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ISSN: 2595-8402

DOI: 10.5281/zenodo.7348927

Publicado em 22 de novembro de 2022

REVISTA SOCIEDADE CIENTÍFICA, VOLUME 5, NÚMERO 1, ​​ ANO 2022

 

 

AS PREGAÇÕES NA CONGREGAÇÃO CRISTÃ NO BRASIL

 

Marcelo Victor Rodrigues do Nascimento

 

galetinho1967@gmail.com

 

 

RESUMO

Este artigo teve por objetivo descrever que linha de pregação vem sendo adotada nos cultos da CCB, esclarecendo se há preocupação dos ministros em pregar sermões expositivos como forma de transmitir aos fiéis maior conteúdo bíblico ou se as pregações continuam sendo experiencialistas (místicas), como no princípio dessa denominação religiosa. Para tanto, foi utilizado o método quantitativo, valendo-se de um levantamento descritivo observacional, realizado em 120 cultos da Congregação Cristã no Brasil, sendo 106 cultos on-line e 14 presenciais, no período de janeiro de 2021 a novembro de 2022. Os resultados mostraram que 54% das pregações foram textuais, 37% foram temáticas e 9% foram expositivas. Dessas pregações, 72% foram triunfalistas (antropocêntricas) e 28% foram não triunfalistas. Após análise dos dados, concluiu-se que, atualmente, as linhas de pregação majoritárias na CCB são a textual triunfalista (36%) e a temática triunfalista (30%), as quais, via de regra, tendem a ter, por base, os sentimentos e as experiências vividas pelos pregadores, conforme ocorria no princípio dessa denominação religiosa, não havendo, portanto, uma preocupação, por parte do ministério da CCB, em realizar sermões expositivos (apenas 9%), os quais levam os ouvintes a desfrutarem de maior conteúdo bíblico, aumentando suas capacidades de conhecer e interpretar corretamente as Escrituras Sagradas.

Palavras-chave: Congregação Cristã no Brasil; sermão temático; sermão expositivo.

 

 

1 INTRODUÇÃO

As Escrituras Sagradas mostram que, após ter ressuscitado, Jesus Cristo deu uma ordem explícita aos seus apóstolos para que fossem até os confins da terra, ensinando os futuros discípulos a guardar tudo aquilo que Ele os havia instruído por palavras e obras, da seguinte maneira: Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações ... ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mateus 28:19,20) [1].

Tal determinação fundamenta-se na virtude que possui a Palavra de Deus em convencer o homem do pecado, da justiça e do juízo (“As palavras que eu [Jesus] vos digo são espírito e vida” - João 6:63), fazendo com que os ouvintes se arrependam das suas más obras e creiam no sacrifício do Cordeiro de Deus, pois, como está dito: “A fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” (Romanos 10:17) [1].

Por essa razão, o apóstolo Paulo cuidou em orientar os pregadores, a quem chamou de “despenseiros dos mistérios de Deus”, a não irem além daquilo que está escrito nas Sagradas Escrituras, não usando, em suas pregações, palavras persuasivas de sabedoria humana, as quais não possuem o poder da Palavra de Deus: “E a minha palavra [apóstolo Paulo], e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder” (1 Coríntios 2:4) [1].

O mesmo cuidado tomou o apóstolo Pedro ao mostrar, em sua primeira carta, a necessidade de que os pregadores se restringissem às palavras que foram inspiradas pelo Espírito Santo, seguindo a orientação que recebera do próprio Mestre, acima referenciada: “Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus” (1 Pedro 4:10,11) [1].

Tais passagens bíblicas revelam que Deus revestiu sua Palavra de poder para que os homens, lendo-a ou ouvindo-a, possam ser salvos, mediante à fé dos seus próprios corações. Assim sendo, é possível entender que, quando um pregador profere as palavras que estão escritas na Bíblia Sagrada, já não é mais o homem que está a falar, mas o próprio Deus [2].

Segundo a Homilética, a arte de pregar mensagens bíblicas, há três maneiras básicas de o pregador transmitir a Palavra de Deus aos seus ouvintes [3] [18]:

  • SERMÃO TEMÁTICO: mensagem ligada a um determinado assunto/tema, mais do que a um texto bíblico;

  • SERMÃO TEXTUAL: mensagem ligada a um texto bíblico curto (poucos versos), mais do que a um tema/assunto;

  • SERMÃO EXPOSITIVO: mensagem semelhante ao sermão textual, mas que abrange uma porção mais extensa da Palavra de Deus (um ou mais capítulos).

De acordo com a Faculdade Teológica Betesda [2], o sermão temático exige do pregador um conhecimento panorâmico das Escrituras Sagradas, pois, nesse tipo de pregação, são explorados diversas passagens e textos bíblicos que tocam no mesmo assunto a ser transmitido (o tema), como a biografia de um personagem bíblico, por exemplo. Já, no sermão textual, o pregador possui um tema e sai a procura de dois ou três versículos bíblicos que possam dar base para sua pregação, concentrando-se neles ao longo da mesma.

O sermão expositivo, por sua vez, abrange um texto bíblico completo (um ou mais capítulos), ipsis litteris, de tal forma que o pregador explora (1) o seu significado global, (2) o que ele representou para o público para o qual foi originalmente endereçado e (3) termina sua pregação fazendo uma aplicação prática para a vida dos ouvintes [4].

Conforme o relato do reverendo Augustus Nicodemus Lopes, no vídeo “O que é pregação expositiva”, esteve em voga, no meio evangélico, nas décadas de 30, 40 e 50, a pregação temática, também conhecida como “tópica”, centrada, basicamente, nas experiências pessoais. Contudo, nos últimos 20 anos, houve um avivamento das pregações expositivas em todo o mundo, como forma da igreja obter maior conteúdo bíblico, em virtude do esgotamento do modelo de pregação baseado em experiências místicas, chamado de experiencialismo [4].

Segundo o referido reverendo, as pregações nas igrejas históricas, na década de 80, embora não fossem experiencialistas como as igrejas pentecostais, raramente eram expositivas, seguindo um padrão que era ensinado nos seminários, composto por: (1) Introdução: destinada a chamar a atenção através de uma ilustração; (2) Leitura de um texto bíblico: do qual eram destacados três a quatro pontos, sobre os quais era feito o corpo da pregação; e (3) Conclusão: um resumo do que havia sido dito [4].  ​​ ​​​​ 

Já, com relação às igrejas pentecostais históricas brasileiras (pentecostalismo clássico), as pregações, desde suas fundações em solo brasileiro, via de regra, eram centradas no experiencialismo, como, por exemplo, o evento sobrenatural relatado por Luigi Francescon, o fundador da Congregação Cristã no Brasil (CCB), em um livreto de sua própria autoria, nos seguintes termos:

“No princípio do ano de 1894, encontrando-me em Cincinati, Ohio, em serviço material, aconteceu que, estando numa noite de joelhos em meu quarto lendo o Capítulo 2 da carta aos Colossenses, ao chegar no verso 12 ouvi uma voz que me repetiu por 2 vezes: ‘Tu não obedeceste a este meu mandamento’. 24 Então respondi: ‘Senhor jamais alguém me falou neste assunto" (Louis Francescon, 1958) [7].

No referido documento, Francescon usou expressões de caráter místico que, segundo Nascimento (2020), acabaram por perpetuar-se até os dias de hoje entre os pregadores da CCB, tanto nos sermões quanto nos testemunhos contados durante os cultos, tais como:

“• ‘O senhor me fez sentir (no coração)’; • ‘Por determinação do Senhor’; • ‘O Senhor abriu-me a boca para falar’; • ‘O Senhor falou por minha boca, dizendo: Eu, o Senhor...’; • ‘O Senhor me disse’ (durante o culto); • ‘O Senhor se manifestou no irmão fulano’; • ‘O Senhor fez saber a mim’ • ‘O Senhor me confirmou’; • ‘O Senhor se manifestou com a sua presença’; • ‘Buscar a promessa do Espírito Santo’; • ‘Foi confirmado pelo Senhor’; • ‘Logo após destas profecias, um irmão sentiu” [7].

