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RSC3

VOLUME 1, NÚMERO 2, NOVEMBRO DE 2018

ISSN: 2595-8402

DOI: 10.5281/zenodo.1490115

ESTUDO PRELIMINAR DA REPRESENTATIVIDADE PERCENTUAL DAS CHUVAS POR TURNOS EM RELAÇÃO AO ESPERADO MENSAL EM PELOTAS: RESULTADOS PARCIAIS PARA O VERÃO (1982-1997)

 

Pâmela Ortiz Battilana¹; Vinicius Carvalho Beck ²;Daniel Souza Cardoso 3;Ronaldo Matias Tavares Junior 4; Christian Rosa Dias5

 

1Instituto Federal de Ciência, Educação e Tecnologia Sul-Rio-grandense, Campus Pelotas Visconde da Graça, Pelotas – RS, Brasil

pamelabattilana@hotmail.com

2Instituto Federal de Ciência, Educação e Tecnologia Sul-Rio-grandense, Campus Pelotas Visconde da Graça, Pelotas – RS, Brasil

viniciusbeck@cavg.ifsul.edu.br

3Instituto Federal de Ciência, Educação e Tecnologia Sul-Rio-grandense, Campus Pelotas Visconde da Graça, Pelotas – RS, Brasil

danielcardoso@cavg.ifsul.edu.br

4Instituto Federal de Ciência, Educação e Tecnologia Sul-Rio-grandense, Campus Pelotas Visconde da Graça, Pelotas – RS, Brasil

ronaldomtjr@gmail.com

5Instituto Federal de Ciência, Educação e Tecnologia Sul-Rio-grandense, Campus Pelotas Visconde da Graça, Pelotas – RS, Brasil

christianrds71@gmail.com

 

 

RESUMO

No Rio Grande do Sul, a variabilidade do tempo devido à transição de sistemas meteorológicos dificulta o reconhecimento de padrões pluviais, podendo assim ocorrer épocas com excesso de chuvas ou longos períodos de secas [7]. Devido a essa dificuldade, os estudos referentes aos totais de chuvas por turno são importantes para o planejamento urbano seja em termos de escoamento (vazão hídrica urbana) ou no racionamento hídrico, contribuindo na prevenção de prejuízos referentes às chuvas intensas no meio urbano e rural. ​​ Neste trabalho buscou-se verificar a representatividade percentual mensal, por turno, analisando-se a distribuição dos totais médios por turno da precipitação nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro na cidade de Pelotas-RS no período compreendido entre 1982 e 1997. Os dados utilizados foram cedidos e coletados pela estação Agroclimatológica de Pelotas. Neste projeto, analisa-se uma série de dados de 32 anos, sendo que os resultados aqui apresentados são parciais. Concluiu-se que no verão os maiores valores de precipitação por turno, comparando-se com as médias mensais, ocorrem no turno da tarde, com redução da tarde para a noite, observando-se que da madrugada para a tarde existe um comportamento de crescimento na precipitação

Palavras-chave: Chuvas por turno; Climatologia das chuvas; Totais médios por turno.

 

1 INTRODUÇÃO

A previsão do tempo fornece informações importantes para diversos setores da sociedade, desempenhando um papel crucial na prevenção dos impactos causados por eventos extremos ocasionados pelo excesso de chuvas [6]. Um exemplo desses parâmetros é a média de precipitação mensal por turno, ou seja, a média dos valores registrados em um mês estipulado, em cada turno (madrugada, manhã, tarde e noite), ao longo de um determinado período.

A climatologia de cada região é um critério importante para que órgãos governamentais e centros de pesquisa possam avaliar as variações meteorológicas adotando como referência determinados dados climatológicos. Independentemente dos avanços obtidos nas previsões de tempo e do clima, muito ainda precisa ser feito para a melhoria dos índices de acertos das previsões climáticas[3].

No Rio Grande do Sul, a variabilidade do tempo devido à transição de sistemas meteorológicos dificulta o reconhecimento de padrões pluviais, podendo assim ocorrer épocas com excesso de chuvas ou longos períodos de secas[7]. Devido a essa dificuldade, os estudos referentes aos totais de chuvas por turno são importantes para o planejamento urbano seja em termos de escoamento (vazão hídrica urbana) ou no racionamento hídrico, contribuindo na prevenção de prejuízos referentes às chuvas intensas. Segundo Dias[2], as chuvas com altos volumes em um curto período de tempo podem trazer consequências alarmantes, tais como, enchentes ou alagamentos, deixando inúmeras famílias desabrigadas. As causas de tais eventos são variadas, como assoreamento do leito dos rios e impermeabilização das áreas de infiltração na bacia de drenagem[9].

