Compartilhar:

VOLUME 2, NÚMERO 1, JANEIRO DE 2019

ISSN: 2595-8402

DOI: 10.5281/zenodo.2533446

 

ANÁLISES DE CONTROLE DE QUALIDADE DA RECEPÇÃO DA SOJA E DO ARROZ DE UMA INDÚSTRIA PROCESSADORA DE GRÃOS

Christian Rosa Dias¹; Marcelo Peter²

 

1Instituto Federal Sul Rio-grandense - Campus Pelotas, RS, Brasil christianrds71@gmail.com

2Instituto Federal Sul Rio-grandense - Campus Pelotas Visconde da Graça, RS, Brasil

marcelopeter@cavg.ifsul.edu.br

 

 

RESUMO

O arroz é um grão da família das gramíneas que alimenta mais da metade da população humana, principalmente em países subdesenvolvidos. É a terceira maior cultura cerealífera do mundo, ultrapassado apenas pelo milho e trigo [13]. Segundo Nepomuceno, Farias e Neumaier [9]​​ a soja (Glycine max (L) Merrill) cultivada para a produção de grãos no Brasil, é uma planta herbácea, da classe Rosideae, ordem Fabales, família Fabaceae, subfamíliaPapilionoideae, tribo Phaseoleae, gênero Glycine L., espécie max.Na recepção é realizado controle de qualidade da entrada e descarga do produto, os grãos serão separadas por cultivar e classe, conforme qualidade do produto e identificadas (Romaneio de Entrada ou de Saída). Na pesagem é obtido o peso bruto, já na saída é gerado um relatório com saldo líquido do produto após a pesagem do veículo vazio [12].O objetivo deste trabalho foi realizar o controle de qualidade do arroz e da soja de entrada e de saída no laboratório de grãos da empresa Puro Grão unidade matriz e filial em Pelotas, verificando assim se o estado sanitário, umidade, impurezas e defeitos estão em valores dentro dos parâmetros exigidos pela legislação.

Palavras-chave: Controle de qualidade do arroz e soja , Manejo do arroz e soja, Etapas do processamento do arroz e da soja.

 

  • INTRODUÇÃO

O arroz é um grão da família das gramíneas que alimenta mais da metade da população humana, principalmente em países subdesenvolvidos. É a terceira maior cultura cerealífera do mundo, ultrapassado apenas pelo milho e trigo[13].

Ainda, segundo Revilla et al.[13], o ciclo de desenvolvimento do arroz pode ser dividido em três fases principais:

Plântula, vegetativa e reprodutiva. A duração de cada fase é função da cultivar, época de semeadura, região de cultivo e das condições de fertilidade do solo. A duração do ciclo varia entre 100 e 140 dias para a maioria das cultivares cultivadas em sistema inundado, sendo que a maior parte da variação entre cultivares ocorre na fase vegetativa. As cultivares de arroz de sequeiro tem duração de ciclo entre 110 e 155 dias.

 

Segundo Nepomuceno, Farias e Neumaier [9]a soja (Glycine max (L) Merrill) cultivada para a produção de grãos no Brasil, é uma planta herbácea, da classe Rosideae, ordem Fabales, família Fabaceae, subfamília ​​ Papilionoideae, tribo Phaseoleae, gênero Glycine L., espécie max.

Ainda, na visão de Nepomuceno, Farias e Neumaier [9]as principais caractéristicas das variedades comerciais são:

Caule híspido, pouco ramificado e raiz com eixo principal e muitas ramificações. Possuem folhas trifolioladas (exceto o primeiro par de folhas simples, no nó acima do nó cotiledonar). Têm flores de fecundação autógama, típicas da subfamília Papileonoideae, de cor branca, roxa ou intermediária. Desenvolvem vagens (legumes) levemente arqueadas que, à medida que amadurecem, evoluem da cor verde para amarelo-pálido, marrom-claro, marrom ou cinza, e que podem conter de uma a cinco sementes lisas, elípticas ou globosas, de tegumento amarelo pálido, com hilo preto, marrom, ou amarelo-palha. Apresentam crescimento indeterminado (sem racemo terminal), determinado (com racemo terminal) ou semideterminado (intermediário).

 

Segundo Mendes [8], para a soja, a disponibilidade de água é de significativa importância, principalmente, em dois períodos específicos de desenvolvimento da soja: a germinação-emergência e a floração-enchimento de grãos. Durante o primeiro período, tanto o excesso como o déficit de água são prejudiciais à obtenção de uma boa invariabilidade na população de plantas. O grão da soja necessita absorver, no mínimo, 50% de seu peso em água para obter boa germinação. Nessa fase, o conteúdo de água no solo não deve exceder 85% do total máximo de água disponível e não ser inferior a 50%.

Na recepção é realizado controle de qualidade da entrada e descarga do produto, os grãos serão separadas por cultivar e classe, conforme qualidade do produto e identificadas (Romaneio de Entrada ou de Saída). Na pesagem é obtido o pesobruto, já na saída é gerado um relatório com saldo líquido do produto após a pesagem do veículo vazio[12].

 

2 DESENVOLVIMENTO E DISCUSSÃO

No laboratório de classificação de grãos da empresa Puro Grão unidade matriz e filial da empresa onde se efetuava a classificação da soja de saída para o porto de Rio Grande.