Considerando esse conjunto de informações, este artigo tem por objetivo descrever que linha de pregação vem sendo adotada atualmente nos cultos da CCB, mostrando se há preocupação dos ministros em pregar sermões expositivos, como forma de transmitir aos fiéis maior conteúdo bíblico, ou se as pregações continuam sendo experiencialistas (místicas), como no princípio dessa denominação religiosa.

 

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

 

2.1 CARACTERÍSTICAS DOS SERMÕES

Para a Faculdade Teológica Betesda (2007), cada tipo de sermão possui um momento adequado para ser realizado, além de apresentar vantagens e desvantagens para sua formulação [2].

O sermão temático (tópico) exige pouco conhecimento de exegese, facilitando a sua formulação, sendo, portanto, bastante utilizado pelos pregadores principiantes. Nele, o pregador goza de liberdade para organizar as ideias como melhor lhe convier, correndo o risco de fugir da verdade central do tema e trazer artificialidade para a pregação [2] [5] [6] [18].

Tal sermão é apropriado para evangelismo e estudo bíblico, pois permite explorar em demasia um determinado assunto, usando toda a Bíblia, e não um texto específico [5] [18].

No que se refere ao sermão textual, seu assunto sai diretamente da Bíblia, diminuindo o risco de artificialidade na pregação, se o pregador cuidar em ligar as ideias com o contexto dos versos usados, não anulando totalmente o risco de fugir do tema tratado. Trata-se de um sermão que possui a vantagem de permitir que a Bíblia fique aberta em um só ponto, facilitando o acompanhamento por parte dos ouvintes [2] [21].

Por ser embasado em poucos versos, o sermão textual pode dificultar a aplicação das ideias ao cotidiano das pessoas, sendo apropriado para pregadores mais experientes, visto que exige conhecimento do texto, do contexto e alguma cultura bíblica [2] [21].

Com relação ao sermão expositivo, usado normalmente em conferências, seminários e estudos sequenciais das Escrituras Sagradas, trata-se do método mais difícil para transmitir as verdades bíblicas, pois exige farta cultura teológica, aliada ao poder espiritual, os quais são obtidos através de vasta leitura e constante oração. É o sermão que possui maior conteúdo bíblico, diminuindo o risco de adulteração da Palavra de Deus e colocando o texto sagrado acima da sabedoria humana, de forma a levar o ouvinte a desfrutar de um maior contato com as Escrituras [4] [22].

A exposição bíblica pode ser feita usando o método narrativo, como se o pregador contasse uma história para os ouvintes. A narração bíblica é usada normalmente nos cultos para crianças, as quais são convidadas a participar da pregação, através de perguntas e respostas [17].

 

2.2 O PENTECOSTALISMO E AS PREGAÇÕES

Tendo iniciado nos EUA, em 1906, como uma réplica do que ocorreu com os apóstolos de Jesus Cristo na festa de pentecostes, narrada em Atos 2:1-39, o movimento pentecostal chegou ao Brasil em 1910 e 1911, por mão dos missionários Luigi Francescon e Willian H. Durham, fundadores da CCB e Assembleia de Deus, respectivamente, caracterizado por: (1) Manifestação de línguas estranhas, faladas pelos fieis; e (2) Revelações recebidas diretamente Deus, tanto nos cultos quanto nas deliberações feitas pelas lideranças das igrejas [9] [13] [20].

Segundo o pastor e professor presbiteriano Alderi Souza Matos, na matéria “O movimento pentecostal: reflexões a propósito do seu primeiro centenário”, qualquer análise construtiva a respeito do movimento pentecostal necessita incluir, ao lado das críticas em relação aos seus problemas e deturpações, um arrazoado honesto de suas colaborações ao protestantismo histórico. Na visão de tal autor, os inconvenientes do pentecostalismo podem ser assim classificados:

“(1) Escritura: ênfase excessiva na experiência, profecias ou revelações, relativizando a importância da Bíblia; interpretação bíblica literalista ou alegórica, conforme a necessidade, sem atentar para as boas regras da hermenêutica; a Bíblia é considerada acima de tudo um livro de promessas de Deus para os crentes; (2) vida espiritual: entendimento da relação com Deus como uma transação, perdendo-se o senso da salvação como dádiva imerecida da graça; visão dualista da realidade (bem-mal, Deus-diabo) e tendência de atribuir todo mal a influências diabólicas, minimizando a responsabilidade humana; ênfase excessiva na experiência e nas emoções, que pode levar ao subjetivismo; interesse por modismos e novidades; (3) liderança: estilo centralizador e personalista; culto à personalidade do líder, considerado intocável (o “ungido do Senhor”); pequena participação dos fiéis na esfera decisória e na administração dos recursos financeiros; (4) ética: atitude triunfalista e ênfase no poder podem minimizar um viver ético; maior ênfase aos dons do que ao fruto do Espírito; tendência para a alienação quanto aos problemas da sociedade; atuação questionável na esfera política; (5) culto: perigo de colocar os adoradores no centro das atenções ao invés de Deus (antropocentrismo); liturgia condicionada por interesses pragmáticos (atrair e empolgar os participantes) e preferências culturais, e não pelo ensino da Escritura” [13].

Em contrapartida, o mesmo pastor aponta as seguintes contribuições proporcionadas pelo pentecostalismo ao protestantismo histórico:

“O surgimento e crescente aceitação desses movimentos sugere insatisfação com uma religiosidade formal e rotineira, bem como o desejo de uma experiência mais profunda com Deus, de um culto mais alegre e fervoroso, de uma vida cristã mais plena. O protestantismo histórico, que começou como um movimento revolucionário e renovador, com o tempo se tornou rígido, tradicionalista e rotineiro. Sua rejeição da piedade medieval fez com que se perdessem elementos valiosos da experiência cristã, como o senso de mistério, o deslumbramento diante do Ser Divino, o rico simbolismo espiritual que apela à mente e aos sentidos. O pentecostalismo veio resgatar esses elementos que haviam sido esquecidos pela tradição protestante. Outras contribuições importantes são a insistência na atualidade da mensagem bíblica (tudo o que a Escritura diz é também para hoje), a exuberância do louvor, a ênfase na evangelização (grande parte do crescimento do cristianismo no século 20 resultou do trabalho das igrejas pentecostais), a preocupação com os pobres e marginalizados (libertação do pecado e dos vícios; dignidade humana)” [13].

 No caso específico da CCB, a pregação feita pelos ministros é considerada a verdadeira Palavra de Deus, revelada pelo Espírito Santo durante o culto, tornando a Bíblia apenas uma ilustração que só possui vida na boca dos seus pregadores [20]. Dessa forma, os ministros da palavra (“anciões” e “cooperados”) são verdadeiros “oráculos” de Deus, cujas pregações são infalíveis e não podem ser postas em dúvida [16] [20].

 Segundo o pastor Natanael Rinaldi, na matéria “Erros doutrinários da Congregação Cristã no Brasil”, as pregações realizadas na CCB não são explanações dos textos bíblicos, mas, “mensagens proféticas", que orientam os membros a respeito do que devem fazer no cotidiano de suas vidas. Assim sendo, quando o crente da CCB se dirige à casa de oração, ele “não vai escutar uma pregação ou ensino baseado na Bíblia, porque a Bíblia é apenas usada como pretexto para uma série de adivinhações” [16].

 Tal crença, de acordo com o pastor Rinaldi, supracitado, acaba por tornar os membros da CCB exclusivistas, acreditando que a revelação da Palavra de Deus só existe entre eles, algo comprovado nas seguintes palavras, muito comuns entre os membros dessa igreja: “Na CCB a nossa comida espiritual é quentinha. Sai na hora [do culto]. Enquanto sua comida [das demais igrejas] é amanhecida” [16] [20].

