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Scientific Society Journal
ISSN: 2595-8402
Journal DOI: 10.61411/rsc31879
REVISTA SOCIEDADE CIENTÍFICA, VOLUME 7, NÚMERO 1, ANO 2024
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ARTIGO ORIGINAL
A importância do armazenamento adequado da insulina na garantia da eficácia no tratamento do diabetes mellitus tipo 1
Maria Eduarda Cavalcante Lima1; Quitéria Mayara Alves da Silva2; Yago Matheus Martins de Lima3; Ana Karlla Lima Correia Barros4; Maria Patrícia Rodrigues de Miranda5, Maxwell de Arandas Pimentel6; Alisson José de Souza Almeida7; Camila Rayane Correia de Barros8; João Raffael Espiúca Xavier9
Como Citar:
LIMA, Maria Eduarda Cavalcante;DA SILVA, Quitéria Mayara Alves; DE LIMA, Yago Matheus Martins et al. A importância do armazenamento adequado da insulina na garantia da eficácia no tratamento do diabetes mellitus tipo 1. Revista Sociedade Científica, vol.7, n. 1, p.4438-4457, 2024.
https://doi.org/10.61411/rsc202459417
Área do conhecimento: Ciências da Saúde.
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Palavras-chaves: Diabetes mellitus, Insulina, Termoestabilidade, Armazenamento
Publicado: 23 de setembro de 2024.
Resumo
O diabetes mellitus (DM) é uma doença metabólica crônica caracterizada por níveis elevados de glicose no sangue. Existem três tipos principais, o trabalho em questão focará no tipo 1, definido por um déficit na produção de insulina, um hormônio produzido pelo pâncreas essencial para o transporte da glicose para as células. No entanto, essa é uma substância termossensível que necessita de um armazenamento adequado para garantir sua eficácia e qualidade. Sendo assim, o objetivo do estudo foi investigar os efeitos do armazenamento inadequado da insulina na saúde do paciente diabético, fornecendo informações que ajudem na melhoria da qualidade de vida do paciente. Para a construção do trabalho foi realizada uma revisão de literatura, examinando publicações acadêmicas durante o período de 2014 a 2023. Diante dos critérios de inclusão e exclusão, foram utilizados vinte artigos ao todo e descartados dez, os trabalhos utilizados foram escritos em português, inglês e espanhol, publicados através das seguintes plataformas de dados: Scielo, Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), Pubmed e Google acadêmico. Os descritores utilizados foram: Diabetes mellitus, insulina, estabilidade de medicamentos, armazenamento, degradação térmica. A insulina é um medicamento termolábil, o que significa que sua atividade biológica pode ser afetada por mudanças de temperatura. O armazenamento inadequado da insulina tem como os principais efeitos a perda de atividade biológica, formação de substâncias tóxicas e aumento do risco de contaminação, podendo levar à degradação da molécula, reduzindo sua eficácia e aumentando o risco de efeitos colaterais. A conservação correta é essencial para garantir a eficácia do tratamento do diabetes e evitar complicações da doença.
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1. Introdução
O Diabetes Mellitus (DM), é um conjunto de doenças metabólicas crônicas caracterizadas por persistência nos níveis elevados de glicose no sangue. A glicose, principal fonte de energia do organismo, necessita de insulina, um hormônio produzido pelo pâncreas, para adentrar nas células e ser utilizada. No DM, há um desequilíbrio entre a produção e a atividade da insulina, o que leva a hiperglicemia, ou seja, acúmulo de glicose no sangue [1].
Existem 3 tipos principais de diabetes, o Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1), tipo 2 (DM2) e Gestacional, além de outras menos comuns causadas por doenças genéticas, doenças pancreáticas ou outras condições. O DM1, ocorre quando o organismo não produz insulina, frequentemente devido a uma reação autoimune que destrói as células beta pancreáticas, causando deficiência total ou parcial na produção de insulina. Este tipo é mais comum em crianças e adolescentes, mas pode ocorrer em qualquer idade [2].
