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ISSN: 2595-8402

Journal DOI: 10.61411/rsc31879

REVISTA SOCIEDADE CIENTÍFICA, VOLUME 7, NÚMERO 1, ANO 2024
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ARTIGO ORIGINAL

Revisão de textos acadêmicos de Obras Hollywoodianas

Roberto Minadeo

 

Como Citar:

MINADEO; Roberto. Revisão de textos acadêmicos de Obras Hollywoodianas. Revista Sociedade Científica, vol.7, n. 1, p.367-383, 2024.

https://doi.org/10.61411/rsc202422017

 

DOI: 10.61411/rsc202422017

 

Área do conhecimento: Ciências Humanas

 

Palavras-chaves: Cinema, Hollywood, Oscar.

 

Publicado: 24 de janeiro de 2024

Resumo

O presente artigo realizou uma revisão de artigos acadêmicos centrados em obras cinematográficas ou em artistas. Também algumas poucas dissertações foram vistas, ao lado de um Trabalho de Conclusão de Curso. Saem do escopo desta pesquisa textos que comparam filmes diversos, fazem paralelismos entre filmes com outras obras de arte ou que fazem digressões de cunho filosófico, social, político ou histórico a partir de obras fílmicas. O objetivo foi compreender com maior profundidade tais obras. Filmes ou artistas que receberam a atenção de mais de uma visão acadêmica são ocasião de análise mais rica no texto.

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1. Resumos dos textos pesquisados

Elvis Presley foi pioneiro ao vincular música/cinema, em obras como “Love Me Tender” (1956), “Jailhouse Rock” (1957), “Blue Hawaii” (1961) e na transformação do ídolo em produto. Mas “A Hard Day’s Night” é quase um documentário, que colocou a banda como se estivesse filmando sua vida real. Brian Epstein, empresário dos Beatles, via que a juventude gostava de Elvis, mas não os seus pais. Resolveu alterar o estilo dos rapazes, inspirados em Elvis, e os fez comportados, aos jovens e aos pais, com ternos apresentáveis. Richard Lester Liebman dirigiu dois filmes sobre os Beatles: “Help!” (1965) e “A Hard Day’s Night” (1964), comédia musical em preto e branco, devido ao orçamento de apenas duzentas mil libras. Lester fez sucesso com “Petulia” (1968), “Os Três Mosqueteiros” (1973), “Superman II: A Aventura Continua” (1980) e “Superman III” (1983). Em “A Hard Day’s Night”, os Beatles já com sucesso e representados por eles mesmos, vão a um show em Londres; precisam superar alguns obstáculos: multidões de fãs histéricas, entrevistadores inconvenientes, o sorrateiro avô de Paul e a própria irreverência. O roteiro de Alun Owen teve indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Original. A trilha sonora é o foco do filme e combinou com o enredo; foi usada para promover o novo álbum, e para recordar canções anteriores (PARIZANI, 2021).

O ritmo nos filmes de Kubrick se assemelha ao europeu. Em “2001: Uma Odisseia no Espaço” há cenas estáticas ou lentas, como os artefatos que se movimentam ao som de uma valsa de Strauss. “Glória Feita de Sangue” foi rodado na Alemanha pela produtora de Kirk Douglas; é uma adaptação do livro homônimo antibelicista feito em 1935 por Humphrey Cobb, inspirado em fatos da Primeira Guerra Mundial. Nas trincheiras, um ataque impossível é ordenado pelo Gal. Mireau (George Macready) ao Coronel Dax (Kirk Douglas). Muitos soldados morrem e o restante, ao ver o perigo, nem sai das trincheiras. Mireau quer ser promovido a todo custo, faz uma Corte Marcial para executar três soldados escolhidos ao acaso como exemplo à tropa. O filme é um poema antibelicista e retrata a hipocrisia e injustiça da guerra. “2001” abre um novo capítulo na história do cinema, não só de ficção científica. Nos anos 1960, a corrida espacial tomava o imaginário popular e Kubrick capturou a essência dessa fase. O filme possui inúmeros significados a cada nova visualização – o que pode ser o motivo da aura de mistério que o cerca e o faz atual mesmo cinquenta anos após a sua produção. Até então, os filmes de ficção eram pouco respeitados, com precários efeitos especiais (CASTILHO, 2019).