 O pastor luterano Jarbas Hoffimann, na matéria “Triunfalismo na igreja cristã”, chama a atenção para o surgimento, entre os evangélicos, nas últimas décadas, de um movimento que tem levado os fiéis a não frequentarem mais os templos para confessar seus pecados, para pedir perdão a Deus e para adorá-lo, mas somente para vivenciar uma boa dose de emoção, para receber curas e milagres e, especialmente, para obter promessas de sucesso em suas vidas, numa espécie de triunfalismo sobre o mal [14].

 De acordo com o referido pastor, como reflexo desse “pseudo triunfalismo”, os fiéis, a partir dos púlpitos, são induzidos a achar que, por servirem a Deus, não podem experimentar fracassos, nem reconhecer suas fraquezas físicas, de caráter, emocionais e espirituais. São motivados a crer, de forma presunçosa, que serão vitoriosos em todos os acontecimentos de suas vidas e que são superiores aos demais mortais, aproximando-se de Deus por aquilo que Ele pode oferecer e não por aquilo que Ele é [14] [35].

 O resultado dessa teologia triunfalista, assegura o pastor Hoffimann, é uma mistura de antropocentrismo com (1) falta de consciência sobre o pecado, (2) uma vida pautada no sonho de que tudo vai dar certo, (3) mensagens superficiais, produzidas para agradar o ouvinte, (4) convicção de que todos os problemas são ocasionados pelo diabo e (5) um mergulho na filosofia do pensamento positivo.

Os líderes das igrejas triunfalistas, por sua vez, acabam por preocuparem-se unicamente com o crescimento de suas denominações, mercadejando a Palavra de Deus e alicerçando seus ministérios em pensamentos empresariais, portando-se como se fossem empresários bem-sucedidos, ou celebridades, e não como “os pobres caminhantes da Galileia” [uma referência aos apóstolos de Jesus Cristo] [14].

 Como fruto dessa semeadura triunfalista, o pastor Hoffimann deduz o seguinte:

“Ministério sem o sacrifício do prestígio é o sacrifício do ministério no altar do sucesso ... Igrejas não precisam crescer, e não deveriam nem sequer almejar o crescimento, mas antes a fidelidade a Cristo e à vocação e testemunho cristãos. Igrejas não são fins em si mesmas, mas agências proclamadoras do reino de Deus ... O triunfalismo efetua ainda uma atitude moral equivocada em que os crentes passam a se ver como mais puros e santos que os pecadores incrédulos ... A moralidade triunfalista parte da criação de Deus, mas ignora a queda, e prega uma proposta de conduta idealizada, mais adequada a anjos que a homens ... O triunfalismo também nos torna soberbos intelectualmente, ignorando os efeitos do pecado sobre sua razão ... O triunfalismo leva os evangélicos a achar que é errado ter incertezas e dúvidas, que é feio admitir a ignorância, que o questionamento é sinal de falta de fé” [14].

   

2.3 A AVALIAÇÃO DOS SERMÕES

Segundo o pastor Leandro B. Peixoto, na matéria “A pregação de uma igreja bíblica”, as Escrituras Sagradas mostram que a essencialidade da pregação da Palavra de Deus, no culto de adoração, decorre dos seguintes fatores:

  • Deus escolheu revelar-se pela sua Palavra;

  • Deus escolheu realizar as obras da criação pela Palavra;

  • A justificação e o novo nascimento ocorrem pela Palavra de Deus;

  • A santificação processa-se pela Palavra;

  • A salvação dar-se-á pela Palavra [23].

 Para tal ministro, há duas razões essenciais para a centralidade da Palavra de Deus no culto: o conhecimento de Deus (algo peculiar da mente) e o jubilo n’Ele (algo peculiar do coração) [33]. No que se refere ao sentimento vivenciado pelo ouvinte durante a pregação, trata-se de algo que tem origem no próprio Deus, o qual deleita-se em glorificar-se em suas criaturas, manifestando sua alegria pela virtude que dispensa aos corações dos ouvintes [23].

Um exemplo da virtude referida no parágrafo anterior ocorreu, por exemplo, com dois discípulos de Jesus, quando ouviram sua pregação depois de ressuscitado, conforme descrito por Lucas, em seu Evangelho: “E disseram um para o outro: Porventura não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava, e quando nos abria as Escrituras?” (Lucas 24:32) [1] [23].

Portanto, parece haver algo sobrenatural quando a Palavra de Deus é pregada, conforme assevera o pastor Leandro B. Peixoto, acima referenciado, nos seguintes termos:

“Na adoração sempre há compreensão na mente e sempre há sentimento no coração. A compreensão deve ser sempre a base do sentimento, ou tudo o que se tem é um emocionalismo oco, vazio. Mas a compreensão ou o conhecimento de Deus que não dá origem a sentimentos por Deus torna-se um intelectualismo morto. É por isso que a Bíblia continuamente nos chama a conhecer, e pensar, e considerar, e meditar, e lembrar, ao passo que nos chama para regozijar, e temer, e lamentar, e deleitar, e esperar, e se alegrar em Deus. Ambos – cabeça e coração – são essenciais para a adoração” [23].

 Quanto às pregações, de acordo com o pastor presbiteriano Edvaldo Beranger, na matéria “Princípios para avaliar pregadores”, há pontos fundamentais para avaliar se as mesmas cumprem os propósitos para que se destinam, quais sejam [24]:

  • O pregador observou o contexto dos versos bíblicos durante o sermão, ou utilizou texto fora de contexto?

  • O ouvinte está dizendo “amém” para uma pregação só porque aprecia a pessoa do pregador?

  • A pregação confessa a Jesus Cristo como o Deus que se fez carne e habitou entre os homens?

  • Jesus Cristo é a figura central da pregação: o único exemplo útil para exortar, ensinar e consolar os cristãos?

  • O pregador está impondo suas ideias próprias, as quais não encontram amparo nas Escrituras Sagradas?

  • O pregador explicou todo o texto lido, ou usou o texto apenas como um pretexto para pregar temas subjetivos?

Já, no que se refere à pessoa do pregador, para o doutor em teologia Luiz Carlos Ramos, na matéria “Prática homilética de John Wesley”, os seguintes critérios devem ser utilizados para saber se o tal foi realmente chamado por Deus para pregar, sendo, portanto, movido pelo Espírito Santo:

“1. Eles [os pregadores] sabem em quem têm crido? Eles têm o amor de Deus em seus corações? Eles desejam e buscam somente a Deus? Eles são santos em todo o seu comportamento? 2. Eles têm dons (e também a graça) para o trabalho? Eles têm (em um grau tolerável) uma compreensão clara e profunda [do que é a obra de Deus]? Eles têm o julgamento correto das coisas de Deus? Eles têm a concepção justa da salvação pela fé? Deus lhes deu o dom da elocução? Eles falam justa, fácil e claramente? 3. Eles têm frutos? Quando falam, geralmente têm sido só para converter ou influenciar seus ouvintes? Ou eles têm obtido a remissão dos pecados mediante suas pregações? E também uma sensação clara e duradoura do amor de Deus?” [25].

 Indubitavelmente, os pareceres apresentados pelos teólogos são parâmetros excelentes para uma correta avaliação acerca das pregações e dos pregadores. No entanto, a Bíblia Sagrada parece ser o melhor instrumento para uma análise correta e totalmente confiável acerca dos sermões, a qual diz o seguinte em relação aos pregadores e às pregações [2]:

 

      • PREGAÇÃO: o que o pregador deve pregar?

  • “Toda a Escritura [Bíblia Sagrada] é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça [corretamente]; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2 Timóteo 3:16,17) [1].

  • Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis [por palavras e obras] as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz [como anunciar o que não se conhece?]” (1 Pedro 2:9) [1].