Ademais, no DM2, o corpo produz insulina, porém as células não a utilizam de forma eficiente, é a chamada resistência à insulina. Seu tipo é o mais comum e representa em torno de 90% dos casos de diabetes, afetando normalmente os adultos, porém também pode se desenvolver em crianças e adolescentes. Já a diabetes Gestacional, surge durante a gravidez, geralmente no segundo ou terceiro trimestre. Geralmente, desaparece após o parto, mas aumenta o risco de desenvolver DM2 no futuro para mãe e a criança [3].
Em relação aos sintomas, o diabetes pode ser assintomático ou variar a depender do organismo de cada indivíduo, os mais comuns são: sede excessiva, micção frequente, fome constante, perda de peso sem motivo aparente, fadiga, visão turva, cicatrização lenta de feridas e formigamento ou dormência nas mãos e pés. Por outro lado, temos o diagnóstico do diabetes, o mesmo é realizado por meio de exames de sangue que mensuram a glicemia, como a glicemia em jejum, teste de tolerância à glicose oral (TTGO) e a hemoglobina glicada [4].
A insulinoterapia desempenha um papel crucial na terapêutica em casos de deficiência hormonal, é fundamental no tratamento de DM1 uma vez que a ausência ou
redução significativa da produção endógena de insulina demanda administração regular e diária para manter a estabilidade glicêmica, evitar complicações associadas e até mesmo a morte. Tal feito pode ser alcançado por meio de múltiplas doses de insulina (MDI) ou através do sistema de infusão contínua de insulina (SICI) [5, 6].
A estabilidade da insulina é essencial para o tratamento eficaz do Diabete Mellitus, portanto, é fundamental entender a importância de seu armazenamento adequado. A exposição a temperaturas inadequadas pode prejudicar a eficácia da insulina, o que dificulta o controle glicêmico do paciente, tornando o manuseio da doença um desafio ainda maior. O objetivo desse estudo é investigar os efeitos do armazenamento inadequado de insulina e suas consequências para a saúde do paciente diabético, fornecendo informações que possam auxiliar na melhoria da qualidade de vida como também prevenir complicações associadas.
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2. Metodologia
Este estudo é uma revisão integrativa segundo as normas feitas por Souza et al. (2010), realizando uma análise baseada na literatura científica, a fim de obter uma compreensão concreta sobre tema principal do trabalho.
Para o direcionamento do estudo foi estabelecido uma pergunta norteadora: Qual a importância do armazenamento adequado da insulina e sua relação na garantia da eficácia no tratamento da diabetes tipo 1? Foram utilizadas a seguintes bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS); Pubmed; Google acadêmico; Scielo; Brazilian Journal of Health Review. Para realização das pesquisas utilizamos alguns Descritores de Ciências da Saúde DesC, como: Diabetes mellitus, insulina, estabilidade de medicamentos, armazenamento, degradação térmica. Além dos descritores foi utilizado o operador booleano “AND”.
Foram excluídos artigos duplicados, artigos não correspondentes com o assunto e periódicos incompletos e pagos. O tipo de verificação usado para elaborar este estudo trata-se da análise de conteúdo descrita por Bardin (1977), que consiste em um exame detalhado sobre os dados obtidos, para assim ter um maior entendimento e elaborar de hipóteses sobre o tema. Foi estabelecido um período temporal do corte do nosso estudo do ano de 2014 ao ano 2023 e realizado uma análise minuciosa sobre as informações de interesse dos documentos pesquisados sobre o tema, as quais foram submetidas a um exame de dados no que se refere a importância do armazenamento adequado da insulina
Figura 1- Fluxograma prisma para elencação dos artigos da revisão
3. Desenvolvimento e discussão
Tabela 1- Síntese de artigos
ID | Autor e Ano | Titulo | Base de dados | Síntese |
1 | Castro, 2021 | Diabetes mellitus e suas complicações - uma revisão sistemática e informativa | Brazilian Journal of Health Review | O trabalho visou fazer uma revisão sistemática e informativa sobre o diabete mellitus e suas complicações. A pesquisa identificou que o diabete mellitus é uma doença crônica complexa com diversas implicações para a saúde do indivíduo. As principais complicações do diabetes incluem doenças cardiovasculares, nefropatia diabética, retinopatia diabética e neuropatia diabética. |