​​ Já no meio rural, Dias [2]​​ salienta a importância dos estudos de chuvas por turno na organização das atividades rurais para a prevenção de prejuízos nas lavouras:

Os altos índices de chuva trazem baixos níveis de insolação, podendo limitar o crescimento e produtividade, levando também ao aparecimento de doenças e elevando os custos de produção. As precipitações atrasam o plantio das culturas e provocam erosão no solo, causando perdas de fertilizantes e sementes, principalmente em lavouras semeadas nos dias de chuva [...].

Segundo Marengoet al.[4]e Tebaldiet al.[8], o aquecimento global promovido pelo aumento da concentração de gases envolvidos nos processos físico-químicos do efeito estufa, Como consequência da elevação da temperatura, estão previstos aumentos nos índices de precipitação, principalmente nas latitudes médias e altas, ao mesmo tempo em que haverá redução nos níveis pluviométricos nas baixas latitudes[5].

Marengo[4] afirma que desde 1950, devido ao aquecimento global, as regiões Sul e Sudeste do Brasil experimentam chuvas cada vez mais violentas, apesar de o total precipitado não ter sofrido modificação perceptível no decorrer do tempo. Entretanto, não é novidade que os grandes centros urbanos nestas regiões são periodicamente atingidos por fortes chuvas. Este pode ser um dos fatores que contribuem para o aumento do número de eventos extremos em várias regiões do planeta, e em particular, no Brasil. A precipitação por turno pode ser um dado relevante para o planejamento de ações no sentido de reduzir os danos causados por esses eventos extremos.

Neste trabalho buscou-se verificar a representatividade percentual mensal por turno, em relação à estimativa média mensal, a fim de contribuir para as ações da defesa civil e administração pública. Analisando a distribuição dos totais médios por turno da precipitação nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro na cidade de Pelotas-RS no período compreendido entre 1982 e 1997. Ressalta-se que neste projeto, está sendo analisada uma série de dados de 32 anos, sendo que os resultados aqui apresentados são parciais.

O formato para citação é numérico[1] que deve fazer referência cruzada com as referncias bibliográficas, através do seu editor de texto após númerar suas referências. O parágrafo deve ser justicado em todo o texto.

 

2 METODOLOGIA

 Os dados do presente trabalho foram cedidos e coletados pela Estação Agroclimatológica de Pelotas. Foram considerados os dados horários de precipitação dos meses de janeiro, fevereiro e março do período 1982-1997. Estes dados horários foram agrupados por turno, somando-se os valores horários a cada seis medições consecutivas: madrugada (0h-5h), manhã (6h-11h), tarde (12h-17h) e noite (18h-23h). Em seguida, calculou-se a média para cada turno.

A média mensal por turno foi obtida por:

(1)

 

 A representatividade percentual por turno em relação ao estimado mensal, e dada por:

(2)

 

 

Legenda:

M = Média mensal por turno;

T = Totais de chuvas por turno;

N = Número de turnos;

n = Número de dias do mês.

m = Média mensal estimada.

 

3 DESENVOLVIMENTO E DISCUSSÃO

A partir das informações agrupadas por turno foram gerados gráficos com o objetivo de avaliar o volume de precipitação e o percentual em relação às médias mensais de cada turno.

 

Figura 1 - Gráfico de distribuição de médias de precipitação por turno (mm) no mês de janeiro no período 1982-1997 (Fonte: Autor)

 

 Nota-se na Figura 1, maior volume de chuvas no turno da tarde, com valores crescentes da madrugada até à tarde, decrescendo na noite.

 

Representatividade percentual por turno em relação à média mensal para janeiro (%).

Figura 2 - Gráfico de representatividade percentual mensal por turnos da precipitação (%) no mês de janeiro no período 1982-1997 (Fonte: Autor).

 

Médias por turno para fevereiro (mm).

Figura 3 - Gráfico de distribuição de médias de precipitação por turno (mm) no mês de fevereiro no período 1982-1997 (Fonte: Autor).

 

Observa-se na Figura 3, um volumemais elevado de precipitação no turno da tarde, decrescendo na noite.

 

 

Representatividade percentual por turno em relação a média mensal parafevereiro

Figura 4 - Gráfico de representatividade percentual mensal por turnos da precipitação (%) no mês de fevereiro no período 1982-1997 (Fonte: Autor).

 

 

Médias por turno para dezembro (mm).

