eles monitorem de perto os pacientes em uso desses medicamentos. Estratégias de manejo da dor alternativas e planos de redução gradual de opioides podem ser necessários para ajudar os pacientes a evitar a tolerância, a dependência e os riscos associados ao uso prolongado desses medicamentos. [14]

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2.4Implicações para a Saúde Pública

A utilização generalizada de opioides para dor musculoesquelética tem implicações significativas para a saúde pública, especialmente à luz da atual epidemia de opioides que tem afetado muitas regiões do mundo, especialmente os Estados Unidos. O aumento do uso de opioides para o tratamento da dor musculoesquelética contribui diretamente para o aumento das taxas de overdoses e mortes relacionadas a esses medicamentos. Muitos pacientes que começam a usar opioides para o tratamento da dor acabam desenvolvendo dependência e, em alguns casos, podem progredir para o uso indevido e abuso dessas substâncias. Isso pode resultar em overdoses acidentais ou intencionais, muitas vezes fatais. ​​ [15]

O uso generalizado também tem impactos negativos na saúde pública devido à disseminação de resíduos de medicamentos, poluição ambiental e riscos associados à prescrição excessiva e inadequada desses medicamentos. Isso levanta preocupações sobre a segurança e o manejo apropriado dessas substâncias, bem como a necessidade de medidas de prevenção e intervenção para mitigar os riscos associados ao seu uso.

É importante que haja uma abordagem cuidadosa e equilibrada no uso de opioides para dor musculoesquelética, com uma consideração cuidadosa dos riscos e benefícios associados a esses medicamentos. Estratégias de prescrição segura, monitoramento rigoroso dos pacientes em uso de opioides, educação sobre o uso responsável de medicamentos e acesso a tratamento para dependência e abuso são essenciais para enfrentar os desafios relacionados ao uso de opioides e garantir a segurança pública. [16]

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2.5 Abordagens Alternativas para o Manejo da Dor

Diante dos riscos associados ao uso de opioides para o tratamento da dor musculoesquelética, há uma crescente ênfase em abordagens alternativas e multidisciplinares para o manejo dessa condição. Essas abordagens não farmacológicas têm se mostrado eficazes no alívio da dor, além de reduzirem os riscos de dependência, tolerância e efeitos colaterais adversos dos medicamentos. [16]

No quadro 1 é possível observar alguns exemplos de abordagens alternativas e multidisciplinares para o manejo da dor musculoesquelética incluindo:

Quadro 1

Abordagens Alternativas

Manejo das Terapias

  • Terapias físicas

A fisioterapia, por exemplo, utiliza uma variedade de técnicas e exercícios específicos para fortalecer os músculos enfraquecidos, aumentar a flexibilidade das articulações e melhorar a coordenação motora. Além disso, a terapia ocupacional desempenha um papel fundamental ao auxiliar os pacientes na realização de atividades diárias, como vestir-se, tomar banho e fazer tarefas domésticas, adaptando o ambiente e fornecendo estratégias para maximizar a independência e a funcionalidade. Essas abordagens colaborativas visam não apenas reduzir a dor, mas também melhorar a capacidade funcional e promover a autonomia dos pacientes no seu dia a dia.

  • Exercícios

O exercício físico regular, como caminhada, natação, pilates ou ioga, pode ajudar a fortalecer os músculos, melhorar a flexibilidade e reduzir a dor musculoesquelética.

  • Acupuntura

Esta prática tradicional chinesa envolve a inserção de agulhas finas em pontos específicos do corpo para estimular o fluxo de energia e aliviar a dor. Muitos pacientes relatam benefícios significativos no alívio da dor musculoesquelética com a acupuntura.

  • Modalidades de tratamento complementares

Isso pode incluir massagem terapêutica, quiropraxia, osteopatia, manipulação da coluna vertebral, calor ou frio terapêutico e estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS), entre outras.

  • Terapias cognitivo-comportamentais (TCC)

A TCC pode ajudar os pacientes a mudar suas percepções e respostas à dor, fornecendo estratégias para lidar com o estresse, a ansiedade e a depressão que frequentemente acompanham a dor musculoesquelética.

Fonte: criado e produzido pelos próprios autores, 2024.