No início de “2001”, surgem os homens-macacos, que ao longo do caminho evolutivo, seriam Homo Sapiens. Com a transição do osso jogado pelo homem-macaco se transformando no artefato espacial em 2001 se ingressa no segundo ato do filme, no qual o Dr. Floyd vai à Lua investigar um artefato misterioso encontrado enterrado no solo lunar, o monólito de Tycho. Com os primatas do Pleistoceno, ocorreu um teste da humanidade para saber se evoluiriam. Na Lua, o monólito foi enterrado há quatro milhões de anos (logo após a confirmação da possível evolução), como a fase seguinte de um plano para avisar aos construtores do objeto que a humanidade já era capaz de ultrapassar a atmosfera terrestre. No terceiro ato, dezoito meses após o achado, vai a Júpiter uma equipe e o robô HAL 900058, que desconfia dos humanos e os liquida, havendo apenas um sobrevivente, que o desliga e chega a uma gravação com o objetivo da missão: investigar sinais de vida extraterrestre inteligente, após a descoberta do monólito de Tycho, e uma emissão de rádio feita por ele. Em Júpiter, outro monólito, maior, com a mesma proporção quadrática de 1:4:9 do visto na Lua, guia o astronauta a outra dimensão. No fim da viagem, após pontos nunca vistos pelo Homem, o casulo que carrega o sobrevivente para de flutuar no silêncio e na noite e pousa em uma superfície sólida. O herói já envelhecido é posto em um quarto, no qual há outro monólito. O herói, após tentar tocar o artefato, se torna a Criança Cósmica: último estágio da evolução humana, que agora transcende ao espaço (CASTILHO, 2019).

“O Poderoso Chefão” (1972, Francis Ford Coppola) se destacou como um dos principais representantes dos filmes sobre a máfia por impor uma função ideológica ao mito do crime organizado. A história ocorre na recuperação econômica do pós-guerra dos EUA, e traz o ingresso da máfia no narcotráfico. A recusa de Don Corlone em proteger o tráfico desencadeia a guerra entre as cinco famílias. O filme surge logo após a Guerra do Vietnã, quando o sentimento norte-americano era de desilusão com o governo, e supre a lacuna da busca por incorruptibilidade, honestidade e combate ao crime – com o que transforma D. Vito Corleone em uma figura carismática. A obra trata de valores familiares, honra, amizade e da prestação deficitária de serviços públicos. A narrativa e a experiência estética de Don Corleone em relação à família e à comunidade auxiliaram a construir o perfil do principal líder mafioso junto ao público, que sai das telas rumo ao imaginário popular, fazendo do filme um dos fenômenos da indústria cultural (PIRES, 2014).

“Os Embalos de Sábado à Noite” (Saturday Night Fever, John Badham, 1977), traz a cultura dos EUA dos anos 1970: individualismo, hedonismo e a dança, que representa uma fuga dos problemas existenciais. Os dramas do público da discoteca mostram que a dança catalisa as reações humanas, acelerando o ritmo de vida ou retardando a resolução dos problemas. O reconhecimento da personagem principal como um rapaz da moda, os ícones midiáticos e os produtos de representação da época refletem a significação desses elementos para a construção da rede de consumo que o filme propicia. O principal elemento de quase todas as cenas é a música – a tal ponto que o filme é dos primeiros a aproximar o mercado musical do cinematográfico. O filme renova o gênero musical, ao ser todo musicado, sem que nenhum personagem cante (SILVA et al., 2011).

“Gente como a Gente” (1980, Robert Redford) retrata um casal destroçado com a perda do filho mais velho. Mary Tyler Moore vive uma fria e frívola mãe, que se eximira das tarefas familiares. Tal situação exaspera o filho mais novo, que tenta o suicídio. Surge o desespero do marido (Donald Sutherland). Um psiquiatra ajuda o garoto, que reconhece melhor seu pai. Não é surpresa o fato de a mãe se ir da família (LYMAN, 1987).