Figura 5 - Gráfico de distribuição de médias de precipitação por turno (mm) no mês de dezembro no período 1982-1997 (Fonte: Autor).

 

Verifica-se na Figura 5, o maior volume de chuvas encontra-se no turno da tarde, com precipitação crescente da madrugada até à tarde, decrescendo na noite.

 

 

Representatividade percentual por turno em relação a média mensal para dezembro (%).

Figura 6 - Gráfico de representatividade percentual mensal por turnos da precipitação (%) no mês de fevereiro no período 1982-1997 (Fonte: Autor).

 

 Dentre os resultados precedentes sobre a precipitação em Pelotas, destacamos o estudo de Da Silva e Neta[1], no qual as autoras concluem que fevereiro é o mês em que mais ocorrem chuvas com volume diário acima de 20 milímetros. Os resultados aqui apresentados estão em concordância com esta tendência, uma vez que fevereiro apresenta as maiores médias mensais por turno.

Ao analisar os gráficos, referentes aos meses do verão estabelecidos no período estudado, observa-se que a maior parte do volume de chuva ocorre no turno da tarde e a menor ocorre no turno da madrugada.

Futuramente pretende-se realizar estudos abordando a relação entre as chuvas por turno e os horários da dispersão de poluentes na região de Pelotas, identificando os períodos de menor impacto ambiental devido à precipitação.

 

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que os maiores valores de precipitação por turno, comparando-se com as médias mensais, ocorrem no turno da tarde, com redução da tarde para a noite. Também se observa que da madrugada para a tarde existe um comportamento de crescimento na precipitação.

Os dados analisados neste trabalho são referentes ao período 1982-1997. Após o tratamento dos dados dos últimos dezesseis anos (1998-2013), os resultados serão comparados e ajustados para uma série única de trinta e dois anos, possibilitando a verificação de características da climatologia das chuvas turnais em Pelotas.

 

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • Da SILVA, Morgana Vaz; NETA, Luciana Cardoso. Frequência de Eventos Extremos de Precipitação para Pelotas/RS. Revista Ciência e Natura, Santa Maria - RS, Ed. Esp. Dez. 2013, p.507-509, 2013.

  • DIAS, C. R.; CARDOSO, D.S ; TAVARES JUNIOR, R. M. ; RIBEIRO, J. C. B. . Variabilidade climática sobre a probabilidade horária pentadal de chover em Pelotas, RS?Brasil. ALMANAQUE MULTIDISCIPLINAR DE PESQUISA, v. 1, p. 1-25, 2018.

  • HOU, E. D. K. et al. Objetive Verification of the SAMEX’ 98 Ensemble Forecast. MonthlyWeatherReview, v. 129, p.73-91, 2001.

  • MARENGO, J. A., ALVES, L. M., VALVERDE, M. C., ROCHA, R. P.; LABORBE, R. Eventos extremos em cenários regionalizados de clima no Brasil e América do Sul para o século XXI: Projeções de clima futuro usando três modelos regionais. Relatório 5. MMA/SBF/DCBio, Brasília. 2007.

  • MENDONÇA, Francisco et al. Rechauffementclimatique global et expansiongeographique de la dengue dansleSudduBresil. Actesdu XVII Colloque de l'AssociationInternationale de Climatologie. Caen/France, 2004. p. 209-212.

  • SILVEIRA,C.S. et al. Verificação das previsões de tempo para precipitação usando ensemble regional para o estado do Ceará em 2009. Revista Brasileira de Meteorologia, v. 26, n. 4, 609-618, 2011.

  • TAVARES JUNIOR, R. M.; CARDOSO, D. S. ; RODRIGUES, L. S. ; RIBEIRO, J. C. B. . Análise da frequência e da probabilidade de chuvas pentadais para a cidade de Pelotas, RS - Brasil. In: 9ª Jornada de Iniciação Científica do IFSul - Pró-Reitoria de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação, 2016, Santana do Livramento. Livro de Resumos 9ª Jornada de Iniciação Científica do IFSul - Pró-Reitoria de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação. Pelotas: IFSUL, 2016. v. 9. p. 1-217.

  • TEBALDI, C.; HAYHOE, K.; ARBLASTER J. M.; MEEHL, G. A. Going to extremes - An Intercomparison of model-simulated historical and future changes in extreme events. ClimaticChange, 79. 185–211. 2006.

  • VALESCO, Karla de Souza. Impactos das enchentes nos municípios da Baixada Fluminense, Pós-graduação. Universidade Candido Mendes, p. 1-45, 2010.

 

 

 

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