  • “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo [a Palavra de Deus], pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê [o poder está na Palavra de Deus]; primeiro do judeu, e também do grego. Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá pela fé” (Romanos 1:16,17) [1].

  • “Porque Cristo enviou-me, não para batizar, mas para evangelizar [pregação cristocêntrica]; não em sabedoria de palavras [palavras de sabedoria humana], para que a cruz de Cristo se não faça vã [pregar sabedoria humana rouba a glória da Palavra]” (1 Coríntios 1:17) [1].

  • “Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram [o Evangelho]? e como ouvirão, se não há quem pregue? ... Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas ... De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” (Romanos 10:14-17) [1].

  • “Que pregues a palavra [a Bíblia Sagrada], instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina [doutrina apostólica]” (2 Timóteo 4:2) [1].

  • “Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado [a centralidade da pregação de Paulo], que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos. Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus” (1 Coríntios 1:22-24) [1].

  • “O espírito do Senhor DEUS está sobre mim [em Jesus Cristo, o modelo]; porque o SENHOR me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos; a apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes; a ordenar acerca dos tristes de Sião que se lhes dê glória em vez de cinza, óleo de gozo em vez de tristeza, vestes de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantações do Senhor, para que ele seja glorificado [todas as dádivas anunciadas nesse verso vêm através da Palavra de Deus]” (Isaías 61:1-3) [1].

  • “Porque eu não tenho falado de mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, ele me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar. E sei que o seu mandamento é a vida eterna [a Bíblia, e somente Ela, tem poder para salvar]. Portanto, o que eu falo, falo-o como o Pai mo tem dito” (João 12:49,50) [1].

  • Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado [além das Escrituras Sagradas], seja anátema” (Gálatas 1:6-9) [1].

  • Porque, assim como desce a chuva e a neve dos céus, e para lá não tornam, mas regam a terra, e a fazem produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que come, assim será a minha palavra, que sair da minha boca [as Escrituras Sagradas]; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei [o verbo se fez carne e venceu o inferno e a morte]” (Isaías 55:10,11) [1].

  • Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação [a pregação do Evangelho, as boas novas de salvação]” (1 Coríntios 1:21) [1].

  • “Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança” (Romanos 15:4) [1].

  • “Ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado” (Mateus 28:18-20) [1].

 

 

 

      • PREGAÇÃO: como o pregador deve pregar?

  • “[Leitura do texto bíblico por Pedro] Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel: ‘E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, Que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne ... [Explicação] Homens israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós ... ​​ [Aplicação] E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo; porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão ​​ longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar” (Atos 2:16-40).

  • “[Leitura do texto bíblico por Estêvão] E ele disse: Homens, irmãos, e pais, ouvi. O Deus da glória apareceu a nosso pai Abraão, estando na mesopotâmia, antes de habitar em Harã, e disse-lhe: Sai da tua terra e dentre a tua parentela, e dirige-te à terra que eu te mostrar ... [Explicação] A este Moisés, ao qual haviam negado, dizendo: Quem te constituiu príncipe e juiz? a este enviou Deus como príncipe e libertador, pela mão do anjo que lhe aparecera na sarça. Foi este que os conduziu para fora, fazendo prodígios e sinais na terra do Egito, e no Mar Vermelho, e no deserto, por quarenta anos ... ​​ [Aplicação] Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim vós sois como vossos pais. A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? Até mataram os que anteriormente anunciaram a vinda do Justo, do qual vós agora fostes traidores e homicidas; vós, que recebestes a lei por ordenação dos anjos, e não a guardastes. e, ouvindo eles isto, enfureciam-se em seus corações, e rangiam os dentes contra ele” (Atos 7:2;53).

  • “[Leitura de Isaías 53:7] Então Filipe, abrindo a sua boca, e começando nesta Escritura, [Explicação] lhe anunciou a Jesus. E, indo eles caminhando, chegaram ao pé de alguma água, e disse o eunuco: Eis aqui água; que impede que eu seja batizado? E disse Filipe: [Aplicação] É lícito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus” (Atos 8:35-37).

  • “[Introdução por Tiago] Homens irmãos, ouvi-me: Simão relatou como primeiramente Deus visitou os gentios, para tomar deles um povo para o seu nome. E com isto concordam as palavras dos profetas; como está escrito: [Leitura do texto bíblico] Depois disto voltarei, e reedificarei o tabernáculo de Davi, que está caído, levantá-lo-ei das suas ruínas, e tornarei a edificá-lo. Para que o restante dos homens busque ao Senhor, e todos os gentios, sobre os quais o meu nome é invocado, diz o Senhor, que faz todas estas coisas, conhecidas são a Deus, desde o princípio do mundo, todas as suas obras. [Explicação] Por isso julgo que não se deve perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a Deus. [Aplicação] Mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da fornicação, do que é sufocado e do sangue. Porque Moisés, desde os tempos antigos, tem em cada cidade quem o pregue, e cada sábado é lido nas sinagogas” (Atos 15:13-21).

 

      • PREGAÇÃO: qual deve ser o caráter e a conduta do verdadeiro pregador?

  • “Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar [aquilo que Jesus ensinou]; não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento; que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia (Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus? ); não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo. Convém também que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta, e no laço do diabo” (1 Timóteo 3:2-7) [1].

  • Porque convém que o bispo seja irrepreensível, como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância; mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante; retendo firme a fiel palavra [as Escrituras Sagradas], que é conforme a doutrina [os ensinos de Cristo], para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contradizentes [as Escrituras Sagradas é que conferem poder ao pregador] (Tito 1:7-9) [1].

  • E tu dentre todo o povo procura homens capazes [tenham capacidade para julgar segundo os estatutos divinos], tementes a Deus, homens de verdade [que falam e andam na verdade, a Palavra de Deus], que odeiem a avareza; e põe-nos sobre eles por maiorais de mil, maiorais de cem, maiorais de cinquenta, e maiorais de dez” (Êxodo 18:21) [1].

  • Os presbíteros que governam bem [pastoreiam o rebanho pelo exemplo, como imitadores de Cristo] sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina [no ensino dos mandamentos de Cristo]” (1 Timóteo 5:17) [1].

  • “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se ​​ envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade [que tem conhecimento das Escrituras Sagradas e, especialmente, da obra de Cristo]” (2 Timóteo 2:15) [1].

  • Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado [não ir além das Escrituras Sagradas], seja anátema” (Gálatas 1:6-9) [1].

  • Porque Esdras [um pregador da Palavra de Deus] tinha preparado o seu coração para buscar a lei do Senhor [aprender os Escritos Sagrados] e para cumpri-la [andar n’Ela] e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos [pregar a verdade que é a Palavra de Deus] (Esdras 7:10) [1].

  • “Então Filipe, abrindo a sua boca, e começando nesta Escritura, lhe anunciou a Jesus [pregação cristocêntrica]” (Atos 8:35) [1].

  • “Porque eu [Jesus] não tenho falado de mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, ele me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar [o pregador não deve falar de si próprio]. E sei que o seu mandamento é a vida eterna [a vida eterna é a Palavra de Deus e não o que o pregador acha ou pensa]. Portanto, o que eu falo, falo-o como o Pai mo tem dito [o pregador deve imitar a Cristo] (João 12:49,50) [1].

 

2.4 O SERMÃO NO CONTEXTO PÓS-MODERNO

 Segundo o teólogo Augusto Michel, na matéria “Implicações práticas do sermão no contexto pluralista religioso pós-moderno”, há um verdadeiro “abismo contextual” entre a época em que os escritores bíblicos viveram e o mundo contemporâneo, de tal forma que, nos dias de hoje, o grande desafio para o crente é influenciar as pessoas pelo seu testemunho cristão, vivendo em um mundo “complexo, mutável e pluralista” [44]. ​​ 

 Nesse ambiente de tensão pós-moderna, em que reverberam centenas de vozes espiritualistas de caráter místico multiforme, não é incomum ver a Bíblia Sagrada sendo referida como um livro mal interpretado, intolerante, preconceituoso e repleto de distorções, o que torna a missão dos cristãos ainda mais árdua, especialmente, para aqueles que pregam a Palavra de Deus [44] [45].