“A rosa púrpura do Cairo” (1985, Woody Allen) trata de uma garçonete casada com um ex-soldado que vive bêbado e violentando-a; para fugir dessa realidade ela diariamente vai ao cinema no horário matinê assistir seus filmes favoritos, um deles é o que dá nome ao próprio filme. A personagem sonha em uma vida de artista ao ponto de imaginar que o seu herói sai da tela para viver com ela uma nova vida e a leva para dentro da obra cinematográfica. É uma fuga de uma realidade para outra a partir da produção da indústria em que sua proposta leva o sujeito a reflexões mais profundas sobre si e sobre o que o rodeia (SANTOS, 2016).

“Os Intocáveis” (1987, Brian De Palma) traz Al Capone (Robert de Niro) à frente do submundo das bebidas ilegais, da polícia de Chicago, mediante propinas e férreo domínio sobre os mafiosos – demonstrado mediante a famosa cena do bastão de beisebol. Os protagonistas não são policiais clássicos: Eliot Ness (Kevin Costner) é um agente do tesouro, assim como o contador Oscar Wallace, que vislumbra a forma de prender Al Capone. Jim Malone é um policial prestes a se aposentar e que jamais cedeu à corrupção. George Stone também foi escolhido por ser um policial “limpo”. Stone foi escolhido por ser excelente atirador. A cena clímax do filme se dá na escadaria de uma estação ferroviária, na qual Eliot Ness vigia os capangas de Al Capone que vão embarcar. A tensão cresce com a chegada de uma mulher com um carrinho de bebê que despenca pela escadaria em meio ao tiroteio (ZANONI, 2012).

“Mississipi em Chamas” (1988, Alan Parker) traz a degradação social: as autoridades racistas impedem a inserção social à população negra. Entram em cena dois policiais: o idealista (Willem Dafoe) aliado ao destemido (Gene Hackman). O acaso é importante: a esposa de um policial racista dá uma informação à polícia, sendo castigada pelo marido. Ocorre a inesperada condenação do chefe da Klu-klux-klan (ZANONI, 2012).

“Grand Canyon – Ansiedade de Uma Geração” (1991, Lawrance Kasdan) mostra um advogado de classe média alta, Mack (Kevin Kline) em um momento difícil: tem um caso com a secretária, Dee (Mary-Louise Parker). Dee, Mack e a esposa Claire estão afetivamente carentes, percepção reforçada pelo acaso, quando Mack tem seu carro quebrado à noite e enfrenta uma gangue. Entra em ação um motorista de reboques, Simon (Danny Glover), que elimina o perigo. São vidas tão diversas que de outra forma não seriam aproximadas. A obra enfoca as escolhas pessoais, quando Mack ensina o filho a dirigir; após a lição mais difícil, ele ressalta ao adolescente a importância das escolhas a fazer na direção. Talvez seja uma metáfora às dezenas de pequenas escolhas que podem mudar uma vida. Escolhas individuais pressupõem o exercício de um papel ativo do homem no comando do próprio destino. Claire (Mary McDonnell) encontra um bebê abandonado e escolha criá-lo. O filme mostra como as escolhas pessoais trazem o final feliz: a obra termina com uma rica imagem da natureza: a paisagem-título; sugerindo que o sublime pode retirar os habitantes da cidade do imobilismo, ainda que por pouco tempo (PRYSTHON; CARRERO; 2004).

“Os Imperdoáveis” (1992, Clint Eastwood) mostra a paz interrompida de um vilarejo do Velho Oeste por dois cowboys que esfaqueiam uma prostituta, levando suas colegas a oferecer um prêmio a dois pistoleiros para vingá-las, pois o xerife não cuidara do problema. Um deles é William Munny (Clint Eastwood, veterano em Westerns), que se aposentara para viver como agricultor com a família; mas cuja esposa se fora. Os limites entre heroísmo e vilania, homem e mito são ponto de reflexão da obra, quando se aceita a defesa da causa. As formas e os motivos do Western já haviam invadido todo o cinema, mas os valores do Velho Oeste não expressavam mais a sociedade norte-americana (VUGMAN, 2006).

