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Scientific Society Journal
ISSN: 2595-8402
Journal DOI: 10.61411/rsc31879
REVISTA SOCIEDADE CIENTÍFICA, VOLUME 7, NÚMERO 1, ANO 2024
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ARTIGO ORIGINAL
Pielolitotomia videolaparoscópica em rim em ferradura: relato de caso
Magnum Adriel Santos Pereira1; Paulo Antonio Martins Filizzola2; Maitê Salem Filó3; Jorge Barros Freitas4; Amanda dos Reis Bezerra5; Lincoln Martins Trindade6
Como Citar:
PEREIRA, Magnum Adriel Santos; FILIZZOLA, Paulo Antonio Martins; FILÓ,Maitê Salem et al. Pielolitotomia videolaparoscópica em rim em ferradura: relato de caso. Revista Sociedade Científica, vol.7, n.1, p.1878-1884, 2024.
https://doi.org/10.61411/rsc202442417
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Área do conhecimento: Ciências da Saúde.
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Palavras-chaves: Cálculos renais, Paraloscopia, Urologia
Publicado: 11 de abril de 2024.
Resumo
O rim em ferradura é a anomalia renal mais comum e sua principal complicação são cálculos renais. Neste artigo, relatamos o caso de uma mulher com rim em ferradura associado a cálculos grandes. Optamos por realizar pielolitotomia videlolaparoscópica devido a complicações inerentes e menor eficácia da nefrolitotomia percutânea quando realizada em rins anômalos. Ao final do procedimento, a paciente estava livre de cálculos. Não ocorreram complicações e ela recebeu alta no 5º dia de pós-operatório. A técnica laparoscópica é eficaz e segura no tratamento de cálculos em rins em ferradura.
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1. Introdução
O rim em ferradura (RF) é a anomalia congênita de fusão mais comum do rim, originado de três anomalias anatômicas diferentes: má rotação, vascular e ectopia. Está presente em 1 de 400 nascidos vivos e é acomete homens e mulheres na proporção de 2:1. Comumente, as duas massas renais são unidas através dos polos inferiores. Cálculos são a principal complicação do RF, podendo estar presentes em 16 a 60% dos casos, e causados por estase ou infecção (1,2).
Classicamente, cálculo em rim em ferradura com obstrução anatômica era indicação de cirurgia aberta. Porém, com o desenvolvimento de técnicas minimamente invasivas, a cirurgia aberta se tornou obsoleta (2). A litotripsia extracorpórea por ondas de choque (LECO) é o tratamento de escolha para cálculos pequenos, mas devido às alterações anatômicas do RF, a drenagem do sistema coletor é prejudicada. Assim, a taxa livre de pedra é menor que a de nefrolitotripsia percutânea (NLP), sendo essa considerada o tratamento padrão para cálculos > 2 cm ou falha da LECO (3). Apesar de ser o tratamento mais comumente utilizado, a NLP ainda apresenta taxa significativa de complicações (4). Com o seu desenvolvimento, a técnica laparoscópica vem se tornando uma opção benéfica em pacientes com cálculo em rins anômalos, com boa segurança e eficácia (5 6). Neste artigo, apresentamos um caso de rim em ferradura associado a cálculo piélico tratado por pielolitotomia videolaparoscópica.
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2. Caso
Paciente feminina, 51 anos, compareceu ao ambulatório de Urologia de um Hospital Universitário, no momento assintomática, encaminhada pela nefrologia onde é acompanhada devido ser renal crônica não dialítica, também apresentava história prévia de cálculos urinários recorrentes há 20 anos, devido a hipercalciúria e infecção urinária de repetição. Já havia realizado litotripsia extracorpórea por ondas de choque por 3 vezes, seguida de ureterorrenolitotripsia há 10 anos, quando obteve remoção completa dos cálculos à época. Os antecedentes incluíam uso crônico de AINEs para dor lombar, hipertensão arterial sistêmica, doença renal crônica estágio 4 não dialítica (CKD-EPI 25 ml/min/1,73m²) e com história prévia cirúrgica de 3 cesarianas sendo a última há 15 anos. O exame físico não revelou nenhum achado atípico.
A tomografia computadorizada de abdome (Figura 1) evidenciou a presença de rins em ferradura, com parênquima acentuadamente afilado, dilatação das cavidades pielocalicianas com 7 cálculos identificados. No rim direito, o primeiro se localizava na junção pieloureteral, densidade de 491 unidades Hounsfield (HU), medindo 3,4 x 2,9 cm; o segundo no grupamento calicinal superior, densidade de 606 HU, medindo 1,5 x 1,8 cm; o terceiro no grupamento calicinal inferior, densidade de 357 HU, medindo 2,9 cm. No rim esquerdo, o primeiro cálculo se localizava no grupamento calicinal médio, densidade de 1132 HU, medindo 2,2 x 1,5 cm; o segundo, terceiro e quarto no grupamento calicinal inferior, com densidade, respectivamente de 666 HU, 714 HU e 477 HU, assim como medidas, respectivamente, de 1,5 x 1,0 cm, 2,6 x 2,2 cm e 1,7 x 1,5 cm.