 No que se refere aos pregadores, em particular, o grande duelo da atualidade consiste em conseguir transportar o ouvinte pós-moderno para a prática bíblica, fazendo-o submeter-se à autoridade das Escrituras Sagradas, mesmo vivendo em meio a uma sociedade que se intitula evoluída moral e socialmente, e que caminha para uma espécie de liberdade plena e absoluta [44]. ​​ 

 A construção de tal ponte, entre o texto bíblico e o cotidiano das pessoas, por meio da mensagem bíblica, depara-se com barreiras internas e externas, pois, ao mesmo tempo em que o pluralismo religioso leva muitos a considerarem descabida e antiética a ideia da existência de uma singularidade divina (um só Deus), os próprios cristãos, influenciados pelo consumismo, tendem a procurar uma fé de resultados e aberta às experiências sobrenaturais, em detrimento da análise textual e do confronto com os padrões morais nele contidos [44].

  Para Michel (2016), existem, essencialmente, três classes de ouvintes da Palavra de Deus na pós-modernidade [44]:

  • Os que buscam mensagens motivacionais para obterem sucesso e triunfo em todos os problemas da vida.

  • Os que buscam retirar da Bíblia uma mensagem que não os obrigue a tomar decisões, afetando suas liberdades.

  • Os que buscam fundamentar suas vidas na Bíblia e na tradição apostólica.

Conforme o referido autor, os dois primeiros grupos tendem a seguir o ritmo definido pela sociedade moderna de uma vida cada vez mais centrada nas necessidades humanas. Já, quanto ao terceiro grupo, cabe aos pregadores estabelecerem um elo entre as mensagens bíblicas e o dia a dia dos ouvintes, levando-os a experimentar a verdade bíblica em suas vidas [44].

Independentemente do tipo de sermão, a leitura e a explicação do texto bíblico são importantíssimas, mas a aplicação dos ensinos, nele contidos, é fundamental, a fim de promover um confronto entre discurso e prática, e aproximar o ouvinte do padrão moral estabelecido pelas Escrituras Sagradas, até porque a Bíblia diz que “sem santificação ninguém verá o Senhor” (Hebreus 12:14). Caso contrário, as pregações consistir-se-ão apenas em transmissão de conhecimento, sem utilidade para o fim a que se destinam: o arrependimento das obras mortas e a conversão dos maus caminhos [44] [47] [48].

Contudo, o sermão expositivo parece ser o mais apropriado, pois, além de afirmar a autoridade e suficiência das Escrituras Sagradas, ainda impede que o pregador seja tentado a elaborar mensagens que agradem aos ouvintes, sucumbindo diante do pragmatismo, do experiencialismo, do misticismo, do triunfalismo, do relativismo e de outras heresias presentes no mundo pós-moderno, as quais, como um leão, rugem ao redor dos cristãos, buscando a quem possa tragar [44] [46].  ​​​​ 

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2.5 A INCONSTÂNCIA DOUTRINÁRIA DA CCB

A rede mundial de computadores, a INTERNET, permitiu o acesso de milhões de pessoas a informações outrora ocultas aos olhos da maioria da população. Por ela, circulam todos os tipos de mensagem falada e escrita, que abrangem todas as esferas da vida pública e privada da sociedade, incluindo os assuntos de cunho religioso [8] [15].

No que se refere à fé, a INTERNET possibilitou o acesso a informações para todos os gostos e crenças, incluindo debates e críticas acerca da doutrina e do modus operandi de cada denominação religiosa, além de trazer pregações on-line [8] [15]. Nem mesmo as denominações religiosas mais tradicionais, que, em outro tempo, eram avessas às redes de comunicação, escaparam do poder sedutor da INTERNET, como ocorreu com a CCB [9].

Segundo os documentos oficiais dessa igreja (tópicos de ensinamentos), os ministros são guiados por “revelações”, recebidas diretamente de Deus [10] [20], o qual lhes teria proibido de usarem aparelhos de televisão, visto que tais aparelhos eram considerados [por Ele] “um ladrão dentro de casa” [11] [20].

Contudo, a CCB, no tempo presente, não só “entrou de cabeça” na INTERNET, fundando um site oficial, como também trouxe, pelo seu ancião presidente, Cláudio Marçola, em um culto on-line, uma nova “revelação” sobre a rede mundial de computadores, com as seguintes palavras:

“Irmão, Deus abriu uma porta muito maior ainda, de ter o culto pelo sistema on-line. Agora, os cultos são ministrados às quartas-feiras, às 15 horas, e são ministrados aos domingos, às 10 horas. Pra que esse culto? Algum diz: ‘Eu não creio, porque antes nós era contra a televisão!’. E agora? Agora você pode ver no celular, você pode ver na televisão. Você falava que aquilo era do maligno. E agora? O que tá passando lá? Não era um radicalismo lá trás? A pessoa quer falar de uma coisa e diz: ‘Isso é do maligno!’. É do maligno quem pega as coisas do maligno. Você vai no supermercado, ali tem soda, ali tem veneno pra rato, ali tem tudo. O que que você pega? A maizena, o óleo, o arrozinho, o feijão, o tempero. O carrinho tá na tua frente e a mercadoria também tá na tua frente. O que [é] que você carrega? Carrega veneno pra casa? Não! Pega só o que é bom pra família. A televisão mesma coisa, lá tem tudo o que quer. Quem quer pegar coisa mal, pega. Quem quer pegar uma notícia, uma informação, pega. Depende só de uma coisa: da cabeça de quem liga [a televisão]” [12].

Outra mudança doutrinária radical da CCB, que ocorreu na década passada, atingiu os Pontos de Fé e Doutrina da igreja, dentre os quais, o primeiro deles, que dizia que a Bíblia era a infalível Palavra de Deus. Segundo a “nova revelação”, recebida pelo ministério, do “alto dos céus”, a CCB passou a crer que a Bíblia não é mais a infalível Palavra de Deus, mas apenas a contém [10] [19]. ​​ 

Tais desvios doutrinários da CCB, contrárias aos próprios ensinamentos “revelados” aos antepassados, têm despertado a curiosidade de muitos estudiosos dos movimentos religiosos, acerca dos diversos aspectos que permeiam tal denominação cristã, dentre os quais, a sistemática adotada atualmente nas pregações da CCB, outrora, de cunho preponderantemente experimentalista, conforme explicitado anteriormente, nesta fundamentação teórica [7].

3 METODOLOGIA

Quanto à forma de abordagem, esta pesquisa utilizou o método quantitativo, valendo-se de um levantamento observacional descritivo, realizado da seguinte maneira:

  • Presencialmente, nos cultos das casas de oração da CCB, da região de Itapetininga – SP; e

  • Pela INTERNET, nos cultos on-line, disponibilizados pelo site oficial da CCB (https://www.congregacaocristanobrasil.org.br/) e pelo canal CCB ONLINE CCB AO VIVO (https://www.youtube.com/c/CULTOONLIN ECCBAOVIVO?app=desktop). ​​ 

O instrumento para a coleta de dados foi o relatório da Figura 1, aplicado no período de janeiro de 2021 a dezembro de 2022.

 

Figura 1 – RELATÓRIO

Quanto ao tópico “tipo de pregação”, do relatório supracitado, o pesquisador tinha, como opção, as classificações constantes no Quadro 1.

 

Quadro 1. TIPOS DE SERMÃO

TIPO DE SERMÃO

 

CENTRALIDADE

1.

Sermão temático

 

 

 

Sermão temático triunfalista

-

Antropocêntrico

2.