 “Um dia de fúria” (Joel Schumacher, 1993) retrata as adversidades da classe média dos EUA ante o desemprego dos anos 1980. O espectador vê um homem (Michael Douglas), saindo em ritmo alucinado de seu carro, afirmando querer ir para sua casa. Ao longo da obra, é tratado por D-fesa, distintivo visto em seu carro. O policial Martin Prendergast (Robert Duvall), no que seria o último dia de trabalho antes da aposentadoria antecipada a pedido da esposa, tenta identificar o causador do caos. O infeliz começa a criar problemas em uma mercearia, discutindo e com um taco de beisebol provoca estragos. Depois, entra em discussão em um local no qual há adolescentes hispanos que pedem a ele para sair por se tratar de um território deles, e são agredidos pelo mesmo taco. Os rapazes querem revanche e chegam armados. O alucinado se apropria da arma e fere um dos rapazes. Martin descobre que o surtado é William Foster, recém-divorciado, vindo de uma família trabalhadora, cujo pai foi veterano de guerra; possui uma mãe com problemas e está frustrado em relação aos ideais que o haviam norteado. Fechando o quadro, o D-fesa cheio de preconceitos raciais fora casado com uma italiana, o que se torna a chave para Martin descobrir o destino de Foster (ROCHA, 2015).

“Se7en – Os sete crimes capitais” (1995, David Fincher) trata da relação entre dois policiais em uma grande cidade: o experiente William Somerset (Morgan Freeman) e o novato David Mills (Brad Pitt). Tais atores haviam atuado em filmes sobre seriais killers, Morgan Freeman em “Beijos que Matam” (“Kiss the Girls”, 1997) e Brad Pitt em “Kalifórnia” (1993). O filme mostra a busca da resolução de crimes hediondos durante sete dias. Novos detalhes são trazidos sobre a motivação desses crimes. A obra mostra o assassino como inteligente, determinado, sem ligação social, com recursos desconhecidos, enfim, um louco. Surge John Doe, cujos crimes machucam dada a apatia social e os baixos padrões éticos reinantes. Suas vítimas foram torturadas até a morte em seu local de trabalho ou em casa; chegou a manter um homem por um ano em sua cama, sem ninguém sentir sua falta, bastava pagar o aluguel em dia. John Doe morava em um local com outras pessoas, desconhecidas umas às outras. A obra critica a sociedade hedonista, com seus fracos laços sociais. O assassino une suas fantasias a seu desprezo pela sociedade (MATOS, 2015).

“Spider: desafie sua mente” (2002, David Cronenberg) apresenta a mesma atriz (Miranda Richardson) no papel da mãe e eventual amante de seu pai. Com isso, ganha força retórica a narrativa delirante de Spider (Ralph Fiennes), que se concentra na crença de que o pai matou a mãe para ficar com a amante. Spider é psicótico, fala com suas vozes. O filme mostra a relação com a escrita que os psicóticos costumam ter.  Manteve o balbucio constante na interação com as vozes, levando os espectadores a completar os diálogos rotos e buscar sentido à dor do protagonista. A presença magistral de Spider como observador das cenas que compõem o delírio em que “ele” aparece como menino marca esse caráter de distanciamento entre o sujeito que delira e sua fantasia, tal como os psicóticos marcam ao atribuir os fatos do delírio como de responsabilidade das vozes. Afinal, Spider mata a mãe e atribui o crime ao pai (NOVAES, 2005).

“Antes de Partir” (Rob Reiner, 2007) traz Carter Chambers (Morgan Freeman), mecânico portador de câncer terminal, hospitalizado ao lado de Edward Cole (Jack Nicholson), o dono do hospital, em igual estado de saúde. Carter lista os sonhos que gostaria de realizar antes de morrer. Edward, ao ver tal lista, põe mais alguns elementos e sugere que viajem juntos, pois dinheiro não é problema, e ambos contam com poucos meses de vida. Carter aceita, dizendo que após os filhos terem crescido, seu carinho para com a esposa esfriara. Em frente às pirâmides do Egito, Edward conta como rompeu relações com a filha e o genro. À volta, a família de Carter o recebe efusivamente; Edward está novamente só; algum tempo depois, recebe uma carta do amigo pedindo para que reate com a filha (BRAGA, 2014).