2 | Niemietz; Marcelino, 2020 | Logística de produtos termolábeis | Google acadêmico | Este é um artigo sobre a logística de produtos termolábeis. Ele discute a importância do transportador na cadeia de suprimento. O transportador deve seguir diretrizes rígidas para garantir que os medicamentos cheguem ao seu destino nas mesmas condições em que saíram da fábrica. Isso inclui o uso de veículos com isolamento térmico, a manutenção da temperatura correta e a contratação de motoristas treinados. |
3 | Brasil, 2020 | Resolução da Diretoria Colegiada - RDC n.º 430, de 8 de outubro de | Google acadêmico | A Resolução da Diretoria Colegiada - RDC n.º 430/2020 discute boas práticas para a distribuição, Armazenamento e transporte de medicamentos. O documento descreve as responsabilidades de todas as partes envolvidas na cadeia de suprimentos de medicamentos. Além disso, também detalha os requisitos para manutenção de registros e tratamento de reclamações. |
4 | Ministério da Saúde, 2020 | Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Diabete Melito tipo 1. | Biblioteca Virtual em Saúde - BVS | O trabalho define sobre diretrizes de prática clínica para diabete mellitus tipo 1, discutindo a importância da terapia com insulina para essa condição. O protocolo também detalha critérios para iniciar e manter a terapia com insulina, além do controle e o monitoramento glicêmicos são aspectos importantes do manejo contínuo.
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5 | Kaufmann, et al., 2021 | Estudo de estabilidade térmica de vários tipos de insulina em condições de temperatura tropical: novos insights para melhorar o tratamento do diabetes | Pubmed | O trabalho aborda as recomendações de armazenamento de insulina e como elas são difíceis de seguir em áreas tropicais. Os autores realizaram um estudo para verificar se a insulina permaneceria estável em altas temperaturas por quatro semanas, ao final descobriram que a insulina não perdeu sua eficácia quando armazenada em temperaturas entre 25 e 37 graus Celsius por quatro semanas. |
6 | Silva, 2020 | Avaliação sistemática dos fatores envolvidos para assegurar a qualidade dos medicamentos termolábeis através da cadeia fria. | Google acadêmico | Este é um artigo sobre a qualidade de medicamentos termolábeis na cadeia fria, o qual discute os desafios de manter a qualidade ao longo da cadeia de suprimentos. Os autores pesquisaram farmacêuticos para avaliar seus conhecimentos e práticas, chegando a conclusão que muitos não têm treinamento e recursos. Como resultado, existe o risco de que os medicamentos se degradem antes de chegar aos pacientes, sendo assim, o estudo mostra a necessidade de um treinamento e monitoramento melhor da cadeia fria. |
7 | Cardoso; Milão, 2016 | Logística farmacêutica e o transporte de medicamentos termolábeis | Google acadêmico | O trabalho discute a importância do transporte de medicamentos termolábeis, os autores visaram apresentar boas práticas para o transporte desses medicamentos. Garantir a qualidade dos medicamentos termolábeis é muito importante, pois sua eficácia pode ser comprometida pela exposição a temperaturas extremas. Por outro lado, o armazenamento e transporte inadequados também podem levar à degradação do produto. |
8 | Sociedade Brasileira de Diabetes | Diretriz da Sociedade Brasileira de Diabetes (2019-2020) | Google acadêmico | A diretriz é um guia sobre o manejo adequando do diabetes mellitus, abrangendo desde a definição da doença até o tratamento especializado. Fornece informações sobre, diagnósticos, fatores de risco, comorbidades e grupos populacionais específicos, para profissionais da saúde e a população. |
9 | Vital; Braga, 2020 | A logística no transporte e armazenamento de medicamentos termolábeis. | Scielo | O trabalho aborda a importância do processo e a necessidade de que seja feito de forma correta, com a pesquisa os autores chegaram a conclusão de que boas práticas são essenciais para garantir a qualidade dos medicamentos, incluindo o uso de embalagens adequadas, o monitoramento da temperatura e a presença de pessoal qualificado. A logística é uma parte crítica da cadeia de suprimentos farmacêutica e deve ser feita de forma adequada para garantir a segurança do paciente. |