Sermão textual

 

 

 

Sermão textual triunfalista

-

Antropocêntrico

3.

Sermão expositivo

 

 

 

Sermão expositivo triunfalista

-

Antropocêntrico

 

Os cultos foram escolhidos aleatoriamente, sem uma ordem pré-estabelecida, tanto no que se refere aos cultos on-line, quanto nos cultos presenciais.

As mensagens proféticas, de cunho antropocêntrico (do tipo: “Deus te diz”, “Deus manda dizer”, “Eu farei tal coisa”, “Receba tal coisa”, “Haja isto”, etc.), foram classificadas como “triunfalistas” (centradas no homem), sejam elas pregações temáticos, textuais ou expositivos.

Os sermões feitos verso-a-verso (em perícopes), dentro de um mesmo capítulo, com ligeira ou nenhuma conexão entre eles, foram classificados respectivamente como textuais e temáticos, não sendo, portanto, considerados expositivos, por não preencherem os requisitos da exposição bíblica, descritos na introdução e fundamentação teórica deste estudo.

4 DESENVOLVIMENTO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Após análise de 120 cultos (106 on-line e 14 presenciais), os dados estatísticos encontrados na pesquisa foram os especificados na Tabela 1. ​​ 

 

TABELA 1 – TIPOS DE PREGAÇÃO

TIPO DE PREGAÇÃO

Nº DE CULTOS

PERCENTUAL

TEMÁTICA

NÃO TRIUNFALISTA

9

7%

TRIUNFALISTA

36

30%

Total

-

45

37%

TEXTUAL

NÃO TRIUNFALISTA

21

18%

TRIUNFALISTA

43

36%

Total

-

64

54%

EXPOSITIVA

NÃO TRIUNFALISTA

4

3%

TRIUNFALISTA

7

6%

Total

-

11

9%

 

 

No que se refere à centralidade da pregação (triunfalista e não triunfalista), as pregações apresentaram o percentual demonstrado na Tabela 2.

 

TABELA 2 – CENTRALIDADE DA PREGAÇÃO

TIPO DE PREGAÇÃO

Nº DE CULTOS

PERCENTUAL

TRIUNFALISTA

86

72%

NÃO TRIUNFALISTA

34

28%

Total

120

100%

 

 

4.1 ANÁLISE DOS TIPOS DE PREGAÇÃO

O percentual relativamente insignificante de pregações expositivas, encontrado neste estudo (apenas 9%), combinado com um alto grau de pregações temáticas (45%), sugerem o predomínio de um profundo caráter místico nas pregações dessa denominação religiosa, cujas consequências são assim descritas por Nascimento (2022), no artigo “A heresia do misticismo e a mudança da ceia da Congregação Cristã no Brasil”:

“O misticismo leva as pessoas a viverem em busca de experiências transcendentais, fenômenos milagrosos e revelações especiais, relegando o poder da palavra de Deus a segundo plano, como se Ela, por si só, não fosse suficiente para transformar e santificar o homem. Dessa forma, os sentimentos manifestados pelos místicos passam a ser autentificados como verdade espiritual, acima da própria Bíblia, mantendo-os no engano, bem como todos aqueles que estão cativos das suas experiências místicas. Outra perversidade de tal heresia é a destruição do discernimento de espírito, proveniente da falta do estímulo em pensar por si próprio. Isto é, os fiéis acabam não desenvolvendo a capacidade para comparar os ensinamentos ministrados nas pregações com aquilo que está escrito na Bíblia Sagrada, pois é mais cômodo ouvir mensagens celestiais, recebidas pelos “mestres” diretamente do céu, do que esforçar-se para aprender com a Palavra de Deus” [20].

 O alto percentual de pregações temáticas revela também que grande parte dos pregadores da CCB possuem pouca profundidade nas Escrituras Sagradas, visto que, tais sermões são próprios para iniciantes e exigem pouco conhecimento bíblico, o que acaba impactando negativamente na capacidade dos fiéis conhecerem e interpretarem corretamente os textos bíblicos.

É o que conclui o pastor Natanael Rinaldi, na matéria “A CCB segue a Bíblia?”, onde relata o uso equivocado da expressão bíblica “a letra mata e o espírito vivifica(2 Coríntios 3:6), por parte do ministério, com o objetivo de justificar a ordem dada aos membros para não estudarem a Palavra de Deus, nos seguintes termos:

Os adeptos da Congregação Cristã no Brasil (CCB) incorrem em grave erro por não conhecerem as Escrituras. O apóstolo está discutindo neste capítulo sobre as duas alianças, os dois ministérios: o da graça e o da lei dada por Moisés. Ele diz realmente que a letra mata, mas qual letra? Estaria o apóstolo ensinando com isso que não se deve estudar a Bíblia? Não ... Na lei de Moisés qualquer um que a infringisse morreria, ou seja, a letra da lei matava, condenava, julgava. Todavia, na dispensação da graça ou do Espírito, não há morte, mas vida. Cristo nos dá poder para vencer, o que a lei de Moisés não podia fazer. Se não podemos estudar a palavra de Deus (a letra), porque isso, segundo eles, seria lançar mão de obras da carne, perguntaríamos: Então por que os músicos estudam as letras das músicas? Não é o Espírito que ilumina na hora certa? A letra não mata? Na verdade, os membros da CCB conhecem muito mais seu hinário do que a Bíblia!” [41].

Sabe-se que, de uma forma geral, as seitas e religiões que negligenciam o estudo das Escrituras Sagradas usam algumas passagens bíblicas para justificar seus equívocos doutrinários, tal como ocorre com o seguinte ensino de Jesus: “Mas, quando vos entregarem, não vos dê cuidado como, ou o que haveis de falar, porque naquela mesma hora vos será ministrado o que haveis de dizer. Porque não sois vós quem falará, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós” (Mateus 10:19,20) [1] [30].

Contudo, a passagem bíblica em pauta (Mateus 10:19,20), salvo melhor juízo, parece não estar relacionada às pregações da Palavra de Deus nos CULTOS (grifo do autor), mas parece referir-se, tão somente, aos momentos em que o cristão é confrontado por alguma autoridade ou pessoas incrédulas, por causa da sua fé, com a promessa de receber, em tais situações, socorro do alto [31]. Além do mais, tal promessa de Jesus foi endereçada, primeiramente, aos apóstolos, os quais ainda não tinham, em mãos, o registro completo das Escrituras Sagradas e não podiam, portanto, examiná-Las (V.T. e N.T.).

Outrossim, segundo as palavras de Jesus, o Espírito Santo, citado em Mateus 10:19,20, guiaria os discípulos em toda verdade e os faria LEMBRAR (grifo do autor) de tudo que Ele os havia ensinado: Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome [Jesus], esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito” (João 14:26).  ​​​​ 

Dessa forma, parece mais apropriado entender que a ação do Espírito Santo, além de convencer o homem (do pecado, da justiça e do juízo), de glorificar a Deus, de distribuir os dons e de interceder pelos cristãos, é fazer com que os tais se lembrem dos feitos e ensinamentos de Jesus, ora registrados na Bíblia Sagrada [32].

Tirar um texto do seu contexto, criando uma doutrina não bíblica, parece ser o modus operandi adotado pela CCB, que, apostando unicamente no sobrenatural, possui um tópico de ensinamento, proibindo, de forma declarada, o estudo das Escrituras Sagradas, de acordo com o seguinte dizer:

“Há servos que interpretam como uma proibição de estudo a parte da palavra que diz: “e o muito estudar enfado é da carne.” - NÃO É PROIBIDO ESTUDAR. Nesta reunião é dado esclarecimento a todos: O QUE NÃO PODEMOS FAZER É ESTUDAR A PALAVRA DE DEUS. Quanto a estudar para ampliar os conhecimentos na parte material, em nossa profissão ou outras atividades, é coisa boa e proveitosa. Quem tem oportunidade de estudar, deve aproveitá-la. Atualmente, com o grande desenvolvimento de nossa Nação, o estudo tornou-se indispensável, tanto para a obtenção de colocações como para mantê-las e conservá-las. Portanto, que ninguém pregue conta o estudo. Deixemos a nossa mocidade e a irmandade em geral livre nesta parte. Mesmo que o irmão que estuda seja músico e falte nos cultos os dias da semana. Não o impeçamos de estudar. O que temos a fazer é aconselhá-lo a guardar-se no temor de Deus, não perdendo os cultos em dias em que não há aula. Quanto ao estudo de advocacia, não é conveniente para os irmãos do ministério” [11].