Os vilões da trilogia Batman de Christopher Nolan são 7: Ra’s Al Ghul e o Espantalho do primeiro filme; o Coringa e o Duas Caras do segundo filme; Talia Al Ghul, Bane e a Mulher Gato, do terceiro filme (ANDRIANI, 2014):

  • ​​ Ra’s Al Ghul é o líder da secreta Liga das Sombras; foi o treinador de Bruce Wayne. Tem um ideal, porém é vilão, pois para ele os fins justificam os meios. Visa aniquilar a maior parte da humanidade, extirpar a democracia e assumir o poder global. O fim de Ra’s Al Ghul na trilogia acontece no final do primeiro filme, no qual após fracassar em destruir Gotham, é morto por Batman.

  • ​​ O Espantalho trabalha com Ra’s Al Ghul; é o alter ego perturbado de Jonathan Crane, que trabalha no Asilo Arkham e criou uma droga que traz medo aos que recebem a droga. Crane assume a personalidade de Espantalho em seus experimentos.

  • ​​ O Coringa é um criminoso anarquista brilhante que perturba a ordem e estabelecer o caos. Seu passado é um mistério. Com sua inteligência promove a tortura psicológica de seus oponentes.

  • ​​ Duas Caras é o promotor Harvey Dent após enfrentar o Coringa, perder a amada Rachel Dawes e ganhar uma face sinistra. É inteligente no tocante ao direito penal. Suas decisões são feitas por sua moeda. Após ameaçar o comissário Gordon e sua família, é morto pelo Batman no fim de O Cavaleiro das Trevas.

  • ​​ Bane foi quase morto enquanto protegia Talia Al Ghul, ainda criança, sendo obrigado a viver com uma máscara de gás para sobreviver. Também foi treinado por Ra’s Al Ghul e se torna terrorista. Foi expulso da Liga das Sombras ao se apaixonar por Talia, filha do líder. Bane é um vilão à altura de Batman, físico e mental – por sua força, inteligência e poder de persuasão; quer mudar a maneira de pensar dos cidadãos de Gotham – como se vê na explosão no campo de futebol. Seu fim é repentino: prestes a matar o Cavaleiro das Trevas, é morto pela Mulher Gato.

  • ​​ Talia Al Ghul ao início é Miranda Tate – da Wayne Enterprises, filha do vilão Ra’s Al Ghul, nascida em uma prisão da qual fugiu com a ajuda de Bane. Ainda como Miranda, tem um romance com Batman, quando esconde seu objetivo de vingar e continuar os planos do pai. Morre no final de O Cavaleiro das Trevas Ressurge, em colisão do caminhão que dirige.

  • ​​ Mulher Gato ou Selina Kyle é uma ladra que vive de pequenos furtos. Ao início ajuda Bane na tentativa de destruir o Batman. Selina não é uma vilã e sim uma anti-heroína.

“Kick-Ass: Quebrando Tudo” (“Kick-Ass”, 2010, Matthew Vaughn), é uma história em quadrinhos da Marvel que conta a história de Dave Lizewski (Aaron Johnson), estudante de ensino médio de Nova Iorque louco por super-heróis. Parte da premissa de que qualquer pessoa pode ser um herói; então compra uma roupa de neoprene, coloca uma máscara e sai pelas ruas à noite, enquanto o pai trabalha, imitando o comportamento de um herói dos quadrinhos, como usar o uniforme por baixo de suas roupas, fazer musculação e treinar artes marciais. É esfaqueado ao enfrentar três jovens; é operado e tem implantadas três placas de metal na cabeça, ficando quase imune à dor. Volta a patrulhar as ruas. Ao ver um homem sendo agredido por outros três, ele enfrenta com sucesso os agressores, ação gravada por um transeunte, e postada na Internet. A partir daí, Dave se torna um herói que ajuda as pessoas. Com centenas de seguidores nas redes sociais, começa a atender pedidos de socorro. Numa dessas missões, é ajudado por uma menina de dez anos vestida como super-heroína que, manejando duas espadas, massacra a gangue. A heroína é Hit-Girl (Chloë Grace Moretz), auxiliar do herói Big Daddy (Nicolas Cage), ex-policial que busca vingança contra o mafioso John Genovese por ter destruído sua família. Pai e filha são presos. Kick-Ass é traído por um falso herói, Red Mist, filho do chefão do crime. Os heróis são torturados. Big Daddy morre, Hit-Girl é baleada e supostamente morta. Kick-Ass é salvo novamente pela Hit-Girl. Juntos, eliminam a gangue de John Genovese, incluído o próprio (ALVES, 2013).