10 | Morsch, 2023 | Medicamentos termolábeis: o que são, exemplos e como armazenar | Google acadêmico | O artigo aborda sobre medicamentos sensíveis à temperatura, explicando o que são, exemplos e como armazená-los, assim como dita a RDC 430/2020. Insulina, vacinas e compostos biológicos são exemplos de medicamentos termolábeis, os quais devem ser mantidos em uma temperatura específica para manter sua eficácia. O armazenamento inadequado pode danificar o medicamento, e sua supervisão e manuseio desses medicamentos são de responsabilidade dos farmacêuticos. |
11 | Sims, et al.,2021 | 100 anos de insulina: celebrando o passado, o presente e o futuro da terapia do diabetes | Pubmed | Este artigo trata da descoberta e do desenvolvimento da insulina, abordando a história do diabetes e os esforços para encontrar um tratamento. A descoberta da insulina em 1921 por Banting e Best é um marco importante na história da medicina. O artigo também discute o impacto da insulina na vida das pessoas com diabetes. |
12 | Given, et al., 2023 | Prescrições de insulina e análogos de insulina em crianças com e sem anomalias congênitas graves: um estudo de coorte de ligação de dados em seis regiões europeias | Pubmed | O trabalho debate as prescrições de insulina para crianças com e sem anomalias congênitas, apresentando o seu uso em seis regiões europeias. Crianças com anomalias cromossômicas,especificamente síndrome de Down, apresentaram o maior risco de uso de insulina. Além disso, o nascimento prematuro e o sexo masculino também estiveram associados ao aumento do uso de insulina, enquanto as meninas com ou sem anomalias congênitas apresentavam menor risco de uso de insulina do que meninos. |
13 | Hiriart- Urdanivia, et., 2019 | O receptor solúvel de insulina e a síndrome metabólica | Pubmed | Este artigo trata do receptor solúvel de insulina e seu papel na síndrome metabólica, debatendo a relação entre hiperinsulinemia e o desenvolvimento da síndrome metabólica. Os autores usaram modelos animais para demonstrar que a insulina pode viajar ligada a proteínas no sangue, síndrome metabólica. Os autores usaram modelos animais para demonstrar que a insulina pode viajar ligada a proteínas no sangue, e descobriram que em ratos com síndrome metabólica, há níveis mais altos de um receptor solúvel de insulina no sangue. Isso sugere que o receptor solúvel de insulina pode ser um marcador precoce da síndrome metabólica. |
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Richter, Bernd; Bongaerts, Brenda; Metzendorf, Maria-inti, 2023 | Thermal stability and storage of human insulin | Pubmed | Este artigo trata da estabilidade térmica e do armazenamento da insulina humana, nele é discutido os efeitos do armazenamento da insulina fora da faixa de temperatura recomendada. A insulina pode ser armazenada sem abrir até 25°C por seis meses e 37°C por dois meses sem perder a potência. A insulina aberta deve ser armazenada em temperatura ambiente e usada dentro de quatro semanas. |
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3.1 Influência do armazenamento na termosensibilidade
A insulina é um hormônio peptídico de extrema importância secretado pelas células beta pancreáticas, o mesmo possui papel fundamental no metabolismo da glicose, sendo absorvido pelas células e convertida em energia. No entanto, no diabetes mellitus (DM), a produção ou a ação da insulina fica comprometida, gerando um quadro de hiperglicemia. Em especial, O DM tipo 1, é caracterizado por uma deficiência absoluta de insulina, tornando essencial a terapia com insulina exógena para o controle glicêmico [1].
Sendo considerado um medicamento termolábil, a insulina tem suas propriedades físicas ou químicas afetadas por variações de temperatura. Essas mudanças podem ser uma simples alteração na textura ou até mesmo a desintegração total da substância. A sensibilidade à temperatura depende da composição molecular da substância e do tipo de mudança que ela é acometida, por exemplo, as vacinas que também são produtos termossensíveis, pois requerem armazenamento em ambientes frios, além disso, o calor excessivo pode causar a desnaturação de seus antígenos (vírus bactérias), tornando-os ineficazes em desencadear a resposta imune que o corpo deseja [7].