Foram realizados processos de análise e classificação referentes a recepção, aferindo as características dos grãos nas suas múltiplas etapas, dentre elas o controle de qualidade na recepção de grãos de arroz e soja, de empresas ou produtores.

 

2.1. CHEGADA DA MATÉRIA PRIMA, PREPARAÇÃO DA AMOSTRA E ANÁLISES INICIAIS

A soja é oriunda da espécie Glycinemax L [9]. ​​ A cultura da soja tem muita influência do ambiente no seu desenvolvimento, a temperatura do solo deve ficar em torno dos 20 a 30º C, respectivamente, com o solo quebradiço e a umidade na capacidade de campo (CC). A CC é a quantidade de água retirada pelo solo após a drenagem ter ocorrido em um solo previamente saturado por chuva ou irrigação [10].

De acordo com Neumaier[10], chuvas excessivas ou ambientes muitos úmidos podem apresentar efeito negativo na produtividade. Em meses chuvosos, os danos causados pelo excesso de água na cultura da soja são facilmente notados.

Segundo Lorini et al. [7], os altos volumes de chuva acarretam o aumento significativo de grãos de soja avariados e forte depreciação. Assim, a rentabilidade de alguns produtores cai significativamente.

O arroz é proveniente da espécie Oryza sativa L [16]. Os principais problemas com os altos índices de precipitação estão relacionados com os atrasos no plantio gerando baixa produtividade, apodrecimento e danos físicos ocorridos pela água [15].

Como a cidade de Pelotas é consideravelmente úmida, o tempo de transporte muitas vezes torna-se longo, trazendo problemas para os grãos de arroz e soja. Segundo [4], a semente de arroz, sendo um material higroscópico, pode absorver umidade do ar e aumentar o seu grau de umidade, após certo período.

A soja é higroscópica, sujeita aos processos de sorção, ou seja, seu teor de água está sempre em equilíbrio com a umidade relativa e a temperatura do ar. O teor de água é o fator de maior significância na prevenção da deterioração do grão. Com baixo teor de água e temperatura, o ataque de microrganismos e a respiração terão seus efeitos minimizados [...] [14].

Na visão de Neto et al. [11], o transporte por longas distâncias pode resultar em reduções significativas de vigor e de viabilidade da soja, devido aos aumentos nos índices de danos mecânicos à semente.

Em decorrência dos problemas citados anteriormente, deve-se considerar tal etapa de alta importância nas operações. Pois é neste período que são classificadas as cargas de entrada de arroz em casca e da soja. Com os resultados em mãos, o setor de logística determina o valor que vai ser pago pela carga.

Para uma análise ser precisa, ela dependerá de uma coleta de amostra realizada adequadamente, que tem de ser realizada de acordo com o procedimento oficial de classificação, para que se expresse da melhor forma as características do todo.

 

Figura 1 – Calador Pneumático

No recebimento das amostras, o primeiro passo é a coleta dos grãos no caminhão que chega da lavoura ou dos silos de terceiros, com os teores de umidade e impureza bastante variáveis. Desse modo, o caminhão dirige-se até o pátio ao lado do laboratório para a retirada das amostras de arroz ou de soja, pelo calador pneumático ou pelo manual, como indica a Figura 1.

Figura 2 - Calador pequeno de coleta em bags e sacas.

 

Utilizava-se frequentemente o calador pneumático. Mas, coletava-se também com o calador manual de dois estágios e o calador pequeno (Figura 2), utilizado para coletar matéria prima de bags ou sacas.

 

Figura 3–Padrões utilizados para a coleta dos grão nos caminhões ou vagões

 

Na retirada das amostras nos caminhões, seguiam-se os padrões de coleta adotados, deacordo com a Figura 3.

 

Figura 4 – Caminhões aguardando a retirada da amostra

 

Recomendava-se retirar a quantidade mínima de 2 kg por cada ponto de amostragem e a distância entre os pontos nunca deve ser superior a 2 metros. Até que o caminhão seja liberado para descarga ou para determinado destino este permanece no pátio (Figura 4).

Figura 5 – Quarteador utilizado para homogeneizar amostras e reduzi-las a amostras representativas

 

A homogeneização da amostra era realizada por meio de um quarteador, da marca Motomco, modelo 16 canaletas (Figura 5), com a capacidade de amostra até 5kg. Era usado para dividir as amostras em partes iguais e homogêneas.

De acordo com Grimm [5], são consideradas impurezas partes das plantas presentes na lavoura e sementes de plantas daninhas. Normalmente, elas possuem um alto teor de umidade, assim quando permanecem juntas aos grãos colhidos, aumentam o teor de umidade. Outros exemplos de impurezas que podem ser identificados são os casos das cascas abertas de arroz, dos grãos chochos e dos pedaços de caule.

Figura 6 – Selecionadora de impureza de arroz e soja respectivamente

Para a verificação do percentual de impurezas, passava-se a amostra oriunda do quarteador, com peso entre 300 e 400gr na selecionadora de impurezas da marca Intecnial, modelo Sintel (Figura 6).

Esta separava as impurezas dos grãos sadios, por ação do ar e por maio de uma peneira cilíndrica. Assim, anotava-se o peso inicial da amostra, e após, colocava-se no equipamento e aguarda-se, pelo compartimento transparente, o momento em que o ciclo de ar parasse de suspender as partículas. Coletava-se da gaveta lateral as impurezas e da frontal os grãos limpos.