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Essas abordagens alternativas e multidisciplinares para o manejo da dor musculoesquelética podem ser utilizadas isoladamente ou em combinação, dependendo das necessidades individuais do paciente. Elas não apenas proporcionam alívio da dor, mas também promovem a função física, o bem-estar emocional e a qualidade de vida geral do paciente, sem os riscos associados aos opioides. Portanto, é importante considerar essas opções terapêuticas quando desenvolvendo planos de tratamento para pacientes com dor musculoesquelética. [17]

Devido aos riscos associados aos opioides, muitos profissionais de saúde estão cada vez mais buscando alternativas para o tratamento da dor musculoesquelética. Abordagens não farmacológicas, como fisioterapia, terapia ocupacional, acupuntura, terapia cognitivo-comportamental e técnicas de relaxamento, têm sido recomendadas como opções de tratamento de primeira linha ou complementares. Certos medicamentos não opioides, como anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), paracetamol, antidepressivos e anticonvulsivantes, podem ser eficazes no controle da dor musculoesquelética, com menor risco de efeitos adversos graves. ​​ 

O abuso de opioides tornou-se uma epidemia de saúde pública em muitos países, levando a um aumento significativo nas taxas de dependência, overdose e morte relacionada a opioides. Isso levou a um escrutínio mais rigoroso sobre as práticas de prescrição de opioides e uma mudança nas diretrizes de tratamento para promover o uso prudente e seguro desses medicamentos. Há uma crescente conscientização sobre a necessidade de abordar os determinantes sociais da saúde e melhorar o acesso a opções de tratamento não farmacológico para pessoas com dor musculoesquelética, especialmente aquelas em comunidades desfavorecidas. [18]

Embora os opioides possam ser eficazes no alívio da dor musculoesquelética em determinadas circunstâncias, seu uso deve ser cuidadosamente avaliado e monitorado devido aos riscos significativos de dependência, abuso e efeitos adversos. Uma abordagem multidisciplinar e centrada no paciente, que inclua tanto intervenções farmacológicas quanto não farmacológicas, é frequentemente recomendada para otimizar os resultados do tratamento e minimizar os riscos para a saúde. .[19]

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3.Considerações finais

Os opioides podem proporcionar alívio rápido da dor aguda, como resultado de lesões traumáticas, cirurgias ou procedimentos invasivos. No entanto, sua eficácia no tratamento da dor musculoesquelética crônica é limitada e pode até mesmo piorar a dor a longo prazo devido à tolerância e hiperalgesia. O maior risco associado ao uso de opioides é o desenvolvimento de dependência e vício. O uso prolongado ou inadequado pode levar à dependência física e psicológica, aumentando o risco de abuso e overdose.

A crise dos opioides têm impactado significativamente a sociedade e a economia, com altos custos relacionados ao tratamento de dependência, reabilitação e cuidados de saúde associados ao abuso de opioides. Há implicações sociais, incluindo estigma associado ao uso de opioides, impacto nas relações familiares e comunidades, e aumento da carga sobre os sistemas de saúde e serviços de emergência.

Dada a limitada eficácia e os riscos associados aos opioides, é crucial explorar abordagens alternativas e multidisciplinares para o manejo da dor musculoesquelética. Isso inclui como terapias não farmacológicas, como medicamentos alternativos e intervenções psicossociais. Uma abordagem centrada no paciente, que considera os aspectos físicos, psicológicos e sociais da dor, é essencial para otimizar os resultados do tratamento e minimizar os riscos para a saúde.

Sendo assim, enquanto os opioides podem desempenhar um papel importante no tratamento da dor musculoesquelética aguda em certas situações, seu uso deve ser cuidadosamente avaliado e monitorado devido aos riscos significativos de dependência, abuso e efeitos adversos. Uma abordagem integrada e centrada no paciente, que priorize opções de tratamento seguras e eficazes, é fundamental para garantir um manejo adequado da dor musculoesquelética e promover a saúde e o bem-estar dos pacientes.

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4.Declaração de direitos

 Os autores Giovana Wanderley da Silva, Júlia Emanuely dos Santos Ramos, Nayane Jineide De Barros Almeida e Yago Matheus Martin de Lima declaram ser detentores dos direitos autorais da presente obra, que o artigo não foi publicado anteriormente e que não está sendo considerado por outra(o) Revista/Journal. Declaram que as imagens e textos publicados são de responsabilidade dos autores, e não possuem direitos autorais reservados à terceiros. Textos e/ou imagens de terceiros são devidamente citados ou devidamente autorizados com concessão de direitos para publicação quando necessário. Declaram respeitar os direitos de terceiros e de Instituições públicas e privadas. Declaram não cometer plágio ou auto plágio e não ter considerado/gerado conteúdos falsos e que a obra é original e de responsabilidade dos autores.

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5.Referências

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1

Faculdade Integrada CETE-FIC, Garanhuns-PE, Brasil.

2

Faculdade Integrada CETE-FIC, Garanhuns-PE, Brasil.

3

Faculdade Integrada CETE-FIC, Garanhuns-PE, Brasil.

4

Faculdade Integrada CETE-FIC, Garanhuns-PE, Brasil.

 


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