O “Homem de Ferro” (2008) é adaptação de Iron Man is born!, lançada em 1963 pela Marvel. Traz a história de Tony Stark, herdeiro da Stark Industries, que fornece armas aos EUA. Em uma demonstração no Afeganistão, Stark tem seu carro atacado por um explosivo feito por sua empresa, usado por terroristas. Em cativeiro, sabe que será morto, então projeta uma armadura para escapar. Foge, destrói a armadura no caminho e começa a trabalhar em uma armadura aprimorada. Na volta de uma missão, Tony entra nos sistemas de sua firma, e descobre que seu sequestro fora tramado por seu sócio. O Homem de Ferro consegue chegar a tempo de detê-lo antes de apagar as informações para encobri-lo. Em uma conferência para imprensa, Stark revela ser o Homem de Ferro (TRETTIN; SCHLÖGL, 2014).

“O Homem de Ferro 2” (2010) se baseia na saga “Demon in a Bottle”, lançada em 1979. À beira da morte, passa a firma à secretária, perde uma armadura para o governo, tem problema com bebidas e acredita ser imbatível. A trajetória de Tony Stark prossegue, na qual se insiste para que Tony entregue o projeto do Homem de Ferro ao exército. Ele recusa tornar o Homem de Ferro uma arma e humilha Justin Hammer, seu rival. Tony descobre que o metal paládio encontrado dentro do arc reactor de seu peito envenena seu sangue. Em Mônaco, Stark participa de uma corrida de F1, sendo atacado por Ivan Vanko, que utiliza de uma tecnologia de energia semelhante ao arc reactor, porém é derrotado e preso. Em busca de vingança, Justin Hammer tira Ivan da prisão para aperfeiçoar as armaduras de combate para superar as do Homem de Ferro. Stark parte então em busca de uma cura para seu envenenamento e descobre que seu pai tinha a ideia de criar um elemento em 1974, mas a tecnologia da época o limitava. Tony constrói um acelerador de partículas e chega a um novo elemento, ao substituir o paládio de seu peito e curando-se do envenenamento (TRETTIN; SCHLÖGL, 2014).

Meryl Streep mescla as habilidades dos atores britânicos ao método norte-americano de imersão emocional nos papeis; atua fluindo entre o caos da vida real e o controle feito pela arte e se destaca por levar conteúdos profundos a personagens simples, como em “Mamma Mia!” (2008) e “Florence Foster Jenkins – Quem é Esta mulher?” (“Florence Foster Jenkins”, 2016), graças a seu repertório de expressões faciais, risos e entonações. Este último filme traz considerações sobre a vaidade de uma pessoa rica, que beneficiou a música e se julga no direito de ser artista. A decisão de seu marido em apoiá-la no show do Carnegie Hall é uma afirmação de quando as boas intenções ficam acima dos padrões artísticos. Em “Kramer vs. Kramer” (1979) vive uma profissional bem-sucedida que pede o divórcio e deixa o filho ao marido (Dustin Hoffman) de quem ganha mais; este sofre em sua carreira ao ter que assumir as tarefas domésticas, superando o desafio. Com “A Escolha de Sofia” (1982) Streep passou a ser tida pela melhor atriz dos EUA de todos os tempos. Em “O Diabo Veste Prada” (2006) vive Miranda, editora da mais importante revista de moda de Nova York, casada, com duas filhas, tendo já se divorciado e em conflito com o marido, por sua exagerada dedicação ao trabalho, no qual é de grande competência. Miranda é perspicaz, autoritária, arrogante e sarcástica. Sua chegada ao trabalho é um acontecimento, as pessoas mudam de comportamento face ao nulo reconhecimento que dela recebem. Seu inevitável divórcio a mostra fraca pela primeira vez, por temer reflexos negativos na imprensa, sem atrapalhar seu desempenho profissional. Em uma situação em que sua carreira é ameaçada, ela se mostra manipuladora. Andrea (Anne Hathaway), recém-formada que começa a atuar como sua assistente, sua mudança no estilo de se vestir faz com que ganhe destaque no trabalho e a admiração de Miranda, e passa a ser chamada a ficar à disposição desta em tempo integral, inclusive para tarefas pessoais. Em “The Iron Lady” (2012), vive Margareth Thatcher (LYMAN, 1987; BITTAR, 2012; NEHER, 2016; SCHONS, 2016).