Com o intuito de assegurar sua eficácia, segurança e qualidade, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) ditas rigorosas diretrizes para o armazenamento adequado da insulina. As especificações variam conforme os tipos de insulina e a orientação de cada fabricante, porém as condutas mais recomendadas é que seu armazenamento seja feito em geladeira entre a temperatura de 2 °C e 8 °C; evitar guardar a insulina na porta da geladeira, devido à oscilação da temperatura; mantê-la protegida da exposição à luz; e realizar o monitoramento da temperatura constantemente [8].
Da mesma forma, é crucial atentar-se ao manejo específico de cada tipo de insulina para garantir sua eficácia. Por exemplo, recomenda-se que a insulina NPH e a insulina regular sejam armazenadas em geladeira (2-8 °C) após a abertura, por um período máximo de 42 dias. Em contraste, o tempo sugerido para a insulina análoga de ação rápida é de até 28 dias. Alguns fabricantes indicam que frascos de insulina em uso podem ser deixados sem refrigeração a temperatura ambiente, desde que esta não ultrapasse 25 a 30 °C por um período de até 28 dias. O armazenamento correto da insulina é essencial para garantir sua estabilidade, sendo imprescindível seguir cuidadosamente as diretrizes e recomendações [9, 10].
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3.2 A contribuição da logística farmacêutica na termoestabilidade
Medicamentos termolábeis são caracterizados por sofrerem alterações de qualidade, segurança e eficácia quando submetidos a temperaturas fora da faixa estabelecida pelo fabricante. São produtos que necessitam de monitoramento contínuo, principalmente durante o manuseio e transporte para evitar perda da eficácia terapêutica. O transporte desses medicamento é um grande desafio devido à extensão territorial, à terceirização dos serviços de movimentação de cargas, à inexperiência do profissional responsável por esse manejo, entre outros fatores [11].
Nesse contexto, a RDC 430/2020 trata das Boas Práticas de Distribuição, Armazenagem e Transporte de Medicamentos, estabelece critérios rígidos que medicamentos, especialmente os termolábeis (insulina, vacinas, antibióticos), sejam armazenados e transportados em condições que preservem sua integridade e eficácia. Enfatiza a manutenção de condições ambientais controladas, uso de embalagens adequadas, monitoramento contínuo, capacitação de profissionais, bem como existência de planos de contingência. O cumprimento da norma é fundamental para que os medicamentos cheguem aos pacientes de forma segura e eficaz [8].
A implementação dessas diretrizes é crucial para a logística farmacêutica, que desempenha papel fundamental na manutenção da eficácia e segurança de medicamentos termolábeis, desde a fabricação até a administração ao paciente. Um dos principais desafios é a manutenção da temperatura constante e controlada durante o trasporte destes produtos, devido ao risco de comprometimento de sua eficácia e segurança. A implementação de dispositivos para o monitoramento e registro de dados de temperatura permitem o acompanhamento em tempo real das condições de armazenamento durante o transporte, o que é essencial para identificar e corrigir imediatamente qualquer desvio que possa comprometer a integridade dos medicamentos [12].
Para casos específicos, como o transporte doméstico da insulina, as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2019-2020), fornecem orientações detalhadas para garantir a preservação da qualidade e eficácia do medicamento. É possível utilizar uma embalagem comum, basta ter cautela com a temperatura (até 30 °C) e exposição ao calor excessivo e à luz, para preservar a integridade da insulina. Caso seja necessário utilizar isopor ou bolsa térmica com gelo, é importante garantir que o frasco não entre em contato direto com o gelo para evitar o congelamento. A insulina deve ser armazenada na geladeira o mais breve possível para manter sua estabilidade [13, 14].
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3.3 As consequências do armazenamento inadequado
O armazenamento inadequado de tais substâncias, como medicamentos e vacinas, coloca em risco a saúde do paciente, comprometendo a eficácia do tratamento e podendo causar efeitos colaterais graves. O manejo da substância termolábil é o principal resultado do armazenamento inadequado, essas moléculas frágeis sofrem mudanças físicas, químicas e estruturais quando se encontram em temperaturas fora da faixa ideal. Isso pode causar perda de atividade biológica parcial ou total. Por exemplo, quando se trata de medicamentos, isso significa que o medicamento pode se tornar ineficaz no tratamento da doença [14].