 

Portanto, nada, nas Escrituras Sagradas, parece embasar a proibição imposta pelo ministério da CCB aos membros, acerca do estudo da Palavra de Deus, algo que dificulta, inclusive, a habilidade dos pregadores em reproduzir fielmente aquilo que n’Ela está registrado, sem tirar nem acrescentar absolutamente nada [32]. Mesmo porque, os acréscimos às Escrituras são expressamente proibidos por Deus, com as seguintes palavras: Toda palavra de Deus é pura; ele é escudo para os que nele confiam. Nada acrescentes às suas palavras, para que não te repreenda, e sejas achado mentiroso” (Provérbios 30:5,6) [1].

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4.2 ANÁLISE DO CONTEÚDO DAS PREGAÇÕES

 Os dados obtidos neste estudo mostram que 86% das pregações na CCB são triunfalistas, ou seja, são pregações antropocêntricas, voltadas para a satisfação dos desejos e necessidades do cotidiano das pessoas.

Trata-se de um dado estatístico significativo e preocupante, no que se refere à qualidade das pregações da CCB, pois o apóstolo Paulo orientou a igreja que as pregações deveriam restringir-se àquilo que está registrado na Bíblia Sagrada e deveriam ter, como único assunto, Jesus Cristo, conforme mostram as seguintes passagens:

  • E eu, irmãos, apliquei estas coisas, por semelhança, a mim e a Apolo, por amor de vós; para que em nós aprendais a NÃO IR ALÉM DO QUE ESTÁ ESCRITO [grifo do autor]” (1 Coríntios 4:6) [1].

  • E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado” (1 Coríntios 2:1,2) [1].

Portanto, para o apóstolo Paulo, “ir além do que está escrito”, representava, entre outras coisas, abandonar a centralidade de Cristo nas reuniões e tornar as pregações antropocêntricas, isto é, centrada nas necessidades e anseios dos ouvintes, algo que, segundo Oliveira (2011), produz uma religiosidade superficial que sobrevive a base de trocas entre os fiéis e Deus, chamada, por ele, de “misticismo de resultados, com as seguintes características:

“O sagrado, então, se confunde com o profano no momento em que a própria religião, que deveria ser a guardiã do sagrado, passa a dar mais importância às necessidades e desejos triviais das pessoas, que agora moldam os modelos de práticas e discursos religiosos a serem oferecidos no mercado ... ​​ O ‘fiel-consumidor’ passa então a relacionar-se com Deus de forma exclusivamente utilitária, peregrinando de igreja em igreja em busca de satisfação pessoal, de solução para os seus problemas pessoais e materiais, de uma ‘experiência’ sobrenatural, ou de um ‘milagre’, pelos quais se paga (caro). E Deus, que nada tem a ver com essa ‘negociação’, ainda é ‘cobrado’ pela entrega do ‘produto comprado’. A vulgarização do sagrado é então mera consequência dessa cultura de consumo religioso. Com o mercado determinando a agenda das igrejas cristãs, não há interesse em ensinar nada a ninguém, acaba-se o exercício da apologia, esvaziam-se os credos doutrinários, e a leitura da Bíblia passa a ser intimista, intermitente e possivelmente rareada. Além disso, a importância do que está escrito cede lugar ao subjetivismo e ao sentimento individual de cada leitor e suas conveniências, em detrimento da interpretação e aplicação correta do Texto Sagrado” [39].  ​​​​ 

Para a CCB, no entanto, o conceito de Palavra de Deus é distinto do que afirma a Bíblia Sagrada, conforme deixou claro o ancião presidente da CCB, Cláudio Marçola, em um culto on-line, com as seguintes afirmações:

“Pela fé, ele [o fiel da CCB] sabe que a pregação da Palavra aqui [na CCB] não é a minha voz; é a voz de Deus no teu coração. Pela fé, o que você ouve aqui é de mim, mas no teu coração é de Deus. A minha palavra não tem virtude, mas a de Deus tem. Aquilo que falo, se vocês crer que é Deus falando, tem poder. Se todos acharem que é eu falando, tá vazio. Mas todos que acharem ‘Deus falou’, tem poder. A fé transforma o que não é, naquilo que é” [26].  ​​ ​​​​ 

Assim sendo, na CCB, o erro de “ir além do que está escrito” acaba por ser resolvido através das pregações centradas nos sentimentos e naquilo que vem na mente do pregador na hora do culto, em detrimento do que está escrito na Bíblia Sagrada, algo que, para o crítico da CCB Josafá Agra, na matéria “Marçola e o desprezo pela Palavra de Deus”, não passa de uma heresia diabólica, cujo objetivo é tirar a autoridade das Escrituras Sagradas, dando-a aos pregadores da CCB, como forma de manter os fiéis cativos dessa denominação religiosa [27].

Segundo o referido crítico, a concepção do ancião presidente, acima referenciada, abre porta para que as pregações na CCB sejam consideradas INFALÍVEIS (grifo do autor), transferindo a responsabilidade para quem ouve e não para quem prega, e isso, sob forte ameaça de que os membros não podem, em hipótese alguma, duvidar das palavras que saem dos púlpitos, sob pena de estarem lutando contra o próprio Deus. Tal crítica é ratificada pelo ancião presidente na mesma pregação, com as seguintes palavras:

“Olha a palavra! Não murmura contra a obra [a CCB] que você não fica nela. E Deus falou: ‘Desses pés que saíram do Egito, eu vou sepultá-los todos aqui. Ninguém vai chegar na terra prometida, a não ser Josué e Calebe. Os demais vai ser exterminado!’. Cuidado irmão, murmurar, falar, criticar, desprezar, ser contra, tem Deus na frente!” [26].

Ocorre que, no Capítulo 17, do livro de Atos dos Apóstolos, os habitantes de Beréia (os bereanos) são considerados mais nobres dos que os da cidade de Tessalônica, justamente porque puseram em suspeição as pregações do apóstolo Paulo, conferindo-as com as Escrituras Sagradas, o que acaba por deslegitimar tal ensino da CCB: Ora, estes [os bereanos] foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, ​​ examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim” (Atos 17:11) [1].

O pastor Sinval Teófilo da Silva, em seu livro “Os bereanos – a excelência de quem examina as escrituras”, reforça a ideia de que a referida orientação dada pelo ministro da CCB não encontra base bíblica, ao realizar as seguintes afirmações sobre o dever de analisar tudo o que é pregado nas igrejas:

"Estamos rodeados de falsos mestres que estão divulgando outro evangelho. Não podemos aceitar tudo como verdade, simplesmente porque alguém disse, ou porque está escrito em algum livro. Não podemos nos iludir com o costume das multidões que abraçam as novidades religiosas acreditando em tudo o que se ouve. Todos nós temos o direito e o dever de buscar nas escrituras a confirmação da verdade. Não se deixe levar pelo engano. Seja um bereano, examine as Escrituras” [36].