“Cisne Negro” (2010) é uma adaptação da peça Lago dos Cisnes, baseada em um conto que traz a trágica história de amor da princesa Odette, que sofrera um encantamento, sendo humana apenas de noite. Odette tem uma gêmea má, Odille. Inúmeras encenações da peça foram feitas, com os mais diversos finais, tendo prevalecido o happy end. Nina Sayers (Natalie Portman) ganha o papel principal na peça. Ao treinar, conhece outro lado de sua personalidade, e encarna as duas faces do cisne. Julga que deve superar sua infantilidade para encenar o cisne negro. A trama é centrada, portanto, na tensão interna da protagonista, em especial na transformação de menina submissa à mãe, uma dançarina aposentada, em mulher. Ao final do filme, a protagonista vive o cisne negro, já na posse dos dois papeis. Nina se refaz após enfrentar seus fantasmas. A oposição branco-negro é rica de simbolismos, destacando a finalidade da obra: mostrar que em todos há duas personalidades. A memória e a imaginação suscitam os sonhos e os fantasmas do mundo interior (COUTO; BORGES, 2016).

“Coringa” (2020, Todd Phillips) inquieta: mescla drama, tragédia, comédia, suspense e terror psicológico e suscita vários sentimentos no público. Conta a história do solitário Arthur Fleck, que sobrevive às custas dos bicos que faz como palhaço e vive com a mãe física e mentalmente doente. Seu sonho é ser comediante de stand up. Sentindo-se fracassado profissional e afetivamente, Arthur sofre frustração e violência, que farão uma transformação em sua personalidade, de passiva e submissa, até um violento justiceiro (TESSECINI, 2019).

Arthur é marcado por sentimentos de abandono e de rejeição. Ele nada sabe sobre seu pai, a não ser pela ótica idealizada da mãe: “Ele é um homem extraordinário, feliz e poderoso”. A obsessão de Arthur pelo riso vem desde cedo, expressão da necessidade de ser admirado. Arthur é retraído e triste; não se conecta com ninguém, sendo alvo de violência e desprezo, em situações de clara injustiça. Em conversa com a assistente social, Arthur refere a falta de acolhimento da sociedade e denuncia que ninguém o escuta, nem mesmo ela, que trabalha de forma fria e lhe faz sempre as mesmas perguntas (TESSECINI, 2019).

A relação do protagonista com a mãe é precária. Ela depende dos cuidados do filho, e a única diversão que compartilham é assistir a um show na TV, de Murray Frank (de Niro). O apresentador é inspiração para Arthur, que sonha em participar do programa. Sobre Frank, Arthur projeta a imagem paterna. Em seus delírios, o apresentador lhe diz: “Eu não abriria mão de um filho como você!” (TESSECINI, 2019).

Quando os serviços médicos e sociais sofrem cortes, Arthur é deixado à própria sorte. A doença mental, sem a medicação, piora, ao mesmo tempo que Arthur vai entrando em contato com sua biografia desconhecida. Confusão, mistério e mentiras o enfurecem. As versões sobre sua vida são discrepantes e não o convencem. Thomas Wayne pode ser seu pai: Arthur encontra uma foto que atesta o relacionamento entre ele e sua mãe (TESSECINI, 2019).