Além de ser ineficaz, o armazenamento inadequado pode originar substâncias tóxicas ou alergênicas, considerando que o surgimento de moléculas degradadas pode acarretar um aumento dos efeitos colaterais. Ainda nesse contexto, o risco de contaminação de termolábeis é ampliado, tendo em mente que mudanças bruscas de temperatura podem encorajar o desenvolvimento de microrganismos, como bactérias e fungos. Esses microrganismos podem contaminar o produto e torná-lo impróprio para uso, podendo ainda causar infecções graves, especialmente em indivíduos com imunidade reduzida [15].
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3.4 Aspectos físico-químicos na degradação da insulina
A insulina, um hormônio peptídico crucial no metabolismo da glicose, apresenta características físico-químicas complexas que influenciam sua atividade biológica, estabilidade e comportamento em diferentes soluções. A insulina humana é composta por 51 aminoácidos, os quais são separados em duas cadeias (A e B), adquirindo uma conformação tridimensional complexa [16].
A responsável pela união entre estas cadeias é a ponte dissulfeto, essencial para a estabilidade da molécula. As cadeias são igualmente importantes, na cadeia A, a sequência líder possui a função de facilitar a secreção através das células β pancreáticas. Enquanto a cadeia B abriga o sítio de ligação ao receptor de insulina (IRS), fundamental para a ativação da cascata de sinalização intracelular que regula o metabolismo da glicose [17].
Quanto às suas propriedades termodinâmicas, a interação da insulina com diferentes soluções é crucial para sua absorção, distribuição e ação no organismo. Sendo assim, sua solubilidade em água e em soluções fisiológicas é essencial, afinal permite sua administração por via subcutânea ou intravenosa, tal solubilidade é influenciada pelo pH, temperatura e presença de outras moléculas. A insulina também apresenta um ponto de fusão em torno de 75°C, já suas formas análogas podem ter pontos de fusão mais baixos [17].
Além desses aspectos, esse hormônio necessita de outras moléculas para realizar seu efeito biológico. A exemplo disso, temos a ligação ao receptor de insulina (IRS) que desencadeia a sinalização intracelular, a qual é responsável por regular o metabolismo da glicose. Ademais, a albumina realiza a ligação entre a insulina e o plasma sanguíneo, prolongando sua meia-vida e modulando sua biodisponibilidade. A interação com outras proteínas, como enzimas e transportadores, contribui também para a ação da insulina no corpo humano [18].
Por outro lado, a insulina é constantemente desafiada pela termoestabilidade, visto que a mesma pode comprometer sua eficácia e armazenamento. A estabilidade da insulina é sensível à degradação por proteases, oxidação e agregação, sendo influenciada por fatores como temperatura, pH e presença de estabilizantes. É fundamental compreender esse processo para garantir a entrega segura e eficaz desse medicamento. (Zhang et al., 2014). [19].
Existem evidências de que a degradação da insulina aumenta conforme o aumento de temperatura, principalmente quando permanecem acima de 30 °C. Fisicamente, devido à exposição ao calor excessivo, pode ocorrer a formação de fibrinas e agregados insolúveis, comprometendo a capacidade de ligação da insulina aos receptores do corpo. Quimicamente, ocorrem alterações estruturais da proteína, levando a formação de polímeros covalentes [10].
Os polímeros covalentes têm menor afinidade pelos receptores de insulina no corpo, além disso, podem ser imunogênicos, o que significa que podem ser reconhecidos pela imunidade como substâncias estranhas, levando a uma resposta imunológica como a formação de anticorpos contra a insulina. Outro fator é que essa polimerização leva a alterações físico-químicas da insulina, como redução da solubilidade e estabilidade, tornando-a propensa a formação de precipitados e agregados, resultando em doses inconsistentes. Estas interferências podem gerar alterações farmacocinéticas da insulina, levando a absorção lenta e duração prolongada, o que dificulta o manejo da doença, pois, interfere na capacidade de prever e controlar os níveis glicêmicos do paciente [10].
A termoestabilidade da insulina é um tópico complexo e multifacetado que exige consideração cuidadosa na formulação, embalagem e armazenamento. Visto que, a formulação da insulina, incluindo excipientes e pH, também pode afetar significativamente.