Dessa forma, o fato de 86% das pregações serem triunfalistas, parece indicar que os pregadores da CCB, em sua maioria, desprezam o cristocentrismo, não obedecendo, portanto, os ensinamentos do apóstolo Paulo, algo que é comprovado pelo crítico Josafá Agra, em um de seus vídeos, no qual um pregador da CCB afirma abertamente que as pregações baseadas em profecias acerca do cotidiano das pessoas é que são verdadeiramente bíblicas:

“Deus falou com você? Dá um glória a Deus! As profecias de Deus ainda estão em pé. Não podemos desprezar as profecias. Muitos falam de Jesus, Jesus, Jesus, Jesus [4x] ... vão abrir o culto: ‘glória a Jesus, Jesus, Jesus, Jesus, Jesus, Jesus, Jesus’[7x] ... todo dia de culto falam de Jesus que nasceu, que Jesus falou ... irmão, está escrito aqui: nós conhecemos Jesus por ter Ele em espírito em nosso coração. Deus precisa falar da nossa vida [2x], da nossa existência, do nosso dia a dia. Ele [Jesus] já caminhou no Calvário, já carregou Sua cruz, já venceu a morte. Nós ainda estamos caminhando ... muitos estão atravessando o Mar Vermelho agora, estão saindo do fogo do inferno, estão chegando na terra prometida ... precisamos viver, aprender, ser corrigidos e a profecia não é só [para] te prometer o bem, aplainar os caminhos, revelar o teu futuro ... é revelar os teus erros, tuas falhas, tuas dificuldades em servir a Deus ... a palavra profética até na repreensão ela é fé, ela é libertação, ela é remédio, ela é cura ... não é de hoje que estamos falando da profecia da Palavra de Deus ... a Palavra de Deus já está consolidada no ministério, na alma daquele que prega e daquele que ouve ... e se você é novo, dá um glória a Deus! Peça com entendimento e sabedoria, e mereça a palavra da profecia” [34].  ​​ ​​ ​​ ​​ ​​ ​​​​ 

Nas palavras de tal pregador, é possível notar um certo desprezo pelas pregações centradas em Jesus, sugerindo que não há necessidade de repetir o Seu nome, nem sua história, pois Jesus já estaria consolidado no coração do ministério e teria cumprido sua missão, restando, agora, a cada cristão, cumprir a sua [34].

Portanto, além dos conteúdos extrabíblicos (“ir além do que está escrito”), as pregações na CCB, via de regra, possuem forte caráter triunfalistas, isto é, são centradas no homem, unindo misticismo e triunfalismo [40], algo que tem se tornado comum em algumas denominações evangélicas, segundo o pastor Alex Esteves, na matéria “A síndrome de Camboriú” [37].

Conforme assegura o referido pastor, os pregadores místico-triunfalistas, por astúcia ou ignorância, acabam por somar a autoridade do Espírito Santo (que dizem guiá-los) com o abandono da mensagem da cruz, desarticulando, assim, as possíveis críticas às suas pregações, consideradas, pelos ouvintes, como reveladas por Deus [37].

Reconhecendo o caráter nefasto do triunfalismo, o pastor Hoffimann (2019) faz o seguinte apelo aos cristãos, no sentido de que abandonem tal heresia, que, na sua concepção, inundou e tem pervertido as pregações de grande parte das igrejas evangélicas:

“Convido todos os evangélicos a abandonar o triunfalismo, adotando uma teologia da precariedade: caminho da fraqueza, humildade, ignorância, resignação e desprendimento. Pensemos a comunhão com Cristo como uma jornada de santificação pessoal que implica os tremendos sofrimentos advindos do abandono dos desejos e concepções do velho homem (Ef. 4.22), e não nas benesses de um favorecimento da parte de Deus que nos permita obter exatamente as coisas de que deveríamos antes nos desapegar. Abandonemos os desejos carnais pelo dinheiro, pela saúde, por longevidade, cujo preço é a decrepitude. Sacrifiquemos nossa vida no altar divino (Rm. 12.1). Abandonemos o desejo carnal por sistemas de pensamento que nos deem falsa certeza e tranquilidade (2Co 10.4-5). Que nossas opiniões sejam manifestadas com singeleza e reconhecimento da nossa imperfeição intelectual (Cl 4.6). Ambicionemos apenas que Cristo seja conhecido pelo nosso viver (Gl. 2.20), ainda que saibamos desde já que também nisso fracassaremos, pois muitas vezes nossa carnalidade nos impedirá de exalar o bom perfume de Cristo (2Cr 2.14-17)” [14].

 Tal apelo parece ser bastante oportuno e adequado aos membros da CCB, incluindo o corpo ministerial, em virtude dos percentuais apresentados neste estudo, pois há um risco real de que as pregações místico-triunfalistas os torne “cristãos no discurso e ateus no mais profundo de seu íntimo” [43], levando-os a seguir as tendências da sociedade moderna de buscar somente as pregações que estimulam psicologicamente os ouvintes e afastar-se de algo que promova o confronto entre o que se diz e o que se faz, distanciando-se, cada vez mais, do padrão moral estabelecido pela única fonte de autoridade dos verdadeiros discípulos de Cristo: as Escrituras Sagradas [38].

 Quanto aos pregadores que ultrapassam o que está escrito na Bíblia Sagrada, em específico, há o risco de serem enquadrados na sentença dada por Deus àqueles que pregam outro Evangelho: “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema [maldito]” (Gálatas 1:8).

5 INDICAÇÃO DE TRABALHOS FUTUROS

Diante da relevância dos dados obtidos neste estudo, seria importante a realização de pesquisas que aprofundassem o tema, tais como:

  • Verificar o número de pregações cristocêntricas e antropocêntricas na CCB.

  • Comparar os tipos de sermão entre igrejas evangélicas históricas, pentecostais clássicas e neopentecostais.

  • Realizar estudos de caso com os fiéis e com pregadores da CCB para conhecer suas visões acerca das pregações (quais são consideradas vindas de Deus e quais não são; porque pensam desta ou daquela maneira; etc.).

  • Comparar as pregações para adultos com as pregações para jovens na CCB.

 

6CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando o conjunto de informações apresentados ao longo deste estudo científico, bem como os dados obtidos na análise dos cultos da CCB, é possível constatar que as linhas de pregação majoritárias nessa denominação religiosa são a textual triunfalista (36%) a temática triunfalista (30%), as quais, via de regra, tendem a ter, por base, os sentimentos e as experiências vividas pelos pregadores [4] [44]. Em contrapartida, apenas 9% dos sermões são expositivas (11 sermões), dos quais, mais da metade são triunfalistas (7), ou seja, 92% dos sermões correm o risco de apresentar artificialidade em seu conteúdo (impressões e sentimentos pessoais dos pregadores).

Dessa forma, é possível concluir que os sermões dessa igreja continuam sendo experiencialistas (místicos), como no princípio dessa denominação, não havendo, portanto, uma preocupação, por parte do ministério da CCB, em pregar expositivamente, algo que levaria os ouvintes a desfrutarem de maior conteúdo bíblico, aumentando suas capacidades de conhecer e interpretar corretamente as Escrituras Sagradas [4].

Em consequência, os membros dessa igreja encontram-se mais susceptíveis às tendências da sociedade moderna de buscar somente as pregações que estimulam psicologicamente os ouvintes e afastar-se daquelas que promovam o confronto entre o discurso e a prática, dificultando, assim, o arrependimento das obras mortas, a confissão dos pecados e a conversão dos maus caminhos [38] [44].

 

7PERFIL DO AUTOR

Doutor e Mestre em Teologia, pela Universidade da Bíblia - São Paulo. Mestre em Treino Desportivo, pela Escola Superior de Desporto e Lazer – Melgaço, Portugal. Teólogo, pela Faculdade Teológica Betesda – Jundiaí - SP. Pós-graduado em Ciências da Religião, pelo Instituto Aliança de Linguística, Teologia e Humanidades (IALTH) – Recife – PE. Licenciado em Filosofia, pelo IALTH – Recife – PE. Bacharel em Administração de Empresas, pela Universidade Mackenzie – SP. Autor do livro: “Santíssima Trindade: quase dois mil anos de engano religioso”.

 

 

 

 

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