Aos poucos, a tensão entre o mundo objetivo e o subjetivo se nivela, levando ao colapso da personalidade consciente, e a mente de Arthur é invadida por delírios que até confundem o espectador. A partir daí, vai entra em surto e começa a matar. As primeiras vítimas assediam uma moça no metrô. No início, Arthur fica perturbado com o fato, mas depois, a cada morte sente mais status e poder. Finalmente realiza o desejo de ser visto, tornando-se a máscara heroica da população descontente (TESSECINI, 2019).

Dois atores ganharam o Oscar por interpretarem o Coringa, fato raro. Em 2009, Heath Ledger foi premiado postumamente por sua atuação em “Batman: O cavaleiro das trevas”, de Christopher Nolan. Em 2020, Joaquin Phoenix ganhou o Oscar pelo papel-título do filme Coringa. Jack Nicholson já causara impacto com a sua interpretação em “Batman” (Tim Burton, 1989). No filme de Phillips, Coringa comete um crime que choca a cidade ao ser transmitido ao vivo (OLIVEIRA, 2020).

Quase depois de 80 anos de sua criação, o Coringa é tido por muitos críticos o maior vilão das revistas em quadrinhos. O filme retrata sua vida pós-internação no manicômio Arkham e mostra as visitas à assistente social onde vai tratar de seu dia a dia. Apresenta-se que o serviço público ofertado a pessoas com transtornos mentais é deficiente. A assistente social relata que os encontros serão finalizados por cortes de verbas, sinalizando que o governo não se preocupa com doentes mentais. O Coringa mostra traços de psicopatia – um transtorno de personalidade; psicopatas são indivíduos frios, inaptos para manter relacionamentos, pessoas com baixa tolerância à frustração, tendência a agressividades e sem sentimento de culpa. Um dos motivos de tais conflitos é a relação conturbada com a mãe, portadora de distúrbios mentais que influem na criação do filho, com quem não apresenta afetividade. A busca de Coringa pelo seu pai evidencia sua carência de afeto. Ao descobrir a mentira sobre sua origem, o Coringa mata a mãe com uma frieza anormal. O filme traz o Coringa com pensamentos delirantes seguidos de perturbações na percepção, tais como o relacionamento com a sua vizinha ou seu sucesso no stand-up (ARAUJO, 2021).

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2. Considerações finais

Encontraram-se revisões de elevada qualidade, o que evidencia um bom trabalho na academia em geral e nas revistas em particular. Em função da existência de tais publicações, foi possível a realização de uma pesquisa que analisou obras com profundidade. O texto possibilita ao leitor um interessante contato com as obras apresentadas, despertando o apetite para que sejam apreciadas ou revisitadas.

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    • 3.Declaração de direitos

O(s)/A(s) autor(s)/autora(s) declara(m) ser detentores dos direitos autorais da presente obra, que o artigo não foi publicado anteriormente e que não está sendo considerado por outra(o) Revista/Journal. Declara(m) que as imagens e textos publicados são de responsabilidade do(s) autor(s), e não possuem direitos autorais reservados à terceiros. Textos e/ou imagens de terceiros são devidamente citados ou devidamente autorizados com concessão de direitos para publicação quando necessário. Declara(m) respeitar os direitos de terceiros e de Instituições públicas e privadas. Declara(m) não cometer plágio ou auto plágio e não ter considerado/gerado conteúdos falsos e que a obra é original e de responsabilidade dos autores.

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4. Referências

  • ALVES, B. F. “Kick-Ass e o discurso do herói épico”. 2as Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos. Escola de Comunicações e Artes, USP, 20-23/08/2013.

  • ANDRIANI, Maria Lua Ternes; BONA, Andriani Rafael Jose. “Personagens em Roteiros de Cinema: um estudo dos antagonistas da trilogia Batman, de Christopher Nolan”. Revista Livre de Cinema, jan.-abr./2014, v.1, n.1, p. 40-56.

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