Excipientes protetores e pH ideal podem estabilizar a estrutura da insulina e retardar a degradação térmica. Outrossim, sua embalagem, como frascos de vidro ou cartuchos de plástico, pode influenciar a taxa de degradação térmica. Sendo melhores as embalagens herméticas e com barreira à luz, as quais podem proteger a insulina da degradação induzida por luz e oxidação [19].
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4. Considerações finais
Este estudo enfatiza a importância do armazenamento adequado da insulina, destacando sua sensibilidade térmica e as consequências graves da exposição a temperaturas inadequadas. A insulina, indispensável no tratamento do Diabetes Mellitus, especialmente no tipo 1, requer condições específicas de armazenamento para garantir sua eficácia terapêutica.
As diretrizes estabelecidas pela ANVISA e outras autoridades reguladoras enfatizam a importância de manter a insulina em temperaturas entre 2 °C e 8 °C, longe da luz e de variações térmicas. A violação dessas recomendações pode levar à degradação da insulina, resultando na formação de fibrinas e agregados insolúveis, alterações estruturais da proteína, e até a formação de polímeros covalentes. Essas alterações comprometem a eficácia do tratamento, podendo resultar em doses inconsistentes e um manejo glicêmico imprevisível, além de possíveis respostas imunológicas adversas.
A logística farmacêutica desempenha um papel fundamental na manutenção da estabilidade da insulina desde a produção até a administração ao paciente. A RDC 430/2020 destaca a importância de um transporte controlado e monitorado, do uso de embalagens adequadas e da capacitação de profissionais para garantir a integridade dos medicamentos sensíveis à temperatura. A implementação de dispositivos para monitoramento contínuo de temperatura durante o transporte é essencial para prevenir quaisquer desvios que possam comprometer a qualidade do medicamento.
Além disso, o estudo demonstra que a degradação da insulina não só a torna ineficaz, como também pode dar origem a substâncias tóxicas ou alergênicas, aumentando o risco de contaminação e infecções graves. Portanto, é fundamental seguir as orientações de armazenamento, manuseio e transporte fornecidas pelos órgãos reguladores e fabricantes.
A estabilidade térmica da insulina é influenciada por diversos fatores, incluindo pH, presença de estabilizantes, tipo de embalagem e condições ambientais. Excipientes protetores e um pH adequado podem estabilizar a estrutura da insulina e retardar a degradação térmica, enquanto embalagens herméticas com barreira à luz são eficazes na proteção contra degradação induzida por luz e oxidação.
Dessa forma, a conscientização sobre a importância do armazenamento correto da insulina é vital para pacientes, cuidadores e profissionais de saúde. Medidas simples, como evitar a exposição ao calor excessivo, usar embalagens térmicas durante o transporte e seguir rigorosamente as diretrizes de armazenamento, podem melhorar significativamente o controle glicêmico e a qualidade de vida dos pacientes diabéticos.
Em conclusão, a preservação da integridade da insulina por meio de práticas adequadas de armazenamento e transporte é essencial para o tratamento eficaz do Diabetes Mellitus. A implementação rigorosa das diretrizes regulatórias, a capacitação contínua dos profissionais envolvidos e a conscientização dos pacientes são fundamentais para minimizar os riscos associados à instabilidade térmica da insulina e garantir um manejo seguro e eficaz da doença.
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5. Declaração de direitos
O(s)/A(s) autor(s)/autora(s) declara(m) ser detentores dos direitos autorais da presente obra, que o artigo não foi publicado anteriormente e que não está sendo considerado por outra(o) Revista/Journal. Declara(m) que as imagens e textos publicados são de responsabilidade do(s) autor(s), e não possuem direitos autorais reservados à terceiros. Textos e/ou imagens de terceiros são devidamente citados ou devidamente autorizados com concessão de direitos para publicação quando necessário. Declara(m) respeitar os direitos de terceiros e de Instituições públicas e privadas. Declara(m) não cometer plágio ou auto plágio e não ter considerado/gerado conteúdos falsos e que a obra é original e de responsabilidade dos autores.
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Faculdade Integrada CETE, Garanhuns, Brasil.
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